Let´s Go!

Let´s Go!
Let´s Go!

25.5.12

Pornografia de antigamente - O que eu vi

Antigamente pornografia era uma coisa muito diferente de hoje. Não sei por que enquanto estava preso no trânsito lembrei da primeira vez que vi um filme pornográfico. Faz uns quatrocentos anos, mais ou menos.


Estava na 7a série, começo dos anos 80, e nossa turma de amigos ia muito na casa do Antônio, que ocupava um quarteirão inteiro no Morumbi. O pai dele tinha ganhado muito dinheiro na construção da usina de Itaipu, a mãe era um doce de pessoa e ficávamos na piscina e jogando bola o dia inteiro.


O Antônio tinha todos os brinquedos bacanas, e era um cara muito tímido e humilde, nunca foi de contar vantagem. Não consigo me esquecer de um caminhão de controle remoto que ele tinha, que abria a porta de trás e saía uma Ferrari também de controle remoto. Coisa linda.


Um dia o Antônio comentou que tinha um projetor de filmes Super 8 (eu falei que faz 400 anos...), e que o pai trouxera uns filmes do Paraguai. Fomos até a sala de jogos e o pessoal começou a montar o projetor. Fiquei fascinado com aquele objeto, que só tinha visto grandão, 35mm, quando ajudava meu tio a rebobinar os filmes no cinema que ele tinha no interior. Achei o máximo da modernidade aquele aparelho "pequeno" que podia trazer o cinema para dentro de casa. E lá numa caixa tinha uma meia dúzia de rolos de filmes, incluindo um de três minutos do primeiro Star Wars. Olhei para o filme e tentei agitar o pessoal para assistir, mas todos eles estavam com um olhar "diferente", e o Antônio com um rolo sem identificação na mão.


Luzes apagadas, eu todo animado para ver cinema em casa, e começa a passar um filme sem áudio, com a maior quantidade de gente branca que eu já tinha visto. E quando falo branco estou dizendo branco geladeira, que reflete luz no escuro. Eu não entendi nada, a cena era meio boba, era um encanador que chegava com uma ferramentas e uniforme na casa de uma mulher, e, sem nenhuma explicação aparente, daqui a pouco os dois estavam pelados e dá-lhe rala-rala!


Não sei dizer muito bem o que senti, mas passava longe do tesão. Achei estranho, deve ter sido a primeira vez que vi gente pelada num filme, sei lá. Mas era muito estranho, pois era um filme sueco, dinamarquês, e todo mundo parecia muito sério para estar transando. Eu imaginava que sexo era uma coisa mais envolvente... aqueles caras poderiam facilmente ligar, pedir uma pizza, comer a pizza e reciclar a embalagem durante o ato sexual sem atrapalhar a performance. Ô gente fria, sô.


A pornografia mudou muito nos últimos tempos, o acesso é na base do clique, imediato. O Super 8 sumiu (o Antônio também), não sei se ainda fazer filmes de sexo nórdico, mas entendo de certa maneira por que lá existem as maiores taxas de suicídio do mundo... Se sexo animado for aquilo, recomendo evitar a região...

24.5.12

Hoje é o Dia do Nunca!

Durante uma conversa com uma de minhas filhas, ela me perguntou: "Por que você está agindo assim? Você nunca agiu assim antes comigo". E eu pensei bastante sobre este tal de Nunca. E descobri que todo o dia é dia do Nunca.
Nunca vivi o dia de hoje, nunca passei pelos problemas que hoje vou passar, nunca vi o trânsito deste jeito, nunca acordei de um sonho como o de hoje.


Cada dia apresenta sua singularidade, e a cada momento pensamos coisas novas, mudamos de conceitos, somos colocados em situações novas ou nos colocamos deliberadamente em situações para as quais nunca fomos preparados.


Se aceitarmos este Nunca diário, talvez não fiquemos chocados com a mesmice aparente do cotidiano, talvez descubramos novas maneiras de enfrentar problemas que nunca enfrentamos antes, e encontraremos soluções que nunca tínhamos pensado antes.


