Let´s Go!

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21.12.12

Você sabe o que quer de quem você gosta?


Esta semana cheguei a uma conclusão simples, mas que acho importante para refletir sobre o que esperamos dos outros.

Existem inúmeras variáveis relacionadas ao nosso afeto, mas algumas fazem parte do Universo Adulto com mais frequência. Entenda Universo Adulto como aquele em que temos consciência de que não podemos ter tudo aquilo que desejamos, aquele onde temos de negociar com o outro, pois reconhecemos que o outro não é uma projeção de nossos desejos, mas sim outra entidade, que também busca suas coisas nesta vida. Se não há reconhecimento do outro enquanto outro, mas sim enquanto projeção de nossos desejos, não estamos nos relacionando com ele, mas sim com nossas expectativas em relação a ele, ou seja, não há o outro.

Numa relação podemos listar três variáveis fundamentais: O Sujeito (Quem), a Ação (O Que) e o Tempo (Quando). Para exemplificar: Desejo que Maria (O Sujeito) Faça Massagem em Mim (Ação) Todos os Dias (Tempo).

Qual dos três elementos é mais relevante para você? Maria, Massagem ou Todos os Dias? É importante definir para poder entender o que realmente deseja. A relevância vai determinar o que você procura.
Se para você a relevância é Maria, tem de entender que as outras duas variáveis podem ser negociadas. Pode ser que Maria não saiba fazer Massagem, ou que não queira fazer Todos os Dias. Talvez o resultado seja aproximado do que queria, mas nem sempre absolutamente igual ao esperado. Talvez Maria possa fazer Carinho Todos os Dias, ou Maria Faça Massagem De vez em Quando.
Se a relevância é Todos os Dias, talvez não seja necessária Maria, qualquer pessoa sirva, contanto que seja Todos os Dias. Se a relevância é Massagem, talvez nem seja Maria nem Todos os Dias.

Se você quer massagem, talvez seja necessário desvincular seu desejo de que Maria a faça. Esperar que Maria faça a Massagem pode gerar um transtorno na relação com Maria. Procure alguém que faça Massagem e aceite que Maria não pode te oferecer isto. Se sua relação com Maria depende disto, talvez seja melhor repensar sua relação. Mas se não depende disto e há outras coisas importantes associadas a Maria, não espere que ela satisfaça seu desejo. Vai surgir uma tensão entre vocês, pois você espera algo dela que na verdade não é dela, mas sim algo que está dentro de você.

Você realmente gosta de Massagem? Talvez Maria não. Então por que ficar frustrado com Maria? Por que culpa-la por isto? Por que entrar em conflito por isto?

Não dá para negar que existem questões morais que impedem algumas Ações (Quero que Maria Mate seu Pai Hoje), mas a equação funciona em muitas situações do cotidiano das relações interpessoais, e vale a pena pensar nela antes de jogar toda a responsabilidade na Maria pelo fato de ela não querer fazer massagem em você. Isto é um problema mais seu do que dela...

14.12.12

Cultura, Futebol e O Público e O Privado


Durante a apresentação de Ballet Clássico de minha filha Isabel uma mulher começou a gritar:
 "Vai Cíntia!!!"

A voz grossa e alta ecoou pelo teatro algumas vezes, e as quinhentas pessoas que assistiam foram brindadas com a efusiva mensagem.


Num primeiro momento achei (de verdade) que a infeliz tinha gritado "Vai Corinthians!!!", mas depois percebi que ela gritava o nome da amiga, com o mesmo tom que o grito da torcida corintiana. Mas dentro de um teatro, durante o Ballet Clássico...

Duas constatações:


Primeira
Da mesma maneira que a cultura elitizada (livros, dança clássica, teatro, museus, etc.) absorveu a cultura da periferia (grafiti, rap, street, etc.), seria interessante que o processo também acontecesse no sentido contrário. Nada contra expressar a emoção ao ver a amiga dançando, mas gritar no meio da apresentação é totalmente inconveniente e inadequado.
Este fenômeno também está associado à questão do espaço Público e do Privado. Como podemos ver também nos cinemas, as pessoas não diferenciam mais estas duas esferas. O ambiente público é tratado como a sala de casa, e as pessoas conversam nos cinemas como se estivessem assistindo DVD no sofá.
É bom lembrar que cada espaço têm seu jeito de ser, seus protocolos, e eles devem ser respeitados para uma melhor fruição daquilo que estamos assistindo. 


Segunda
Fico extasiado com o amor que as pessoas têm pelos times de futebol, e como transformam um esporte em algo verdadeiramente significativo nas suas vidas.
No caso da amiga gritando no meio do espetáculo, a cultura popular entranhou até na maneira dela se manifestar, semelhante aos gritos de torcida de futebol.

