Let´s Go!

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7.4.12

Páscoa - A Verdade sobre as Teorias de Conspiração!

Sem receio de ser perseguido pelos terríveis ocultadores da Verdade, pelo Governo Americano, NASA, FBI e Cacau Show, falo em primeira mão sobre as verdades ocultas sobre a Páscoa. Se eu não voltar a postar em dois dias, aviso que posso ter sido exterminado pelos Iluminatti, ou pelo Ronaldo Nazário.


A conspiração contra o Tatu Bola - Antes da Ditadura Militar Brasileira o animal símbolo da Páscoa era  o Tatu Bola. A CNBB, junto do Papa Pio XII festejavam alegremente o renascimento de Jesus realizando o ritual de Tirar o Tatu da Toca. Pequenas bolotas de mandioca eram distribuídas para a população,que as enterrava nos jardins e esperava três dias para comer.  
Com a Ditadura, o Governo Americano resolveu fortalecer a presença cultural no Brasil e impôs que o símbolo da Páscoa deveria ser o Coelho, que refletia mais as expectativas que os americanos tinham de nosso país: Levado ao forno marinado no vinho, cebola e alho, ficaria uma delícia. De lá para cá, assumimos o Coelho como símbolo da Páscoa, e o Tatu foi totalmente esquecido.


Os conglomerados de refrigerante subsidiam a importação do Bacalhau - Para muitas pessoas comer Bacalhau na Sexta-feira Santa é uma tradição, um respeito a morte de Jesus. O que estes ingênuos não sabem é que a Coca Cola e o Grupo Alaor Trindade (donos das marcas Xamego, Arco Íris e Convenção) investem pesado na importação do Bacalhau Português (que na verdade é Norueguês). Por que? Ninguém sabe dessalgar o bacalhau, e todo prato com o peixe fica salgado, o que aumenta a sede de praticamente todos os brasileiros na Sexta-feira Santa. O consumo de tubaína e cola aumenta 343,5% nesta época. Garanto que você não sabia...


Patinhas de Coelho? Pegadas de OVNI, isto sim - A proliferação de contatos com ETs e os sinais deles espalhados pelas casas acionou a NASA, que teve a brihante  ideia de inventar a brincadeira de deixar pegadinhas de coelho na época da Páscoa (parece que é uma época onde vários contatos são feitos, há um grupo que jura que Cristo não ressuscitou, quem teria saído da tumba era ET, e que nossa Bíblia estaria cheia de passagens alienígenas.


Sobre o Ronaldo Nazário, prefiro não comentar. Acabei de receber uma mensagem SMS de um alto escalão do governo alegando que tem um dossiê sobre minha suposta participação no Village People. Apesar de garantir que é tudo mentira, a melhor estratégia agora é me silenciar sobre o assunto...




6.4.12

Projetos Inovadores para o Centro de SP!

Candidatos a prefeito, hora de se atualizar! Segue uma lista de projetos que cairão no gosto do povão que mora aqui no Centro de São Paulo. Garanto que farão o maior sucesso no horário eleitoral. Podem usar minhas ideias, nem precisa dar crédito.


Vale-Zumbi - Como toda hora temos de dar dinheiro para os Nóias que surgem do nada pedindo dinheiro no estilo Flanelinha do Apocalipse, por que não criar o Vale-Zumbi, um cartão que damos ao Nóia e ele pode levar imediatamente para o traficante? A distribuição, a preços populares, de máquinas de cartão de crédito aos traficantes vai digitalizar o comércio de drogas, que anda informal e caboclo, o pessoal troca até pacote de bolacha por pedra. Não está na hora do Brasil entrar no Primeiro Mundo? É nossa oportunidade!


Proibição do "Sãssa" - Uma das maiores chateações da população é entrar no Metrô lotado e todo mundo tentando sair na estação falando "Sãssa", "Sãssa", "Sãssa".O Aldo Rebelo podia encampar esta ideia, já que é profundo defensor do linguajar formal brazuca. Criaríamos a obrigação de falar "Com Licença", ou a pessoa simplesmente empurra as pessoas e sai, evitando aquela sensação de que estamos numa convenção de fanhos.


