Let´s Go!

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28.1.12

Violência no game dos outros é colírio

Como acabei de comprar um Xbox e eu eu minha filha estamos começando a jogar GTA, fiquei pensando na polêmica sobre a violência nos Games. Será que realmente os críticos preferiam outros tipos de jogos?
O GTA é um jogo onde você basicamente faz tudo errado, rouba carros, atropela pessoas, entra em roubada com traficantes, e por aí vai. E reze para que a polícia não te pegue...


Mas... estes críticos queriam o quê? Que os jogos retratassem o cotidiano? Para estes chatos de plantão, resolvi criar alguns jogos especialmente para eles:


O Incrível Jogo de Pagar Contas!


Pode ser jogado sozinho, ou acompanhado. Um dos participantes fica olhando os tributos na tela enquanto o outro vai dando dicas, como: "Isto, preenche ali, o DPVAT pode ser excluído em caso de demência de um dos familiares. Vai, Uhuu".
O objetivo do jogo é não ficar louco nem comprar uma AK 47 e ir em direção de Brasília.


The Sims módulo Funcionário Público


Viva o dia-a-dia de um funcionário público em vias de se aposentar. Você vai poder acompanhar o trajeto dele até o trabalho, escolher a cor do paletó que vai pendurar na hora do cafezinho e até definir se seu café é com açúcar ou com adoçante! 
Aprenda a digitar formulários num Windows 3.11, converta planilhas Excel em Lotus 1,2,3 com a maior facilidade! Sua vida nunca mais será a mesma depois de instalar o módulo Funcionário Público no seu The Sims...


O Maravilhoso Jogo de Assistir Televisão


Este simulador da vida real permite que você faça inúmeras atividades, estimulando a convivência pacífica. Na verdade quanto mais imóvel você ficar em frente ao game mais pontos ganha.  Recuse o convite da vizinha sexy para sair e ganhe 500 pontos. Enterro de sua avó? Deixe para lá e ganhe 700 pontos.
Cheiro de pipoca na cozinha? Não se mexa e ganhe 250 pontos. O jogo mais fiel à realidade da família brasileira desde Quake 2.


Aproveito a oportunidade e me coloco à disposição das empresas de game para criar os roteiros destes jogos. Existe mercado para eles sim, e é justamente o dos chatos de plantão que querem moralizar até os poucos momentos de distração que temos.

O pior salgadinho de festa junina de todos os tempos

Um querido amigo tinha um sítio e convidou uma turma para ir na Festa Junina que ia acontecer por lá. Toda a família dele estaria presente, primos e tios de tudo quanto é lugar. Como a família deste amigo é festeira das boas, ninguém queria perder o encontro.

Para economizar, resolvemos juntar os amigos para irmos num carro só. E no dia, passei recolhendo todos em suas casas. O último foi um querido amigo filósofo, que estava reformando a casa dele.

Este amigo tinha achado o orçamento de descupinização muito caro, e resolveu fazer o serviço por conta própria. Para quem não sabe, o veneno mais forte de todos é o contra cupim. Você mistura um copo para cada balde de água para aplicar.

Fiquei surpreso ao ver meu amigo filósofo aplicando o veneno nos móveis na base da pincelada, com uma grande brocha, diretamente da lata. Diluir é coisa para fracos, não é verdade? E sem usar nenhuma proteção, máscara, luvas, nada.

Num determinado momento o gato dele passou pela sala. Estranhei o visual do gato, que estava sem nenhum pelo da cintura para baixo. Parecia que tinham roubado as calças do bichano. Meu amigo filósofo me despreocupou: O gato tinha sentado na lata do veneno e deu alguma reação alérgica, mas agora já estava tudo bem. Pelo menos do ponto de vista dele. E o gato lá, passeando sem calças pela sala.

Os anfitriões pediram que cada um levasse um salgado para contribuir com a festança. O filósofo resolveu fazer um de seus quitutes prediletos: Tomate recheado com ovos e maionese. E enquanto ele pincelava o veneno puro nos móveis o tomate recheado ficava lá, fora da geladeira já há alguns dias, entranhando os vapores malignos daquela lata.

Tentei demovê-lo da ideia de levar aqueles tomates, mas o cara fechou o tempo: Tinha feito com todo o carinho e ia levar. Bom, seja o que Deus quiser, pensei, entramos no carro levando os tomates enquanto o gato sem calças passeava pelo jardim.

A viagem foi tranquila, apesar do estranho cheiro que aquele troço exalava no colo do filósofo/descupinizador. Quando chegamos no sítio fomos deixar os salgados na grande tenda armada para o evento. Em suma, o tomate ficou mais uma tarde inteira fora do gelo antes da festa começar.