Esta semana vimos três grandes manifestações disto. Os corintianos, que no Brasil soltaram rojões a noite inteira antes de um jogo no Japão (além do monte de gente que vendeu tudo para acompanhar o jogo do outro lado do mundo), os palmeirenses que louvaram num jogo simbólico o seu goleiro amado, e os são-paulinos indo ao delírio por ganhar um jogo onde o time adversário simplesmente abandonou o jogo antes de terminar.
E eu fico pensando: Que inveja desta gente! Eu olho para o futebol e não tenho nenhum apego, para mim não faz nenhum sentido. Como seria bom que minha alegria fosse ditada por um fenômeno esportivo, e que minha personalidade fosse moldada como nos horóscopos, e se eu fosse corintiano seria de um jeito, se fosse palmeirense seria de outro jeito...

Mas não consigo ser assim. Tem um lado Woody Allen dentro de mim que pensa na infinitude do universo e dos bilhões de galáxias explodindo em direção ao nada enquanto os torcedores debatem se foi escanteio ou não. Deve ser muito bom ter uma vida definida por padrões assim, e estou falando sério. É chato demais pensar nas agruras da vida, no que podemos mudar em nosso comportamento, na existência como um todo...
Acho que bateu em mim um momento Cypher, aquele personagem que quer voltar para a Matrix, esquecer o horror que é a realidade, e simplesmente comer um bife suculento sem precisar pensar em nada...

10.12.12

Considerações sobre um ensaio de Ballet

Assistindo o ensaio de Ballet Clássico de minha filha fiquei pensando: Como é intrigante esta coisa da dança, das pessoas tentarem o impossível.
Uma das regras básicas da vida é aceitar a força da gravidade. Quando jogamos coisas para o alto, elas caem. E quando pulamos, voltamos depois de um certo tempo para o chão.

Curiosamente o Ballet Clássico tenta contrariar esta regra básica. Os bailarinos ficam na ponta dos pés, tentam alçar vôo. Aí me perguntei: Será que eles não sabem que por mais que tentem a lei da gravidade ainda vai puxa-los para baixo? Por que esta insistência em tentar algo que não vai conseguir? Algo impossível?

E aí me dei conta que fazemos este tipo de coisa o tempo todo. Que não nos contentamos com o que temos, com a vida que vivemos, e por mais que saibamos que existem coisas impossíveis, vamos lá, tentamos o impossível. Só que no Ballet há uma luta contra algo visivelmente inatingível.

Não sei se algum filósofo já refletiu sobre o patético, mas acredito que é algo a ser investigado filosoficamente... Mas sei que a Arte trata do assunto, e para mim a primeira pessoa que vem na cabeça é o Kazuo Ohno, e seu Butoh. Há algo de patético e frágil na existência. É diferente da Tragédia Grega, que é bela quando trata da impossibilidade de fugir de seu próprio destino. Se na Tragédia a orientação da vida, para onde nos destinamos, é o grande tema, nossa trajetória, independentemente para onde vamos, têm algo de patético.

Platão conta em algum de seus livros a história de um belo e forte guerreiro de Atenas que vai para a guerra no anseio de morrer belo e jovem, em combate. E quando chega lá, é acometido de uma diarréia que impede que ele lute, e ele é obrigado a voltar, todo borrado, para casa. E esta seria uma grande humilhação, ele fora traído pela sua condição humana.

Este tipo de coisa acontece o tempo todo no nosso dia-a-dia. Somos confrontados com nossas limitações, com nossas fragilidades, enquanto tentamos parecer grandiosos, inatingíveis ou superiores.

Assumir a impossibilidade de nossos objetivos, ou assumir o quanto agimos de forma débil e errática nos faz lembrar que somos humanos, que não nos foi dada a possibilidade de sermos como os deuses.

 É na tentativa de voarmos mesmo sabendo que não temos asas que nossa complexidade existencial se revela, de forma sublime e ridícula ao mesmo tempo.

29.11.12

A Morte de um ex Bóia Fria

Para quem não sabe, Bóia Fria é o nome dado ao trabalhador rural que sai de casa muito cedo, vai trabalhar na lavoura por um salário muito baixo e leva uma marmita que não tem onde esquentar.


Se você acha que estou falando que o Lula morreu, errou. É sobre o Joelmir Beting, um dos mais respeitados jornalistas das últimas décadas. E o Lula nunca foi Bóia Fria, imigrou do nordeste e foi vendedor de picolé na praia, para ser mais preciso.

Depois de muito batalhar na lavoura conseguiu estudar, entrou na USP (não me lembro se em Economia ou Sociais) e depois seguiu carreira em jornalismo, e assim foram 55 anos na área.

Sempre admirei o Joelmir Beting, jornalista extremamente elegante, polido, muito bem informado, com uma das ironias mais refinadas que já pude ver. Ele definitivamente sabia do que estava falando, e acho que é isto que mais me chamava a atenção nele.

Estamos num mundo onde a grande maioria das pessoas não sabe do que está falando, fala por replicar o que os outros falam, ou por convicções e opiniões, vivemos num mundo opinativo e superficial no geral. Quando encontramos alguém que sabe o que está falando, muitas vezes é um acadêmico, com todo o ranço empolado e vaidoso de seu conhecimento. E este definitivamente não era o caso do Joelmir Beting.

Meus avós eram fãs dele, assistiam aos jornais que ele apresentava e ele servia de parâmetro para saberem o quanto os outros jornais eram tendenciosos.