O Pula-Bosta - Um mix genial de estratégias, que resolve problemas de transporte criando mini-viadutos nas calçadas para que as pessoas evitem pisar em excremento humano. Como a quantidade é enorme, vai facilitar a vida dos vereadores, que adoram dar nome pras coisas. "Projeto Sola Limpa - Chegou o Pula-Bosta" pode ser o slogan. E a câmara dos vereadores teria o que fazer, dando o nome para todos estes viadutos. Assim pelo menos eles fazem alguma coisa.


Muita Multa - Para que investir em tanto guarda para ficar multando os carros se podemos fazer com que o próprio condutor faça isto? Definimos um kit básico de multas para cada cidadão, por exemplo, num mês o condutor precisa se multar por excesso de velocidade, no outro mês ele se multa por estacionar em local proibido, e por aí vai. Assim ele pode oficialmente fazer uma contravenção mensal, ele mesmo se multa e podemos economizar o dinheiro com o CET e com os Marronzinhos, já que a única coisa que eles fazem é multar os motoristas.


Churrato - Por que deixar livres estes vendedores de churrasco de gato, se cada vez vemos menos gatos pela cidade? Os churrasqueiros já cumpriram seu papel de retirar os gatos da rua. Agora é hora de investir no Churrato, que resolve o problema da fome e o da infestação de ratazanas pelas ruas numa tacada só (mas a tacada tem de ser bem na cachola do bicho, pois ele é resistente). É possível pensar num projeto casado com o Vale-Nóia, cada dois cartões ele troca por meio rato na brasa. Tiramos o dinheiro do traficante e alimentamos os pobres!

5.4.12

Muita Fé e Pouca Luta

No dia 03/04 tive a oportunidade de assistir ao magnífico show do Roger Waters, The Wall.
Foi, talvez, o show mais incrível que assisti, seja do ponto de vista da amarração do tema, da tecnologia utilizada, da Direção de Arte e da qualidade do som gerado pelo artista (em todos os sentidos).
Mas ficou a velha pulga atrás da orelha.


Vi no show uma multidão de classe média, todos de camiseta preta, calça jeans e botas, parecendo uniforme. Mas era roupa nova, arrumada, dava a sensação que aquilo era a versão roqueira de um terno, ou uma túnica a ser utilizada num ritual.
Quando as luzes se apagaram era possível ver milhares (não é exagero) de celulares filmando o show.
A platéia cantou todas as músicas do álbum, estava sintonizada com o espetáculo.


Paralelamente o show obteve bom resultado ao atualizar a metáfora do Muro. Trinta anos atrás (o filme é de 1982) o Muro era a parede política, o conflito armado que pairava nos resquícios da Guerra Fria, hoje ele é a exclusão gerada pelo capitalismo global e pelo terrorismo dos Estados. Um discurso abrangente e funcional, de fácil adesão. O mito do Estado que promove o terrorismo e a exclusão financiado pelas corporações é o complementar na área social do mito de Proteção à Gaia, promovido pelos Greenpeaces da vida, que agressivamente se posicionam contra os ataques à entidade abstrata chamada Natureza. É a figura do Satã Bipartido, ora desajustando o Equilíbrio Social, ora desequilibrando o Meio Ambiente ao violentar a Mãe Terra...


Imediatamente me lembrei da Carta a d´Alembert, de Rousseau, e no papel que todo aquele circo teria. Do ponto de vista político, o show é perverso, pois usa a alienação para criticar a alienação. Todos saíram satisfeitos de lá, ao deixarem extravasar seus sentimentos genéricos de revolta, ao usarem seus uniformes de rebeldia e gravarem seus filminhos particulares que nunca irão assistir, que servirão mais como amuleto mágico, resíduo da experiência mística.


Do ponto de vista metafórico, a figura do Professor, que no filme massifica os alunos (Hey, teacher, leave us kids alone!), que andam em fila, sem rosto, com uniformes, enquanto são levados para uma grande máquina de moer carne, agora se corporifica na figura do próprio Roger Waters cantando no estádio. E, pelo que vi, não havia ironia nisto, os papéis se misturaram e não há mais como separar um do outro.


Flutuando sobre a platéia havia um porco todo grafitado. No Brasil foi feito pela dupla Osgêmeos (atualmente muito criticada pela comunidade do grafiti e do pixo por terem "se vendido ao sistema", coisa que 90% deles pretende fazer, mas não conseguiu ainda). Nele estava escrito: Muita Fé e Pouca Luta.


Evidentemente, o show de Roger Waters é um local de Culto, de Fé, e não de mobilização para Lutar contra aquilo que estava sendo criticado... Tempos bicudos...