A festa estava ótima, os parentes de meu amigo todos muito simpáticos, música boa e bailão. Bela festa junina.

Curiosamente, ou sensatamente, ninguém tocou nos tomates recheados. Vez por outra eu passava pela mesa para conferir, temendo o pior, mas apenas uma pessoa comeu aquilo. Quem? Obviamente, meu amigo filósofo.

Não preciso dizer que umas 2h da manhã meu amigo veio na minha direção completamente verde. Foi a pessoa mais verde que eu já vi na minha vida. Os olhos virando, a pele azeitona, e cambaleante.

Imediatamente levamos o infeliz para o hospital, e depois de uma bela lavagem estomacal, soro e um monte de injeção, o cara melhorou. A mistura da descupinização com os tomates foi quase mortal.

Foi a última vez que ele fez seu delicioso e perigoso quitute. A raça humana agradece.

Fazendo Academia no Arouche

Para quem não sabe, moro no Arouche, onde a comunidade gay é absolutamente presente. Minha academia é aqui, por sinal.
Há alguns códigos básicos nas academias. Por exemplo, quando chegamos, cumprimentamos todo mundo.


No Arouche isto significa outra coisa.


Assim, cumprimentar significa outra coisa, portanto, melhor não cumprimentar.


Durante um bom tempo simplesmente entrei na academia e fui fazer meus exercícios, na minha. Dependendo do horário encontrava tribos diferentes. Os gays gigantes estavam lá à noite. Para quem faz academia, basta dizer que todas as máquinas ficam com peso acima de 90kg.


Como único representante dos héteros, sigo eu nos meus exercícios. E eis que um dia eu olho e vejo... outro hétero! Foi uma coisa mágica, íntima, olhei para ele, ele olhou para mim, e nós pensamos: Olha outro hétero! 


Foi a primeira vez que vi outro hétero lá. Batemos papo, trocamos ideia de exercícios, dicas etc.


O chato é que nunca mais vi ele lá, não liga, não manda e-mail.... :o)

27.1.12

Meus primeiros passos como professor

Quando comecei a dar aula tive uma experiência incrível: Dar aula de teatro para adolescentes. Como já era diretor de teatro, apesar de relativamente jovem (20 anos) e ter montado algumas peças de teatro (nada fora do comum, mas já tinha feito algumas turnês no circuito), fui encarar a garotada.


Uma de minhas primeiras aulas foi aplicar a técnica de relaxamento. Música tranquila, reflexão, percepção do corpo, entender a ferramenta de trabalho do ator, em suma.


O que eu não previa é que minha aula seria logo depois da aula de Educação Física, o que significa que os alunos estavam mortos de cansaço. E fedidos.


Bom, coloquei a música, os alunos em posição de relaxamento (para quem não sabe, deitados mas com os joelhos dobrados), fiz alguns exercícios de respiração, superior, inferior, dupla, e por aí vai.


Num determinado momento, para reforçar o estado esperado de todos, comecei a falar: " Relaxa, agora relaxa, fica à vontade... relaxa todos os músculos". Nesta hora, um dos alunos mergulhou na situação e soltou o corpo. E teve uma ereção.


Infelizmente o colega do lado viu e começou a gritar: "O cara está de pau duro!"


Toda a turma saiu do estado de relaxamento e foi ver o que acontecia. A aula, em suma, foi um fracasso, e o pobre infeliz sofreu um bullying involuntário... Mas todos sobreviveram no final.


Saí para o intervalo e pensei: " Depois desta nada pior pode acontecer".


(Como todos sabem, nunca devemos falar ou pensar isto, acaba chamando coisa pior)


Quando voltei, apliquei a mesma aula para outra turma. Depois da música e dos exercícios de respiração estimulei os garotos a relaxarem, o que ouvi foi um grande pum, de um aluno que relaxou tanto que se livrou dos gases acumulados do almoço justo naquele momento.


Dar aula é para os fortes...

O dia em que eu raspei o bigode do Charlie Chaplin

Esta é uma história real.
Fiz um evento há muito tempo para uma indústria de autopeças e para ela contratei um monte de sósias de artistas, já que o tema era Hollywood. O evento foi um sucesso, e um dos sósias era particularmente talentoso, o sósia do Chaplin.

Nos encontramos mais algumas vezes e ele me confidenciou que queria expandir seus horizontes, afinal de contas, queria fazer papéis diferentes. Eu, como fui diretor e professor de teatro por décadas (literalmente), me ofereci para ajuda-lo. 
Uma das estratégias que achei conveniente foi quebrar com a "casca" chapliniana que ele tinha. Afinal de contas, ele não precisava ter o cabelo igual o do Chaplin, nem o bigode. Quando fosse fazer o personagem bastaria uma peruca e um bigode falso e pronto!