Sua figura pública foi construída pelo valor que deu ao que buscou, ao que correu atrás. Se me dissessem que ele era um príncipe europeu que tinha estudado em Harvard eu acreditaria. Sua origem (ou a narrativa ficcional existencial que criamos para justificar nosso comportamento) não faz diferença.


Gozado me lembrar daquela famosa frase da peça "O Violinista no Telhado", quando o pai está em cima da casa, conversando com Deus. Ele diz: " Deus, sei que ser pobre não é vergonha para ninguém, mas, cá entre nós, não é nenhum motivo de orgulho..."

Hoje, ser pobre (de espírito, de conhecimento, de valores, etc etc) virou motivo de orgulho. E por isto que um cara como o Joelmir Beting vai fazer falta.

26.11.12

É possível sumir?

De vez em quando dá uma vontade de sumir... Mas será que é possível simplesmente desaparecer?
Os números variam, mas muitas pessoas somem sem deixar rastros todos os dias. Numa matéria de jornal o número é de onze por dia só no Estado de São Paulo. Mas estes números incluem pessoas que foram sequestradas e mortas. O que estamos falando aqui é de pessoas que desistem da vida que levavam e tentam desaparecer, reinventar sua vida.

O caso mais recente é do cantor Belchior, que um dia largou o carro no aeroporto e não deu mais sinal de vida. Foi encontrado pela mídia no Uruguai, e agora dizem que está devendo dinheiro para hotéis daquele país.

Acho que sonhar com sumir não é anormal, mas realizar esta vontade deve ser para poucos. Do ponto de vista da dificuldade e do total desenraizamento daquilo que foi construído até aquele momento da vida.

As poucas entrevistas que li com pessoas que resolveram desaparecer não dão grandes explicações. Imaginamos estas pessoas com problemas sérios, ameaçadas, tensão. Mas o que elas relatam é algo mais subjetivo, sem grandes explicações. Há algo dentro delas que faz com que decidam ir embora, largar tudo.

Minha experiência pessoal com isto foi bastante dura. Um dia ouvi de meu pai que tinha sido tão difícil gerenciar a situação da separação com minha mãe que ele decidiu num determinado momento que não tinha mais filhos, e foi viver a sua vida. Naquele dia andei uns dez quilômetros para poder digerir a frase. Posso dizer que entendo o que as pessoas sentem quando um parente resolve desaparecer. Mas não culpo ninguém de desejar isto.

Curiosamente podemos reinventar nossas vidas a cada dia, não há nada que nos impeça de simplesmente mudar, rever aquilo que acreditamos e fazemos, reinventar nossos relacionamentos, tudo. Sabemos que podemos fazer isto, mas o mundo que está construído ao nosso redor parece muito mais poderoso do que nossa existência. E moldamos nossa vida ao mundo. Fica uma sensação de não-plenitude do viver.
Será que sumir resolveria? Não tenho muita certeza. Me lembro imediatamente de um ótimo trecho do livro A Arte de Viajar do Alain de Botton onde ele resolve sair de férias para esquecer de tudo ao seu redor e quando chega ao local paradisíaco que escolheu percebe quetodas as suas preocupações foram junto dele. Não dá para tirarmos férias de nós mesmos...


23.11.12

Estamos realmente vivendo uma época mais violenta?

Uma notícia triste: Jovem religiosa e de um grupo contra a violência é morta em chacina.
Odeio ver este tipo de coisa na mídia, pois dá um certo desânimo, parece que a luta por uma cidade mais civilizada está fadada ao fracasso. Parece que a banda podre da polícia e a bandidagem estão ganhando esta guerra que para o cidadão comum não faz sentido, ele só quer viver sua vida em paz, enquanto outros grupos estariam tomando o controle da situação.

Mas há uma outra possibilidade de interpretação do que está acontecendo, e é sobre isto que gostaria de refletir.
Já faz algum tempo que alguns observadores estão alertando: A violência que estamos vendo na TV não é necessariamente associada às facções criminosas, ou o crime organizado. Estão colocando todos os fatos dentro de uma só gaveta, como se a violência em SP fosse toda associada a um só fator ou fato.

Esta maneira de pensar têm suas origens. Pensamos de maneira linear, necessitamos criar um sentido, criar histórias. Não aceitamos o acaso, o aleatório. Precisamos fazer com que todas as coisas se conectem, façam um sentido juntas. E nem sempre este raciocínio é correto, ele muitas vezes pode ser ilusório.

A reação natural ao lermos a infeliz notícia desta jovem é acharmos que ela foi assassinada por ser uma defensora da paz, mas existem tantos outros fatores que podem ter gerado esta tragédia. Ela poderia estar no lugar errado, na hora errada, acompanhada de gente que era visada, ou nenhuma destas possibilidades.

Outro fator é o interesse que a própria mídia têm de alimentar estas histórias, eles querem vender notícias. Se querem chamar a atenção e as pessoas estão atentas à determinados fatores, a notícia vai acabar sendo tendenciosa para ser mais bem recebida.

