Let´s Go!

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6.1.12

Pegue mais mulher no Facebook que o Cauã Raymond - Criando um perfil atraente

Garotada, preste atenção: Você está fazendo isto errado!
Pegar mulher nas redes sociais é mais simples que se imagina, requer um pouco de dedicação e muita ousadia.
A mulherada está mais atirada, e isto está facilitando as coisas.

  1. O passo mais importante é criar um perfil atraente. Decida qual o estilo que você quer encarnar, por exemplo, o Agrícola. O homem roceiro atrai um tipo de mulher que busca um cara trabalhador, daqueles que acordam cedo. Faça fotos na horta da sua casa (pode ser na varanda do apartamento, pode até pegar dois pés de alface na geladeira e enfiar no vaso da orquídea da sua mãe), usando calça jeans e camisa xadrez. Caso não tenha uma camisa xadrez vá até o Cafe de La Musique e roube uma de um dos duzentos caras que vão estar vestidos assim. (Ah! Se resolver tirar foto com adubo, prefira o de origem animal)
  2. O perfil agrícola permite umas variações, estilo Jeca Tatu (pêlo do nariz comprido, botina e chapéu desbeiçado) e Lenhador, que só é recomendado para a comunidade gay ou pro pessoal na dúvida. Caso o seu negócio seja mulher mesmo, evite, para não ter um monte de ursos à sua espreita.
  3. Outro perfil interessante é o Sarado. Corpo trincado, foto na academia e comentários tipo : "Hoje deixei meus glúteos trincados!". O problema é que para valorizar o corpo você vai ter de tirar foto de longe, e a cabeça fica pequena (o que não parece grande perda mesmo) Postar vídeos de suas manobras é ótimo. Filme suas peitolas subindo e descendo, uma de cada vez. As mulheres adoram!
  4. Cyber Mano é uma outra opção: Com o surgimento da nova classe média tá cheio de mulher emergente no Facebook. Nada melhor do que se inspirar numa mistura de Luan Santana com Marcelo Tas: Visual moderninho (cuidado para não roubarem sua camisa xadrez na balada!), meio litro de gel na cabeça, num misto de Neymar e Edward Mãos de Tesoura, headphone grande colorido para combinar com o tênis furta-cor, calça jeans rasgada e um smartphone. Serve qualquer um, de preferência Nextel, emergente adora um Nextel (tem rádio, dá para falar de graça!). Se der tudo certo vai ficar parecido com um Adam Levine depois da enchente.
  5. Semi-Intelectual - Um dos meus preferidos. Não recomendo o Intelectual puro, pois é um animal em vias de extinção e não acasala com facilidade.  O Semi-Intelectual é aquele que lê meia dúzia de sites ou blogs e repassa a informação que leu no cabeçalho. Repare: ele nunca cita artigos com mais de meia página. Livro de cabeceira? Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago, que apesar de não ser dos melhores, pelo menos ele assistiu o filme, nem precisa ler. Vale a pena citar trechos de música, Coldplay vai bem (o universo gosta de Coldplay), para parecer descolado. Metallica pode, mas só se for versão Apocalyptica. Cerveja? Nortena, importada mas barata e vem em litro. Point? Augusta, é claro! Não descambe para teatrices da Praça Roosevelt, por favor...
  6. Meladão - O Meladão é um tipo muito comum entre adolescentes e pós-adolescentes (até a faixa de 40 anos). Ele é romântico, gosta de Metal melódico, usa roupa preta mas tem coração fofo. As meninas adooooram um tipo Meladão. Os amigos acham o cara meio estranho, os mais radicais acham uma mutação hétero dos Emos, mas eles conquistam as meninas de bom coração e... neuróticas. Se quiser arranjar uma gatinha estressada e controladora, Meladão é a solução!
  7. Em busca do Tempo Perdido - Versão renovada da Idade do Lobo, o Tempo Perdido tem alto custo financeiro: se prepare para investir o que tem e o que não tem para montar este perfil. Pesquise em todos os perfis as características que os seus amigos tem: Alguém viajou para Cuba? Viaje também! Alguém comprou um computador novo? Compre um melhor. As pessoas estão elogiando um amigo seu? Invente um jeito de desqualifica-lo. E seja generoso com as gatinhas (não chame de Tetéia para não denunciar a idade): Dê muitos presentes para as mulheres que te interessam, mas não faça isto em público para não chatear as outras amiguinhas que tem potencial. Para as fotos do perfil, recomendo peito estufado (para esconder parcialmente a barriga saliente), queixo para cima e olhar de "Não olhe para mim, olhe para as coisas que eu tenho". Junte isto a óculos Oakley, pinte o cabelo para disfarçar o grisalho, camisetas coloridas e pronto! Apenas tome cuidado para não passar muito tempo usando este perfil para não acabar realmente acreditando nele...

