Let´s Go!

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17.3.12

Interpretar é para os fortes!

Como dei aula de teatro uns vinte anos nesta vida posso dizer que atuar não é para todos, não basta querer, tem de treinar, e muito.
Selecionei algumas cenas que valem a pena seres assistidas, de atores em seu momento de glória, mostrando para todo mundo como são ruins. Boa diversão!


Preste atenção na tentativa de diálogo, na maneira sutil de largar a arma, e no olhar trágico ao se despedir da vida. Coisa fina! 


Seria impossível falar de atuação sem citar o William Shatner, que é um dos menos talentosos atores a sobreviverem em Hollywood. Esta cena de luta do seriado Star Trek dá uma noção do talento do rapaz. 


Já no próximo filme o pessoal que postou chama a atenção para a péssima interpretação da velhinha que vê o Schwarzenegger em sua primeira aparição em filmes, em 1969. Eu peço que observem como o Schwarzenegger é ruim mesmo numa cena onde ele aparece por menos de um segundo. Veja!

Já os filmes de Kung Fu têm sua graça, acho que são filmados muito rápido, sem dinheiro e também os caras devem pensar que ninguém está lá para ver uma bela interpretação dramática. Morrer bem é uma arte, mas não no caso a seguir...

Para terminar, um belo filme de guerra, com uma sequência de tragédias que força tanto a barra que vai ficando cada vez mais divertido. E é em preto e branco, com gente falando em alemão, dá aquela sensação de estar vendo um filme Cult, mas não dá para resistir às más interpretações... (minha preferida é a cena da bazuca)

E para terminar um ótimo filme de 5 segundos sobre figurantes, um dos grandes problemas do cinema!

Sobre a impossibilidade de peidar em cima de uma moto

A motocicleta de passeio oferece grande liberdade para quem anda, mas gera algumas restrições. A que considero pior (depois obviamente do perigo de um acidente com um carro) é a impossibilidade absoluta de liberar os gases enquanto está dirigindo.
O motorista que anda num carro sempre está tranquilão. Tira catota do nariz, tira sujeira do dente, limpa a ramela dos olhos e peida à vontade, sem medo de ser feliz. Basta abrir a janela e pronto!
Quando passamos de moto ao lado dos carros sentimos o poder da flatulência nos carros, o pessoal não se intimida, manda bala mesmo.
Tenho inclusive reparado que existe um batalhão de gente fumando maconha e dirigindo. A maresia é braba, e nós, os motoqueiros, sentimos todos os odores que saem dos carros (além de uma fumaça infernal).
Mas o pobre do motoqueiro nem peidar pode. A moto não tem uma ergonomia compatível com o intestino, esta é a verdade. A posição de quem dirige moto de passeio é praticamente um lacre intestinal. Se quer se aliviar, tem de levantar da moto. Esta é uma imagem que você observa de vez em quando. Repare: Se o motociclista deu uma levantadinha sem razão aparente, é bufa na certa!


Já o motociclista que dirige motos esportivas é um felizardo. Se por um lado fica todo torto, parecendo um corcunda, do ponto de vista flatulento é uma posição incrível, que ajuda até a acelerar a trajetória do bólido.


A grande questão é: Ficar todo encurvado e preferir as motos esportivas ou sair com as motos de passeio e scooters e simplesmente ficar entalado? A vida é uma grande encruzilhada...

15.3.12

Há pouco o que fazer com a infelicidade dos outros

Parece fatalismo, mas não é.  O que podemos fazer pelos outros é muito pouco.
Não adianta dar atenção, tratar com carinho, sorrir, fazer agrados, ser gentil. Isto só dá certo se já existe na pessoa a disponibilidade de receber esta atenção. Há pessoas que não ativaram este botão, e que sofrem sem saber por que estão sofrendo.
Não quer dizer que você não deva fazer tudo isto. Faça! Mime as pessoas queridas, dê atenção, carinho, mas não espere que isto vá gerar algum resultado, pois possivelmente não vai gerar.


Precisamos aprender a oferecer afeto sem gerar nada em troca, o que em muitas situações parece impossível.
É necessário lutar contra uma prepotência que temos, parte inflada pelo ego, parte estimulada pela lógica "ação-reação" (se eu faço o bem para alguém ele necessariamente irá se sentir ou ficar bem).


No fundo o grande desafio é a prática do desapego. Conseguir oferecer o afeto sem esperar nada em troca, nem para você nem para a outra pessoa. Muitas vezes falamos do desapego e associamos com o desapego pessoal, aquele que faz que você não espere nada para você do que fez, mas é bom lembrar que é necessário se desapegar inclusive de que seu sentimento vá gerar algo no outro.


Temos inúmeros ditados que vão contra este pensamento, acho que o principal é "Não adianta jogar pérolas aos porcos", como se fosse preciso selecionar a quem dirigir o afeto. Eu mesmo penso muitas vezes assim, já que é uma chatice ser gentil com quem te trata mal, ser afetuoso com quem está azedo. Mas, se pararmos para pensar, o que interessa mesmo? Ser afetuoso ou gerar algum resultado com o afeto? É uma troca o que você espera? Então é melhor definir qual tipo de troca está esperando e qual a moeda que vai utilizar. Mais do que isto, é bom também definir o quanto vale a sua moeda. Um "bom dia" vale um sorriso? Se não receber "sorriso" de volta não dá mais "bom dia"?


Se soubermos gerenciar a frustração e a expectativa da sensação de gratuidade, é possível ter uma relação afetuosa com o mundo. Mas não espere que isto vá gerar nada, é só pelo afeto mesmo.