O Sempre é um perigo, principalmente por que a maioria das pessoas o procura insistentemente. Todos querem ser Sempre felizes, Sempre saudáveis, Sempre bem sucedidos, e sabemos que Nem Sempre ele acontece. Na verdade, ele Nunca acontece.


Aceite que hoje é o Dia do Nunca e abra sua cabeça e seu coração para o que o pode acontecer. É um dos encantos da vida.

23.5.12

A Sociedade distorce nossa noção de Beleza?

Do ponto de vista de comunicação, este pequeno cartaz é um primor. Bem posicionado (no espelho), gera reflexão e atinge questões de autoestima, autopercepção, muito bom.
Mas será que realmente o modelo de beleza é totalmente construído pela sociedade, e é "distorcido"?


Para podermos analisar esta questão precisamos separar as coisas. A primeira é a questão do modelo de beleza, o que é ele, para que serve, suas origens, etc. Por outro lado, ele é ou está distorcido? E há responsabilidade da "sociedade" por isto? Quem seria esta "sociedade", afinal de contas?


Pelo lado mais primitivo (ou mais básico, no sentido de base da construção do modelo de beleza), a beleza está associada a Simetria. Quanto mais simétricos somos, mais belos somos considerados. Isto vale para todas as culturas humanas, e pelo que parece está associada ao instinto de sobrevivência. Preferimos escolher a maçã simétrica pois ela provavelmente é mais saudável que a maçã assimétrica, que pode apresentar algum problema. Isto faria que associássemos a Simetria a algo bom, e esperado nas coisas. E nos seres humanos também. Combater esta base de associação que temos é complexo e exige muito esforço, pois nossos padrões de aceitar a diversidade, de "beleza interior" são relativamente recentes se comparados com este padrão da Simetria, que é muito antigo do ponto de vista evolutivo.


Mas a beleza, no caso desta imagem, está associada a autoestima e a autopercepção. E estas são coisas totalmente associadas à aceitação por parte do grupo, à comparação. Quer seja do ponto de vista filosófico ou evolutivo, queremos mais do que apenas sermos aceitos pelos grupos: Queremos estar bem posicionados hierarquicamente neles. Almejamos destaque, e este destaque se faz através de valores cultuados por este grupo.
Com a globalização e a aglomeração social em torno dos meios digitais, grupos e redes, alguns valores dos grupos menores se fortaleceram, e outros se dissolveram. Pequenos grupos manifestam seus valores, mas o poder massivo dos grandes grupos define padrões, que não necessariamente são aqueles que compartilhamos, mas que não podemos negar que existam.


Antigamente culpávamos a mídia, a televisão e às propagandas pelo fator "exclusão" dos diferentes, mas hoje a mídia percebeu o potencial mercado que estava ficando fora de seu universo de consumidores ao desenvolver este discurso e focou no diferente. Dois bons exemplos são a Nike e a Unilever. A Nike mudou seu slogan e sua comunicação há alguns anos deixando de lado o foco nos esportistas famosos e de alta performance para vender "Just Do It", cujo princípio é: Vá fazer esportes, todo mundo pode... Melhor vender tênis para milhões de assimétricos do que para alguns milhares de simétricos, não é? A mesma lógica foi usada pela "Campanha pela real beleza", do sabonete Dove, que associava a marca às mulheres belas, mas não necessariamente dentro dos padrões rígidos de beleza globais.


Hoje os padrões são ditados pelas pessoas, pelos milhões de pessoas que se inter relacionam através das redes sociais. E se formos julgar do ponto de vista do Efeito Manada, muito provavelmente teremos modelos e padrões de beleza ainda mais rígidos, a julgar pela tentativa insana das pessoas de serem absolutamente simétricas e dentro do modelo atual do que é belo. O que, pelo que percebo no caso das mulheres, (infelizmente) hoje o visual padrão é a Barbie. A modelo russa da foto ao lado está fazendo de tudo para ser uma Barbie da vida real... E milhões de pessoas estão compartilhando a foto dela neste momento. Inclusive eu...