5.1.12

Dicas para não aparentar que está doidão no Facebook! - Evitando micos

Como você já deveria saber, ficar doidão e acessar as redes sociais são duas coisas incompatíveis. 
Já não basta gostar de Bob Marley, usar roupa colorida, cabelo rasta e sentir saudades do Planet Hemp. O cara ainda quer registrar para toda a eternidade as bobagens que pensa enquanto "viaja na maionese" (como diria o papito dele). Algumas dicas para evitar entrar nas redes sociais e cometer gafes que dificilmente serão esquecidas:


  1. Se você entrar no Facebook e não tiver certeza se está doidão ou não, faça o seguinte teste: Procure uma mensagem bem cafona, daquelas que tem um por-do-sol no fundo e letras em itálico e leia. Se começar a chorar, é  porque você está goiaba. Se depois de chorar achar gozado e começar a rir, saia imediatamente do Facebook, você está zureta.
  2. Não ache que todas as mensagens tem algo a ver com você, ou tem relação com as drogas. O Facebook não está falando diretamente com você, lembre disto. Outras pessoas estão conversando entre si. 
  3. Não comente em posts sobre Viagem que você também está viajandão (Uhuu!)
  4. Não filme sua versão de Starway to Heaven com a guitarrinha do WII, muito menos compartilhe.
  5. Pior ainda, não crie uma versão Air Guitar de uma música que só está tocando em sua cabeça. Vai parecer Imagem e Ação.
  6. Não filme o seu brother jogado no sofá com comentários tipo: "Ih, ó o cara, nem esperou pelo sorvete napolitano".
  7. Não tire fotos da experiência culinária que criou: Invenções exóticas com Miojo (desta vez com Nescau e com o resto do sorvete napolitano) devem ser evitadas. 
  8. Não coloque o sorvete napolitano na cabeça do seu brother que está dormindo no sofá. Não tire foto e não comente "Ih, ó o Palhaço Krusty!"
  9. Evite o excesso de formalidade (Quando o cara está maluco tenta ser formal para evitar dar bandeira, e aí fica formal demais). Não faça comentários como "Agradável reflexão para um final de tarde, meu caro. Congratulassões!" (porque neste estado vai sair um SS ao invés de Ç e o projeto "estou bem" vai por água abaixo.
  10. Não crie um comentário para corrigir a bobagem acima, como: "Ó, desculpa aí, o erro, heheheheh. O certo é reflecção! Nóis fura mais nóis entrega."
  11. Não pegue frases que acha incríveis e traduza para um idioma obscuro disponível no Google Tradutor. Não sugira que as pessoas copiem e colem a frase e fiquem ouvindo o robô do Google falar a frase em cantonês com sotaque do Kraftwerk.
  12. Não encontre outras frases e fique comentando o seu próprio comentário sozinho. Sua timeline vai ficar bem estranha, você falando com você, sobre você, em cantonês...

Dicas para fazer sucesso no Facebook e ser mais popular que o Charlie Sheen - Fazendo Comentários!

