Let´s Go!

Let´s Go!
Let´s Go!

9.11.12

Colapso de Imagem


 Há definitivamente algo estranho no mundo corporativo quando um executivo bem-sucedido e conhecido pelo seu alto astral, liderança e bom humor comete suicídio. Principalmente quando isto acontece dentro do ambiente corporativo.
Não considero o suicidio inaceitável, apesar de saber da implicação social e da gravidade do ato. Odiaria que uma pessoa querida resolvesse tirar a própria vida. Mas acho que isto faz parte de meu sentimento de pensar que poderia ter alterado esta história. Um pouco de prepotência, talvez. Mas entendo o sentimento. De pôr fim à sua própria existência. Do ponto de vista simbólico, podemos fazer isto sem pormos fim às nossas vidas. Basta mudarmos, ou aceitarmos as mudanças.


O que é estranho neste caso são os dados aparentemente conflitantes da história. Ele é O Profissional Realizado, O Homem Admirado, O Gestor Competente. E sem razão "aparente" implode, ou explode.

A grande maioria das pessoas geralmente dá sinais. Fica murcho, desanimado, triste, aparece abatido, olheiras. Neste caso não.


Mais do que concluir que é um caso pessoal, onde há desestabilidade específica do indivíduo ou um problema de uma empresa específica, me pergunto se não é um reflexo de uma cada vez maior falta de sintonia da persona pública que temos de criar e manter versus as expectativas pessoais que temos em relação às nossas vidas.
O que isto significa? Que a cada dia temos mais dificuldade em gerenciar nossa imagem, aquilo que esperam de nós, ou aquilo que pretendemos vender para o mundo.
Qualquer coisa que fuja deste modelo pode colocar em risco tudo aquilo que foi construído, pois há uma necessidade incessante de coerência. E sabemos que somos dinâmicos, que nossa personalidade é fluida, que nascemos um, somos outro e morremos diferentes do que fomos.
Temos de tomar cuidado com a rigidez, com o excesso de cobrança pela coerência, que, aparentemente é um objetivo a se atingir, mas passa a se tornar uma armadilha. Em alguns casos, mortal.

5.11.12

A Cura pela Palavra

Volta e meia a questão reaparece. Desta vez saiu pesquisa na Mente & Cérebro sobre a possibilidade de treinar a memória para combater a depressão.
Quem sabia bastante sobre o assunto era o Freud. Não sou conhecedor da história da psicologia, mas foi no final do Século XIX que os pesquisadores perceberam que a mente podia ser acessada através da linguagem. Podemos transformar comportamentos através da palavra.
A importância da linguagem vai muito além da comunicação básica. É com ela que definimos o mundo que nos rodeia. Se é através do nosso olhar subjetivo que compreendemos o mundo, é através das palavras que categorizamos o mundo.
Usava um exemplo em palestras que dava no Sebrae: Pedia para as pessoas fecharem os olhos e prestarem atenção na primeira imagem que viria nas suas cabeças quando eu falasse uma palavra. 
Sempre usei uma palavra simples, a que mais usava era "Cachorro". A resposta das pessoas era sempre misteriosa e incrível. Praticamente ninguém pensava na mesma coisa. Um lembrava de cachorro quente, outro de cocô de cachorro, outro de amigo, outro de tristeza. Num grupo de vinte ou trinta pessoas praticamente ninguém pensava na mesma coisa.
Categorizamos as coisas (até as mais simples) com palavras que definem o sentido daquilo para nós, e isto acaba reforçando determinada maneira de enxergar o mundo e interagir com o outro.
Uma dica? Preste bastante atenção em palavras que usa com frequência. Elas provavelmente representam uma ponta do iceberg de sua maneira de enxergar o mundo.

(sobre a ilustração acima, este é um outro fenômeno curioso que temos, muito investigado pelo Ramachandran, genial neurocientista. Tendemos a encontrar sentido em coisas a partir das referências que temos, precisamos dar sentido ao mundo que nos rodeia, e temos inúmeros recursos mentais para fazer isto. Óbvio que muitas vezes eles nos levam a erros e equívocos absurdos, mas na maioria das vezes eles ajudaram a nos salvar do tigre escondido no meio da folhagem...)