14.3.12

A 3a Guerra Mundial será na África? (Uma reflexão pós KONY 2012)

Esta semana vi o belo filme Kony 2012, onde um  americano propõe expor ao máximo a figura de Kony, um rebelde de Uganda que sequestra e maltrata crianças para criar um exército próprio (já faz isto há décadas). Com isto o cineasta pretende fazer com que este problema se torne visível, sensibilizando a população e as autoridades mundiais para tentar parar com esta prática.
A ação e a ideia são muito positivas, apesar de exalarem um certo messianismo, mas nada contra. E o filme é belo, triste e emocionante.


Por outro lado acompanhamos um crescente expansionismo da China no território africano. Empresas chinesas estão envolvidas em projetos de infraestrutura em diversas regiões da África. A China percebeu a oportunidade e está exportando sua capacidade e seu baixo custo para literalmente "pavimentar" o desenvolvimento africano.


Que a África precisa de ajuda humanitária e de infraestrutura ninguém duvida, mas o que acontecerá quando estes dois modelos mentais entrarem em conflito naquele continente? Pelo que me parece os chineses não aparentam muita preocupação com o indivíduo, mas sim com o coletivo, ou macro-coletivo (um ideal ou ideia por trás de massas humanas implantando este ideal). O governo chinês nunca demonstrou muita preocupação humanitária em relação aos próprios chineses (conceitos como direitos humanos e trabalhistas são bem diferentes na China, ao que parece). Não imagino que ele teria este tipo de preocupação em relação a outros povos. Assim, é possível que ao construir esta infraestrutura necessária ao povo africano as empresas chinesas gerem situações delicadas nestes aspectos em relação aos africanos nelas envolvidos, funcionários, comunidade, etc.


Numa situação desta, agora os vilões não seriam mais os próprios africanos, mas sim os chineses, e como reagiria o messianismo americano quando as estatais chinesas forem as culpadas por situações de miséria ou exploração de um povo já sofrido?


Não digo que isto esteja acontecendo ou que vá necessariamente acontecer, mas se a postura salvacionista americana cruzar com o expansionismo coletivo chinês na África talvez vejamos um conflito de grande ordem por lá. Honestamente espero que isto não aconteça, mas é algo para se pensar.

12.3.12

Facebook é o delírio coletivo

Carros lindos e potentes, vídeos de festas maravilhosas, sentimentos profundos e nobres.
O Facebook é hoje a representação do delírio das pessoas. Neste sentido ele é muito mais do que o Second Life, que ainda têm desafios gráficos a serem transpostos para poder representar o mundo ideal. Hoje o mundo ideal é o Facebook.
Há muito de sórdido e banal também eu sei, mas é como se fosse um dos círculos internos desta grande fantasia. Mas existe, sem sombra de dúvida uma projeção das pessoas querendo simular o que queriam ser, ter, como queriam estar conectadas umas às outras e com as divindades contemporâneas, em especial Gaia, nosso grande arquétipo místico do século XXI.
Até o Muro das Lamentações (Afetivas, Profissionais e Políticas) que aparece vez em quando em nossa timeline é um grande delírio: Como se o resmungo pudesse melhorar relações amorosas, consertar as relações de trabalho ou derrubar modelos centenários de poder no país e no mundo.
Durante uma de minhas corridas no centro de SP comentei com o Ricardo, brother de coração e atual colega de correria, que o fato de estarmos correndo e as pessoas ao redor olharem (somos as únicas pessoas correndo nesta região, acreditem) geraria mais reflexão do que se fizéssemos milhares de pessoas participarem de um grupo no Facebook estimulando a ginástica.
Esta hipertrofia do desejo que o mundo virtual traz gera riscos, em especial a possibilidade de insatisfação absoluta com o Real. Nenhum carro será tão potente, nenhum amor tão maravilhoso, nenhuma causa tão nobre.
Esta virtualização dos sentimentos e expectativas é para o mundo das relações a mesma coisa que a Pornografia é para o Sexo: Altamente estimulante, absolutamente dirigida (segmentada pelo indivíduo, visando uma prática solitária, mesmo quando acompanhada), orientadora do desejo e frustrante, pois nunca a sexualidade se manifestará como ela acontece nos filmes.
As redes sociais hoje criam uma expectativa que nunca se cumprirá na vida real. Você está preparado para esta grande frustração?


Lembrando obviamente do Baudrillard e sua teoria pós-orgia em A Transparência do Mal, que por sinal recomendo.

11.3.12

Conhece a história de um cachorro de rua?

Nos últimos anos tive a oportunidade de conhecer muita gente, e, em especial, um cachorro. Ele mora na rua, tem porte de Pastor Alemão, mas é legítimo Vira-Lata.
Ele morava num cortiço na Avenida Liberdade, perto da praça. Pois um dia este cortiço pegou fogo (até saiu na televisão) e o cachorro foi morar na frente de um prédio abandonado, cem metros do cortiço.
O prédio abandonado acabou virando uma loja, Casas Bahia. Antes era uma ocupação do Movimento dos Sem Teto, que vendia produtos para apoiar a causa. E o cachorro dormia entre os produtos.
Quando o MST saiu as Casas Bahia entraram. E o cachorro continuou lá. Dentro da loja. Até botaram um papelão para ele dormir, entre uma TV de Plasma e um armário Sakai.
Acompanhei a chegada de outros cachorros na região. No terreno do cortiço criaram um estacionamento, e vários cachorros se conheceram por lá.
O pessoal do ponto de táxi sempre levou comida para eles, em especial um taxista barrigudo. Uma velhinha japonesa cuidava da água, e a cachorrada continuava.
Nesta semana passei na Liberdade e encontrei meu amigo cachorro tirando uma bela soneca em frente a outra loja, com expressão tranquila e curtindo sua velhice.
Uma pena que as pessoas não reparem no cotidiano, no cachorro da praça, na velhinha japonesa, no taxista barrigudo. Aprenderiam um monte.