Fazer comentários nas redes sociais é uma arte, e é aquilo que diferencia os anônimos dos popstars! Mas para que você também seja um Eleito, é necessário seguir algumas regrinhas:
  1. O comentário num post deve ser tratado como uma escada social, ela serve para que você aproveite um comentário de um amigo para poder mostrar que é mais inteligente e perspicaz que ele, gerando ódio no seu ex-amigo e trazendo novos seguidores de seu perfil.
  2. Gargalhadas longas, como "ugadidnsodsudhbisuhsdfheheh" devem ser evitadas, a não ser que você seja vítima de um AVC ou tenha engasgado com pipoca. Neste caso, seria melhor mandar um SMS para um conhecido pedindo ajuda. Se não conseguir, a opção é se arrastar em direção da porta e tentar chamar o vizinho.
  3. Memes são bem-vindos, contanto que sejam de fonte obscura (esqueça o 9Gag) e não tenham nexo. Se forem simples demais as pessoas vão entender rápido. Vale a pena citar algum amigo ao inserir um Meme obscuro, para que os outros achem que foram só eles que não entenderam ou não estavam conectados na história que você ilustrou.
  4. Cite pessoas que você não conhece, mas como se conhecesse. Ex: "Um dia o Selton Mello disse que atuar é difícil. A gente estava meio bêbado, claro, mas agora entendo o que ele quis dizer". ( Ninguém precisa saber que você estava bêbado de Fogo Paulista na cozinha de casa e ele sorrindo na foto da festa da Revista Caras, né?)
  5. Citação de avô ou de pai estão proibidas. Se você tivesse levado a sério o que eles falavam você não estaria deste jeito hoje, assuma!
  6. "Parabéns" só em situações inesperadas, nunca no dia do aniversário. Condicione seus leitores, faça com que eles não te entendam, que até tentem rir mas não saibam bem a razão.
  7. Invente palavras. " Alaor saiu hoje e deu o maior xaripa! Quem sabe na próxima vez ele não guesta? Pakum, Alaor!"
  8. Se o comentário for para pessoas interessantes do ponto de vista sexual, jogue um verde, vai que ela (ou ele) cai? "Esta foto da sua avó na UTI me lembra nosso último encontro. Seu sorriso...hum.... muito parecido com o dela... ;)
  9. Continue assuntos que nunca foram começados. Comente num post de seu amigo sobre um novo emprego que a meia de lã que você ganhou agora teve um uso decente, e solte um emoticon para reforçar a mensagem.
Experimente e verá: As pessoas vão te tratar de maneira diferenciada e você passará a fazer parte da elite do Facebook!


    2.1.12

    Dicas para fazer sucesso no Facebook e ser mais popular que a Lady Gaga: Publicando Fotos

    Sim, você já percebeu! Ser popular é melhor que ser rico hoje em dia. Estar conectado a pessoas interessantes pode te trazer mais coisas do que ser um jeca cheio de dinheiro desconectado.


    Primeiro de tudo: Nada de muito texto! Fotos, fotos e mais fotos.
    Mas que tipo de fotos?


    1. Fotos em locais especiais e em companhia incrível (serve de Angelina Jolie para cima, não vale no museu de cera abraçado com a estátua dela ou do Justin Bieber)
    2. Legenda interessante e levemente blasé: "Montecarlo já foi mais interessante, hoje os cassinos deixam até o Maradona entrar..."
    3. Todas as fotos devem ser de pessoas levemente alcoolizadas, e de Champagne, nada de prosecco que é coisa de emergente. Ao ser fotografado jogue levemente a cabeça para trás e abra uma gargalhada, de preferência ao lado de uma mulher de vestido decotado estilo tubinho, preto. Ao fundo, a costa mediterrânea. Versões em parque aquático estilo Beach Park com seu avô segurando uma garrafa de Cynar e uma criança vermelha devem ser desconsideradas.
    4. Nenhuma foto deve ser tirada à luz do dia, apenas fotos noturnas, em ambientes fechados, cheios de gente bonita. Exceção para passeios ao ar livre, sem mais ninguém por perto, em locais paradisíacos. .
    5. Animais, só exóticos. Se tiver um guaxinim, ou se tiver criado uma reserva para o veado pantaneiro, fotografe, mas de preferência com alguém totalmente desconhecido ao lado, que será legendado, obviamente, como o maior especialista no mundo neste tipo de animal, e será apelidado por você com um diminutivo estranho que não dê indicação de qual pode ser o nome do infeliz. "Naiô", por exemplo.
    6. Fotos na faculdade só podem ser divulgadas se forem no Exterior e se o curso for algo abstrato, que não tenha nenhum vínculo com fortalecer uma carreira.Você estuda pois gosta de aprender sobre "Tecelagem Maia sobre o Apocalipse de 2012". Comente como os nós dos tapetes puderam te mostrar uma visão diferente da de todos sobre o fim dos tempos, e como um professor exótico (magro, barbado e levemente indigente) te trouxe luz sobre a vida e a morte numa leitura de folhas de chá de coca no gramado de Berkeley. 
    7. Fotos de família só com Baccarat na frente (se não sabe o que é, desista!), dentro de um Balenciaga ou atrás de um Bentley. Pode brincar que fez a combinação para tudo ficar com B, o brasão de sua família que está na sua manga. Permitido emoticon com risadinha só nesta postagem.
    8. Outra opção é fazer tudo ao contrário, aí você se destaca virando Meme, mas o Seu Madruga vai parecer mais refinado do que você. A popularidade tem seu preço... 
    Felicidade de Plástico


    Com tantas pessoas desejando o bem e mostrando uma felicidade plástica, como então o mundo têm tantos problemas?
    Pensei nisto ao ver os votos e as fotos das pessoas nas redes sociais durante a passagem do ano. Fiquei pensando se ao criarmos avatares felizes no mundo virtual conseguiríamos de alguma maneira mudar o mundo físico (o que honestamente acho difícil).