Meio a contragosto, o sósia topou mudar o layout. Como eu tinha uma máquina de cortar cabelos (ainda tenho) em casa, propus uma raspada básica no cabelo, para modernizar o visual dele.

Quanto terminei o trabalho, fiquei bastante satisfeito. Ele aparentava agora quinze anos  a menos, e, se não era bonito, pelo menos parecia mais limpo e jovial.

Quando ele olhou para o espelho, algo aconteceu. Não sei o que, mas o olho embaçou, ficou meio vidrado, um olhar vazio. O cara entrou em crise sem se enxergar como Chaplin. Dali a pouco saiu de minha casa e ficou vagando pela quadra, sem rumo. Logo depois pegou suas coisas e sumiu. Nunca mais o vi, até que um dia estava assistindo o jornal na televisão sobre a festa da Achiropita, aquele negócio do bolo gigante que é destruído em segundos por uma turba enfurecida, e vi, no meio dela, o sósia, com seu cabelo e bigodes perfeitamente naturais, atacando para pegar um pedaço do bolo...

26.1.12

A evolução dos símbolos de poder masculino

Você já deve ter visto que um número razoável de homens adora canetas e relógios. 
Já parou para se perguntar por que?
Antigamente o relógio simbolizava o domínio do tempo, como se ao ter um relógio o homem tivesse controle de sua vida.
Já a caneta é símbolo da capacidade de decisão, de assinar papéis importantes. Há valor naquilo que assino, e minha caneta reflete o valor que a minha assinatura tem.


Ainda existe muito fetiche pelos dois objetos, mas com a mudança dos valores da sociedade, os objetos que simbolizam valor mudaram, e os homens passaram a ostenta-los.
Pense bem, qual é a primeira coisa que um homem faz quando chega em algum lugar? Imediatamente tira seu celular, as chaves do carro e a carteira e coloca em algum lugar visível.
 A chave e o celular simbolizam atualmente o poder de mobilidade absoluto. Posso estar em qualquer lugar, real ou virtual, na hora em que quiser. Acesso o mundo e as pessoas de todos os pontos em que estou. E obviamente, minha capacidade de acessar é representada por marcas que mostrem que não sou qualquer um, estou em todos os lugares em grande estilo.
Já a carteira demonstra o valor diferenciado que meu crédito têm. Meu crédito é exclusivo, refinado, tem grife.

Quem não leva a sério esta linguagem simbólica corre o risco de achar que é apenas ostentação. Mais do que isto, é uma maneira de posicionar-se nas hierarquias da sociedade em que vivemos. É assim que nos comunicamos... Para o bem ou para o mal.

25.1.12

Pescar (do ponto de vista masculino e feminino)

Pescar significa coisas diferentes para homens e mulheres. Dê uma olhada nas razões pelas quais os homens gostam de pescar e as mulheres (geralmente) não.


Para os homens, pescar é:

  • Resgatar forças ancestrais de sair em direção ao desconhecido para trazer seu próprio alimento ao voltar de sua jornada
  • Trabalhar em equipe mesmo diante dos mais complicados desafios
  • Usar a força física para controlar o barco, puxar a âncora ou tirar um peixe grande da água
  • Concentrar-se durante horas apenas observando um fio, e identificar quando ele mexe com o balanço do mar ou quando o peixe está ciscando
  • Ver o pôr-do-sol e o nascer do sol em silêncio, ouvindo apenas o barulho do mar
  • Fazer happy hour num local distante, cercado de amigos e de paisagem
  • Comer na hora que tiver vontade e o que tiver vontade
  • Dormir na hora que quiser, do jeito que quiser

Mas, para as mulheres, pescar é:
  • Ficar dois dias sem poder tomar um banho decente, e sem espelho por perto
  • Manipular iscas vivas e mortas como sardinhas velhas e camarão mole
  • Ver um peixe agonizando ao seu lado, de olhos arregalados, até ficar duro
  • Dormir empilhada em beliches que mais parecem estantes, ao lado de gente que ronca, exala ruídos e cheiros estranhos durante a siesta
  • Acordar às 4h da manhã só porque um cardume resolveu aparecer por perto do barco
  • Ficar olhando em silêncio durante horas para um fio dentro da água
  • Ficar com o cabelo cheirando a peixe, com as unhas cheirando a peixe, com a roupa cheirando a peixe
  • Descobrir que o motor quebrou e você está a deriva, mas talvez, quem sabe, algum barco possa vir dar uma ajuda
  • Chacoalhar durante uma tempestade e vomitar até a ceia de natal do ano passado
  • Ter de usar um vaso sanitário que parece com um banheiro químico pendurado num bungee jump
  • Conversar sobre peixe, e quando não é sobre peixe, é sobre arraia