Estas complexidades acabam sendo deixadas de lado, e acabamos simplesmente tirando conclusões errôneas. E acreditamos nelas.

21.11.12

A Curva da Felicidade dos Humanos e Primatas

Há um certo tempo os pesquisadores têm reparado que no decorrer da vida temos ciclos básicos de felicidade. O que se sabe é que somos mais felizes no começo e no fim da vida, mas existe um buraco de felicidade no meio da vida, que é chamado de "Crise da Meia Idade". 
Ela acontece a partir dos 40 anos, e uma reflexão menos positiva da vida acaba atingindo um número respeitável de pessoas. Quem somos, para onde vamos, o que fizemos de nossas vidas, o que o futuro nos reserva, como trabalhar com a perda e a morte... O repertório de angústias não termina.
O que é novo é saber que isto acontece também com outros grandes primatas. Gorilas e chimpanzés também passam por isto. O que acaba colocando em xeque a ideia que seja algo cultural, provavelmente têm raízes evolutivas, apesar de ainda não sabermos quais nem as razões delas.
Leia a matéria completa neste link

16.11.12

Como reconhecer expressões depois do Botox?

Para quem não sabe, o Botox nada mais é que o bom e velho Botulismo (toxina botulínica), versão light. Como o botulismo gera enrijecimento dos músculos, passou a ser utilizado para eliminar rugas de "expressão". Mas sem expressão, como saber o que as pessoas estão sentindo?
Algumas mulheres que abusaram do Botox tiveram problemas por causa disto, dizem que ao perderem os traços expressivos acabaram tendo dificuldades nos relacionamentos. Não conseguem mais que os outros entendam seus sentimentos...

Pornografia e Religião - Não sabemos trabalhar com o Desejo


Acho que todo mundo já devia desconfiar, mas vale o resultado da pesquisa: Em alguns países islâmicos como Egito e Tunísia, há grande procura por sites pornográficos a ponto de estarem entre os 25 mais visitados destes países. Não é pouca coisa,e diz muito sobre o comportamento humano.


Já estamos acostumados a ver o impacto do comportamento sexual na vida de famosos nos Estados Unidos e Europa. De Tiger Woods a Strauss-Kahn,  a sexualidade se estranha com a sociedade. Um escândalo sexual pode comprometer a imagem de uma pessoa da mesma maneira que pode promovê-la. Não há uma regra muito clara, espero poder compreender melhor e escrever em outro momento sobre o assunto.

Mas os países islâmicos, que interessante, né? Tanto julgamento moral da sociedade ocidental, tanta crítica ao modelo ocidental de vida, tanta pregação por um comportamento mais moralmente orientado, e mesmo assim a pornografia sendo acessada intensamente.

Não estou julgando este comportamento, muito pelo contrário, acho realmente instigante pensar sobre isto. 
Estou num ponto - da vida ou do pensamento - em que evito julgar. Não cabe a mim isto, cabe a cada um e suas orientações sociais, religiosas, ideológicas... Admito cada vez mais o lema "Viva e Deixe Viver", e só. Apesar de perceber que a cada dia mais pessoas se sentem no direito de julgar o comportamento dos outros, o universo digital amplificou este comportamento dos pequenos vilarejos.


Talvez a sociedade ocidental seja realmente uma praga (acredito que esta deva ser a resposta padrão que os islâmicos darão depois de terem sidos pegos no escurinho olhando sacanagem pela Internet). "Não foi culpa minha, o mundo é que me corrompeu". Na verdade o "mundo dos outros", os malvados e pervertidos ocidentais.
Mas no escurinho eles continuarão a acessar pornografia enquanto puderem, e nesta mesma penumbra, eles precisarão admitir para si mesmos que não há culpa, há apenas o desejo. E que a sociedade, qualquer uma delas, não sabe trabalhar com o desejo. Ora estimula, ora pune.

PS - Aceito dicas de pensadores e filósofos que discutiram a questão do desejo, quero ampliar minha reflexão sobre o assunto. Por enquanto estou com o Baudrillard, mas quero conhecer outras vertentes.

13.11.12

Intolerância e Identidade

Não há uma só razão para a intolerância, elas são várias.  Há razões ligadas às relações pessoais e às relações sociais, o que já gera um grande leque de variáveis. Mas podemos perceber que as intolerâncias sociais (de credo, etnia, gênero, status social, etc) incidem nas relações pessoais. Assim, o meu credo pode gerar intolerância não ao credo do meu vizinho, mas sim ao vizinho enquanto ser humano. Sempre a intolerância é em relação a pessoas, é deflagrada por ideias e conceitos, mas se manifesta nas relações.
Curiosamente, é um processo de coisificação, a pessoa que não é tolerada deixa de ser pessoa, passa a ser coisa, perde sua humanidade, suas múltiplas dimensões, para se restringir apenas ao objeto da intolerância. Um bom exemplo disto são as inúmeras mensagens de ódio às pessoas encarceradas nas prisões. A partir do momento que você infringiu algum código da sociedade que te levou para a prisão, você não é mais um ser humano, você é um bandido, e bandidos não merecem ter Direitos Humanos, eles não são mais humanos, são apenas bandidos.
É um processo de simplificação que permite que nossa intolerância se manifeste com toda sua crueza (da mesma maneira que acontece quando o "bandido" olha para você na rua e enxerga apenas sua bolsa com dinheiro, esquecendo ou ignorando sua humanidade, suas dificuldades, etc)

Em Manaus, um grupo de alunos evangélicos se recusou a fazer um trabalho escolar sobre a cultura afro-brasileira, pois seus princípios religiosos os impediam de estudar algo associado com o satanismo e ao homossexualismo. Livros como Macunaíma também foram repudiados por estes alunos.