    Sabe o que as redes sociais me lembram? Os bufês de casamento. Imagino que já tenha tido a oportunidade de participar de uma festa destas. Para mim os bufês são a realização de felicidade da classe média: Todo mundo cheiroso, com roupas extravagantes, mostrando o quanto gostariam de ser bacanas. Mas, obviamente, fica nítido que a roupa está um pouco larga, o perfume um pouco exagerado, e a felicidade, forçada. 
    Come-se demais, bebe-se demais, há uma necessidade de extrair o máximo possível da experiência, pois o próximo bufê pode demorar. E tudo termina ao som do Balão Mágico.


    Vejo os votos de felicidade de ano novo de maneira semelhante. Todo mundo tentando melhorar a fotografia de si mesmo, valorizando o que dá e o que não dá, numa alegria que pretendia ser contagiante, mas se torna falsa. Mas como todos são falsos, tenta-se ser melhor no falsear que os outros.


    Li hoje que foram recolhidas mais de seiscentas toneladas de lixo da praia do RJ depois da festa. Lixo gerado pelo desejo de felicidade, de explodir uma alegria inconsequente que permita um escape do indivíduo, uma pequena alienação, que a princípio não faz mal, mas no coletivo gera estragos. Felicidade individual = Toneladas de Lixo.


    O mesmo vale para as redes sociais, mas com um lado ainda mais perverso, já que há a falsa sensação de ser ouvido, e a falsa sensação de que manifestar sua opinião é, de alguma maneira, um caminho para transformar qualquer coisa. É como se indignação resolvesse os problemas do mundo.


    Vi vários fenômenos assim nos últimos tempos, abaixo-assinados, compartilhamentos, uma série de pseudo-mobilizações que saciam a vontade da expressão mas não atuam na transformação do objeto.


    Há um tempo atrás aconteceu de um garoto ficar chateado com o cancelamento do show de sua banda e reagir dizendo: "vou xingar muito no twitter". Esta é a essência do vazio, da imobilização que as redes sociais podem trazer, assim como a falsa sensação de compartilhamento.


    Sim, eu sei, existem benefícios, podemos nos conectar a pessoas que estávamos distantes, mas ao saciarmos nossa vontade através dos avatares podemos perder de vez a conexão física. Do ponto de vista dos memes, é interessante, pois vemos conceitos e ideias se consolidarem dentro de nosso mundo virtual, mas a cada dia o virtual parece mais distante do mundo físico (evito dizer mundo real pois o conceito de realidade é bastante complicado e não se aplica neste contexto). E assim passamos a ter realidades paralelas, não necessariamente complementares.


    A internet passou por um processo de transformação muito intrigante. No começo dela as pessoas se conectavam através do virtual para buscar conexões no mundo físico. Gradativamente a conexão com o físico deixou de ser relevante, o virtual se tornou mais atraente. E hoje o virtual é tão atraente que realizamos coisas no mundo físico para que nossos avatares sejam mais interessantes. O chato é que no fundo sabemos que são apenas projeções, sombras na caverna platônica. Daí a angústia, não mais com o mundo físico, mas com a impossibilidade de viver apenas no virtual.

    1.1.12


    Mal Estar

    Acordei mareado, meio enjoado, sem saber se foi pelo que comi ou pelo que tive de engolir. Qualquer que seja a razão, o resultado é o mesmo: Gosto estranho na boca, dificuldade de digerir, azia, moleza e vontade de ficar na cama para reestabelecer as energias.

    Somos fortes até ficarmos doentes, é assim a natureza. Não há estado absoluto de se sentir bem. Não é porque ontem estávamos bem que hoje o bem continuará. E nem sempre há razão explícita para o mal estar, ele está aí, e precisamos aceitar esta condição.