4.4.12

O Sucesso de "Para Nossa Alegria"

Para as pessoas que moram em outro planeta e as pessoas do futuro que lerem este texto (talvez ele seja o único texto que sobre no mundo digital e seja tratado como uma bíblia, a referência do passado e da civilização humana, quem sabe?), "Para Nossa Alegria" é um vídeo curto que fez grande sucesso durante pouco tempo no Brasil. Família humilde em cenário humilde, sorridente, cantando desafinado música religiosa.  Se quiser, veja o vídeo aqui.


Quais as razões para o sucesso? Elenco algumas:

  1. Sorriso Social exagerado - Alguns estudiosos, como o Paul Ekman, analisam as expressões faciais humanas, e uma delas é o Sorriso Social. Sabemos distinguir do Sorriso Espontâneo, pois o Social parece meio "forçado". É algo que você espera do atendente do McDonalds, mas não gostaria de ver no rosto de sua namorada quando a pede em casamento.
    Os dois garotos forçam tanto o Sorriso Social que ele parece plastificado, e no exagero, rimos.
  2. A Mãe Séria - Enquanto o vídeo se desenvolve, podemos passear nossos olhos pela imagem, e aí prestamos atenção na figura da Mãe, sentada no meio dos garotos. O contraste da seriedade dela com o Sorriso Social dos garotos gera o estranhamento, que prepara para o que vem a seguir.
  3. A Garota Desafinada - Quando a abertura acústica do violão termina, a família começa a cantar, mas aí o inesperado acontece: A Garota desafina que dói. É impossível de entender o que ela fala. O garoto e a Mãe cantam normalmente, como se aquela desafinação fosse normal. Mais estranhamento.
  4. O Garoto Solta a Voz! - O Garoto, no momento do refrão, solta a voz. E canta bem, com um belo sorriso no rosto. E, para brindar o estranhamento absoluto, a Garota tem um ataque histérico de riso. A Mãe, incomodada, se levanta e vai embora, como se o Garoto tivesse feito algo errado. O único cara que está fazendo direito é, na situação, aquele que está desagradando, motivo de chacota e de rejeição. É possível entrever a barriga mole da Mãe enquanto ela sai do foco, indignada. Para terminar, a Mãe passa com a vassoura na frente da câmera, resmungando alguma coisa.
É assim que surge o riso! E as pessoas se matam de ver pois o vídeo vai acumulando estranhamentos e situações inesperadas, até que a risada da Garota, a Mãe indo embora e o Garoto cantando geram o riso.

Por outro lado, eles se tornam heróis, e depois do vídeo, são convidados a participarem de programas de televisão e entrevistas.

Se tornam heróis por terem conseguido, mesmo que involuntariamente, romper a difícil camada que separa os anônimos dos populares na nossa sociedade de hoje. De uma maneira tão singela e despretensiosa,  conseguem deixar de ser massa e se tornar alguém.

1.4.12

Jogos Vorazes e a Difícil Arte de Crescer

Adultos certamente não entenderão a razão pela qual os adolescentes estão correndo desesperadamente para ver Jogos Vorazes nos cinemas. Quem assistir vai achar médio, com ritmo lento e uma mistura de George Orwell com Lady Gaga, anabolizado com um jeitão de BBB. 
Quem quiser ler a sinopse do filme, basta clicar aqui.
O filme trata de um ritual de passagem da juventude para a vida adulta, e o retrato mostra uma passagem sangrenta, difícil, onde poucos sobreviverão. Há enormes desigualdades sociais, romance e luta, mas a questão de encontrar um papel na sociedade e saber se posicionar se destaca.
Os adolescentes mergulharam no livro, e agora saúdam o filme como um fenômeno pós Harry Potter, uma trilogia a ser seguida.
O que eu pediria aos adultos em geral é que assistam o filme para ver como a garotada está encarando o ritual de passagem para o mundo adulto. O negócio é nervoso, tenso, agressivo. A sociedade com que se identificam e onde estão suas raízes está em colapso, e a que seria a sociedade almejada é de uma afetação kitsch, de sentimentos voláteis e emoções baratas, totalmente midiatizada.
O que vale a pena não é o filme ou o livro em si, mas parar para pensar na identificação que os adolescentes do mundo inteiro tiveram com ele. Assista e veja como hoje é difícil para os garotos enfrentarem o duro desafio de crescer.