O que pode parecer um caso de intolerância esbarra numa situação muito mais complexa, que é a questão da identidade. Se este grupo de alunos fosse formado por europeus (ou asiáticos, ou qualquer outra etnia) ou de descendentes de uma etnia isolados num contexto cultural e separado geograficamente do cotidiano da Amazônia, daria para entender algum estranhamento cultural que gerasse esta intolerância. Não justificaria, mas seria um pouco mais compreensível.
Mas eles são descendentes da miscigenação cultural brasileira, ou seja, fazem parte deste caldo cultural de nosso povo.
Negar a influência da cultura afro no Brasil, se recusar a sequer estudar esta cultura, é um problema de negação de identidade, e não de intolerância. 
Que possamos e queiramos mudar nossa identidade, ampliar nossos horizontes identitários, não vejo problemas. Mas a negação absoluta de parte de suas raízes pode ser um problema. Podemos até almejar nos descolar de nossas raízes, mas o sofrimento será inevitável, em algum momento teremos de nos confrontar com esta realidade. Negação da realidade não faz bem para a saúde...

9.11.12

Colapso de Imagem


 Há definitivamente algo estranho no mundo corporativo quando um executivo bem-sucedido e conhecido pelo seu alto astral, liderança e bom humor comete suicídio. Principalmente quando isto acontece dentro do ambiente corporativo.
Não considero o suicidio inaceitável, apesar de saber da implicação social e da gravidade do ato. Odiaria que uma pessoa querida resolvesse tirar a própria vida. Mas acho que isto faz parte de meu sentimento de pensar que poderia ter alterado esta história. Um pouco de prepotência, talvez. Mas entendo o sentimento. De pôr fim à sua própria existência. Do ponto de vista simbólico, podemos fazer isto sem pormos fim às nossas vidas. Basta mudarmos, ou aceitarmos as mudanças.


O que é estranho neste caso são os dados aparentemente conflitantes da história. Ele é O Profissional Realizado, O Homem Admirado, O Gestor Competente. E sem razão "aparente" implode, ou explode.

A grande maioria das pessoas geralmente dá sinais. Fica murcho, desanimado, triste, aparece abatido, olheiras. Neste caso não.


Mais do que concluir que é um caso pessoal, onde há desestabilidade específica do indivíduo ou um problema de uma empresa específica, me pergunto se não é um reflexo de uma cada vez maior falta de sintonia da persona pública que temos de criar e manter versus as expectativas pessoais que temos em relação às nossas vidas.
O que isto significa? Que a cada dia temos mais dificuldade em gerenciar nossa imagem, aquilo que esperam de nós, ou aquilo que pretendemos vender para o mundo.
Qualquer coisa que fuja deste modelo pode colocar em risco tudo aquilo que foi construído, pois há uma necessidade incessante de coerência. E sabemos que somos dinâmicos, que nossa personalidade é fluida, que nascemos um, somos outro e morremos diferentes do que fomos.
Temos de tomar cuidado com a rigidez, com o excesso de cobrança pela coerência, que, aparentemente é um objetivo a se atingir, mas passa a se tornar uma armadilha. Em alguns casos, mortal.

5.11.12

A Cura pela Palavra

Volta e meia a questão reaparece. Desta vez saiu pesquisa na Mente & Cérebro sobre a possibilidade de treinar a memória para combater a depressão.
Quem sabia bastante sobre o assunto era o Freud. Não sou conhecedor da história da psicologia, mas foi no final do Século XIX que os pesquisadores perceberam que a mente podia ser acessada através da linguagem. Podemos transformar comportamentos através da palavra.
A importância da linguagem vai muito além da comunicação básica. É com ela que definimos o mundo que nos rodeia. Se é através do nosso olhar subjetivo que compreendemos o mundo, é através das palavras que categorizamos o mundo.
Usava um exemplo em palestras que dava no Sebrae: Pedia para as pessoas fecharem os olhos e prestarem atenção na primeira imagem que viria nas suas cabeças quando eu falasse uma palavra. 
Sempre usei uma palavra simples, a que mais usava era "Cachorro". A resposta das pessoas era sempre misteriosa e incrível. Praticamente ninguém pensava na mesma coisa. Um lembrava de cachorro quente, outro de cocô de cachorro, outro de amigo, outro de tristeza. Num grupo de vinte ou trinta pessoas praticamente ninguém pensava na mesma coisa.
Categorizamos as coisas (até as mais simples) com palavras que definem o sentido daquilo para nós, e isto acaba reforçando determinada maneira de enxergar o mundo e interagir com o outro.
Uma dica? Preste bastante atenção em palavras que usa com frequência. Elas provavelmente representam uma ponta do iceberg de sua maneira de enxergar o mundo.