    De certa maneira o mal estar surpreende, pois vivemos numa cultura que nega absolutamente o mal. Só há o bem, estranhamente nossa sociedade evoluiu para uma afirmação sistemática do bem, e dentro dele o bem estar.

    Talvez por isto que a depressão seja tão pouco compreendida e se manifeste cada vez mais com maior intensidade: Negamos a existência dos maus sentimentos, não existe espaço mental para que expressemos maus sentimentos, físicos e psíquicos. Tudo sempre tem de estar bem. E ao negarmos a possibilidade das coisas não estarem bem, represamos sentimentos e encapsulamos a dor, pois nada pior que o sentimento de ser o único mal num mundo onde todos estão bem.

    No mundo das redes sociais é assim, todos estão bem, ou expressam raiva, que é uma versão do mal aceita por ser forte. Raiva é bom, é poderosa. Fraqueza é ruim, denota fragilidade ou inconsistência, quer seja de caráter ou física. Não podemos nos sentir mal, o que faz com que o sentimento seja potencializado pela sua impossibilidade.

    Mas o mal estar leva a questões interessantes, leva à reflexão, coisa que a raiva não leva. A raiva é uma expressão descontrolada, a fragilidade é um bulir interno, solitário, delicado.

    Delicadeza e reflexão são duas coisas pouco valorizadas atualmente. E, se você estiver se sentindo mal, aproveite a oportunidade para refletir, tentar digerir, aceitar a oscilação que a vida traz, sem ter de se sentir culpado por não estar no topo da cadeia evolutiva. Aceite a fragilidade, seja delicado com seus sentimentos, com seu corpo e com o mundo que o rodeia. Por incrível que pareça, é uma boa maneira de não entrar na espiral da depressão.

    Ovo ou Galinha

    Escrever é preciso. Mesmo que não tenhamos expectativas se seremos lidos ou não.
    Dissertar é um certo contra-senso nos dias de hoje, pois gerar conteúdo escrito que busca a reflexão não é muito popular: estamos na fase das frases, imagens e ilustrações. Basta participar de qualquer rede social que o fenômeno é fácil de perceber.
    Ninguém quer ler mais do que cinco linhas, há muito conteúdo por aí para desperdiçarmos lendo textos de trinta ou quarenta linhas. Imagine então um livro inteiro.
    Ontem contabilizei minhas leituras de 2011: uns quarenta livros. Só o "Da Guerra" do Clausewitz tinha 900 páginas. Aproveitei as férias escolares de julho e curti a maneira de Clausewitz compreender os conflitos armados.

    Curiosamente não leio ficção, e já faz uns dez anos que a ficção não me atrai. Acompanho os lançamentos, leio resenhas, etc etc mas não tenho vontade de ler histórias.

    Neste ano reparei que faço parte de uma geração interessante, pois adquiri o prazer pela leitura e pela escrita de livros e ao mesmo tempo adoro o universo digital. As gerações anteriores tem dificuldade com o mundo digital, e as novas não gostam de ler (em geral, claro).

    Já faz algum tempo que perguntei numa sala de aula quantas pessoas assinavam jornal, e dois alunos me disseram que seus pais assinavam e liam jornais, os outros liam apenas as manchetes na internet.

    Não vejo grandes prejuízos em se ler tudo picado, como lemos no universo de hiperlinks. Mas vejo que perdemos a paciência com histórias longas, textos longos, conteúdos de longa duração. Nem imagino o que aconteceria se propusesse para um grupo de jovens assistir Berlin Alexanderplatz nos dias de hoje, um filme de dezoito horas de duração. Assisti em cinco sessões durante uma semana, indo todos os dias ao cinema. Pensando nos dias de hoje parece coisa de maluco. E talvez seja.

    Um dos livros que li mais interessantes (apesar de estar um pouco cansado do modo de escrever dos autores americanos) foi o Flourish, do Seligman, uma revisão de seus conceitos sobre a busca pela felicidade. Não sei se foi lançado já no Brasil mas para quem tem interesse de entender melhor o que motiva as pessoas é leitura obrigatória.

    Faço um convite: Enquanto eu treino minha volta à escrita você treina um retorno à leitura de textos mais longos. O que acha?

    Um 2012 reflexivo, sem pressa. Afinal de contas, como dizia o Baudrillard, adquirimos pressa e perdemos os objetivos, ou seja, todo mundo está acelerado sem saber para onde vai.