(sobre a ilustração acima, este é um outro fenômeno curioso que temos, muito investigado pelo Ramachandran, genial neurocientista. Tendemos a encontrar sentido em coisas a partir das referências que temos, precisamos dar sentido ao mundo que nos rodeia, e temos inúmeros recursos mentais para fazer isto. Óbvio que muitas vezes eles nos levam a erros e equívocos absurdos, mas na maioria das vezes eles ajudaram a nos salvar do tigre escondido no meio da folhagem...)

2.11.12

Por que Michael Jackson está destruindo Nova Iorque?

Talvez Nietzsche estivesse parcialmente certo em sua Teoria do Eterno Retorno, onde estaríamos presos a um número limitado de fatos em nossas vidas. 
Adoro uma cena do filme "Hannah e suas Irmãs" onde Woody Allen, preocupado com o Eterno Retorno, se desespera: "Se isto realmente existe, será que eu vou ter de assistir os Harlem Globetrotters de novo?"

Pois bem, estou aqui para fortalecer o pensamento de Nietzsche e anunciar mais uma teoria da conspiração: A cidade de Nova Iorque está sofrendo por causa de alguma macumba do Michael Jackson. Não sei por que Michael teria alguma coisa contra ela, mas reparem nas coincidências!

1 - A data em que Michael Jackson morreu (25+06+2009= 2040) é igual a soma de todas as ruas de Nova Iorque.

2 - Este número coincide exatamente com a quantidade de CDs vendidos pela cantora Sandy em Homenagem ao Rei do Pop

3 - Sandy é o nome do furacão que gerou toda a confusão na cidade, e que, com as inundações das galerias, o que vai provavelmente acontecer é a maior infestação de ratos da história da cidade.

4 - Michael Jackson fez muito sucesso com a música tema do filme "Ben", que conta a história de um enorme rato que comanda uma invasão de ratazanas a partir das galerias subterrâneas.

Percebem? Está tudo conectado! O filme na verdade é um presságio, e estamos prestes a ver a história acontecer de novo. O que antes era ficção agora é realidade. O que resta ao povo de Nova Iorque é oferecer um sacrifício para aplacar a ira de Michael. Eu acho que se fizerem uma grande cerimônia e oferecerem o Macauley Culkin num altar besuntado de bacon Ben e seus amigos das galerias levarão sua alma para Michael, que poderá descansar em paz...


31.10.12

Voltar a se Encantar com o Mundo (e com Você)


Durante um ótimo happy hour com Fábio Betti, amigo querido e consultor cada vez mais especializado em comunicação face-a-face, surgiu o assunto da Paixão. Não aquela entre um ser humano e outro, mas sim a questão de se sentir "Encantado" por algo.

Estava comentando sobre meus estudos, e ele sobre os dele. Atualmente, além de minhas pesquisas sobre cognição, comportamento e mercado, resolvi, meio que por impulso, a voltar a estudar Filosofia. E Heidegger apareceu como um tsunami, me fazendo pensar profundamente sobre as questões da existência. 

O Fábio estava (já está a um certo tempo) encantado com o Humberto Maturana, pensador/biólogo, e ficamos discutindo sobre como é bom sentirmos este "Estado de Graça" a que somos levados quando saímos do "interesse" por algo  e passamos a entregar um sentimento a este algo.

Apesar das diferenças (entre mim e o Fábio e entre Heidegger e Maturana) ficou claro que estávamos encantados com o Existir, com coisas simples, com trocar os óculos usados para enxergar a realidade e mudar nossa percepção daquilo que nos rodeia.

Como nós dois temos mais ou menos a mesma idade, percebo de fundo em nossa conversa um outro tema, que é como fica difícil se encantar quando envelhecemos. Precisamos evitar a todo custo uma sensação de "já vi isto", "já conheço isto", "já passei por isto".
Não, meu amiguinho, você nunca viu isto. O que você viu foi semelhante, mas não igual, e quando viu você era outro. Nossas personalidades são líquidas, e não sólidas. O mundo parece ser muito mais sólido do que é, mas estamos cercados de outras pessoas, com personalidades tão líquidas quanto as nossas. Portanto, se der para jogar o óculos de "eu já vi tudo" e deixar se encantar com a vida, ela vai oferecer inúmeras oportunidades de encantamento.

E o encantamento é muito saudável, pois traz o frescor do novo associado com o prazer da descoberta. Tudo isto regado a emoções positivas. Quer alguma coisa melhor do que isto?

Não espere muito para deixar se encantar pelas coisas. Cuidado para não embaçar os óculos com que enxerga a realidade, senão o que você vai ver é só "mais do mesmo". E no caso, o mais do mesmo não é o mundo, infelizmente é você...

25.10.12

Em busca da verdade - Heidegger

Fico encantado cada vez que vou ao meu curso sobre Heidegger. Essencialmente o curso se resume a ler " Ser e Tempo", parágrafo por parágrafo, e debater.
Conheci acidentalmente Heidegger, meu antigo terapeuta era adepto da Daseinanalyse (nome do tipo de análise que investiga questões existenciais presentes na Filosofia do sujeito), e acabei me inscrevendo num curso sobre o tema. E fiquei abobalhado com a questão existencial.

A grande questão de debate hoje foi relativa a narrativas pessoais. Sabe aquelas histórias que você constrói, que ditam algumas características da sua identidade? " Minha mãe não me dava atenção quando eu era criança, portanto, sou como sou". Kit básico do debate psicanalítico freudiano, e amplamente discutido em qualquer momento em que você tenha bebido demais com algum amigo. Em qualquer lugar ouvimos uma explicação da existência baseada em alguma narrativa pessoal. "Sou assim desde que...", coisas do gênero.

Durante o debate, o professor, Marcos Casanova, fez o seguinte comentário:
"Se eu te pedir para olhar para uma pintura que você gosta muito e escrever, todo dia, um comentário sobre este quadro, num determinado momento, o quadro vai desaparecer. E vai sobrar apenas a narrativa da narrativa".

Esta é a questão. Num determinado momento o fenômeno (o quadro) deixa de existir e passamos a operar a partir das narrativas que criamos. E nos apegamos a elas, de uma maneira que quanto mais falamos sobre elas mais nos distanciamos do fenômeno em si.

Imediatamente me lembrei de uma narrativa que me perseguia, da minha infância. Lembro de minha avó ter falado para mim de uma determinada tristeza que eu tinha quando pequeno, e como isto se tornou importante para mim.
Aí pensei: Quantas outras coisas a minha avó falou para mim? Será que toda vez que eu via a minha avó ela falava sobre isto? Claro que não. Conversamos sobre inúmeras outras coisas, mas eu, de alguma maneira me apeguei a esta história até que num determinado momento o fenômeno deixou de existir, existia apenas a narrativa. E quanto mais ela era lembrada, mais era reafirmada, e menos o "fato" existia.

Fazemos isto o tempo todo. Por que? Para de alguma maneira evitarmos um vazio que surge quando pensamos sobre nossa existência, que é fluida e dinâmica. Por isto nos apegamos a estas narrativas, para podermos evitar refletir sobre nossas vidas.

Como diria Criolo, "o bagulho é louco".... :o)

25.9.12

Os políticos abandonaram a cidade de vez

Se você tem alguma dúvida em relação a qual o interesse que os candidatos tem ao se elegerem vá dar uma volta pelo centro de São Paulo.
(passei um mês sem correr por causa do ar seco e de uma sinusite crônica e voltei hoje. Senti uma piora brutal na condição da cidade).

O lixo se acumula nas ruas do centro velho. O cheiro de urina aumentou, culpa do cidadão espírito de porco, da falta de vigilância e da falta de limpeza.

As ruas estão esburacadas, não só aqui como na cidade inteira.

A cracolândia está lotada de nóias: o número aumentou ou o bom filho à casa torna?

Um dia destes o barulho no Largo do Arouche estava mais alto que a média. Aos domingos as pessoas vêm namorar por aqui, e ligam os rádios dos carros para dançarem e beberem na rua. Já estou acostumado, é menos barulho que de muito bairro chique. Mas aquele dia estava especial, com gente bêbada gritando.

No dia seguinte fui até o trailer da polícia que fica no meio da praça, ou seja, no meio da bagunça. Tem policial 24h por dia lá. E perguntei para o cara por que a polícia não coíbe os abusos, como gente pisando nas flores, urinando na rua ou brigas. Sabe o que o cara me falou? Que se não houver denúncia a polícia não pode interferir.

Como assim? Se tem um cara urinando na rua a polícia só pode pedir para o cara parar se alguém ligar para o 190? Alguém pode me explicar isto? É um estímulo ao denuncismo ou uma apatia perante a realidade que está literalmente ao lado dos caras?

Na cracolândia a mesma coisa. Centenas de pessoas amontoadas consumindo crack ao lado do trailer da polícia. Honestamente não entendo...

Enquanto corria, refletia sobre a triste condição da política eleitoral de São Paulo. E desviava dos infinitos cavaletes com rostos sorridentes a olhar para mim como uma cobra olha para um rato.

24.9.12

A Humanização de Serra nas Redes Sociais

Curiosidades do mundo digital e do comportamento humano: Serra, o candidato a prefeitura de SP pelo PSDB, se beneficiará das brincadeiras que estão fazendo com ele nas redes sociais. Por que? Porque ele é carrancudo e careta, e está sendo ridicularizado por isto.
Pode parecer estranho, mas não é.
Reparem nas críticas (nas redes sociais, não no horário eleitoral) aos outros candidatos. Em especial ao Russomano. São todas críticas relacionadas ao caráter, aos apadrinhamentos políticos moralmente questionáveis, ao comportamento prévio (quando trabalhava como repórter no carnaval fazendo insinuações maliciosas para mulheres de biquíni dançando).

As críticas ao Serra reafirmam sua condição de chato, ruim de bola, antipático, mas não de imoral, de corrupto, e outras coisas que geram rejeição do público em relação aos profissionais da política.

Haddad está fora deste cenário, pelo desconhecimento que o grande público tem dele. Ele não é ridicularizável pois ainda não é "figura pública", ainda é preposto de Dilma e Lula. Não há graça em brincar com Haddad, pelo menos por enquanto.

Provavelmente na próxima pesquisa de opinião Serra vai roubar potenciais votos de Russomano, e Haddad continuará com o dilema de tentar fazer com que os próprios petistas votem nele. O custo disto será creditado na conta da Martha Suplicy, mas no fundo é do Lula e da Dilma.

Deixo claro aqui que não tenho interesse em fomentar a candidatura de um ou do outro, mas sim analisar o curioso comportamento que faz com que uma crítica na verdade ressalte características positivas do candidato, no caso o Serra.

É ver para crer.

(Minha opção de voto? Voto Nulo, cansei da classe como um todo e do debate partidário sem ideologia)

10.9.12

Tudo que vem, vai... (Incluindo as Redes Sociais)

Um dia ele simplesmente não viu razão em postar nada no Facebook. E estranhamente nem teve vontade de ver os posts de seus amigos, conhecidos, ou amigos de amigos. De uma hora para outra o Facebook não fazia mais sentido para ele.

"Será que estou numa fase pouco sociável?", pensou. 

 Na fila do supermercado ele ouviu dois amigos conversando sobre como era chato o Facebook. Um deles argumentava que já não via tanta graça em publicar memes e outras frases divertidas no Face. Que estava cansado de fotos de crianças doentes, rezas matinais e frases estranhas de celebridades e pseudo-pensadores.

Lendo notícias nos portais descobriu que as ações do Facebook caíam dia após dia, e dezenas de comentaristas apresentavam suas opiniões sobre as razões, mas não havia consenso.

"O Internauta é volátil, muda de opinião e de interesses a cada instante", dizia um. 
"O modelo de negócios do Facebook se tornou inviável", dizia outro.
"A estrutura social do Facebook implodiu: todos querem ser famosos e especiais, e se isto acontece, ninguém é especial", disse o outro, citando o vilão do desenho "Os Incríveis".

Em menos de um mês 15% das contas de Facebook tinham sido encerradas ou se tornaram inativas. A empresa, assustada com a estranha movimentação, resolveu oferecer atrativos e inovações tecnológicas para reter seu principal ativo: as pessoas. E criou mais jogos, mais interatividade, vídeos e, num momento de total desespero, o tão sonhado botão "Dislike".

Já não havia mais o que fazer, o Facebook estava se esfarelando.
Numa atitude comum a outros poderosos do universo digital (e real), seu fundador negava tudo, e desafiava os novos desenvolvedores a chegarem no estágio de sucesso que um dia ele já tinha tido.
Parte dos bilhões de dólares dos investidores já havia migrado na bolsa, para coisas sólidas como Wal Mart e empresas do gênero.

De um instante para outro, Curtir já não tinha mais graça.

Como golpe final, um grupo de Hackers derrubou o site do Facebook por mais de 24h. Mas a Rede Social, tal como ela era no passado, já tinha deixado de ser relevante...

29.8.12

E a Geração Y cai na real... Ou o real engoliu a Geração Y?


Tenho visto esta mensagem circular pelas redes sociais e resolvi compartilhar, pois acho que ela marca um momento importante do ponto de vista comportamental da chamada Geração Y.
Todo o discurso remete basicamente a crescer, amadurecer, trabalhar com a perda, e tudo mais que os mais adultos estão (ou deveriam estar) acostumados. 
O que existe de diferença deste momento de amadurecer e de outras gerações? Não há mais nenhum ritual de passagem, esta nova geração teve de virar adulta sem nenhum momento simbólico nas suas vidas (que antigamente foi o Vestibular e antes disto foi fazer dezoito anos, prestar o exército, etc, etc). 
Mais do que isto, a Geração Y teve de crescer  tendo a geração anterior (a Geração X) como anti-exemplo, já que não têm grandes coisas em comum nem se espelham nos valores dos mais velhos. Sem o universo simbólico compartilhado, sem perspectivas, sem se identificar com os valores da geração anterior... demorou para amadurecer, mas amadureceu.

A dúvida é: Eles realmente amadureceram ou o mundo se adaptou para absorver esta nova geração? Ou será que a sociedade finalmente engoliu a molecada?

Leia o texto e analise por si só...
 A SÍNDROME DOS VINTE E TANTOS ANOS.

Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos.

Dá-se conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc.. E cada vez desfruta mais dessa cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco....
...
As multidões já não são ‘tão divertidas’, às ......vezes...... até lhe incomodam.

Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas.

Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor.

Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto e te achou o maior infantil, pôde lhe fazer tanto mal.

Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar, e isso assusta!

Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário.

Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.

Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer.
Suas opiniões se tornam mais fortes.

Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras… Apenas com medo e confuso.

De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando.

Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro… E com construir uma vida para você.

E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.

O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse texto nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes.

Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça…

Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos… Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16…

Autor desconhecido