Let´s Go!

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27.3.13

Caro Coelho da Páscoa: Diga para seu chefe que não vou dar dinheiro para ele este ano

Querido Coelho da Páscoa da Indústria Brasileira que gosta de ganhar muito, muito dinheiro nas datas comemorativas,

Não vou comprar ovos este ano, e ponto. A partir de agora as pessoas ao meu redor vão ter de se acostumar que o mercado não define o que eu vou comprar, mas sim eu defino. Não quero mais entrar neste tipo de arapuca em nome de uma data religiosa.

Na época de Cristo coelho botava ovo? Cristo falou "Abençoado seja o ovo marrom que sai de dentro do coelho"?

O sentido simbólico da Páscoa é a Renovação, muito mais antigo que o cristianismo ou o judaísmo, herança pagã que celebra o final do Inverno e a entrada da Primavera. É o Florescer que se celebra, as plantas desabrocharem, a beleza cíclica da vida.

Apesar de ser a entrada do Outono no Brasil (diferente do hemisfério norte), a celebração da Renovação é um rito lindo, e vou comemorar com os queridos. Mas não vou pagar centenas de reais para isto. Mesmo sendo chocólatra. Cansei do abuso deste modelo do mercado brasileiro que mais parece um cartel do que livre concorrência. Os preços só sobem, e sabe por que? Porque todo mundo compra.

Pois eu não vou comprar. Simples assim. Vou é celebrar a renovação da vida, vou agradecer as coisas misteriosas que não compreendemos e a dádiva de estar vivo e compartilhar as coisas boas da vida. E isto dá para fazer sem entrar no jogo do mercado.

26.3.13

O Pastor Marcos Feliciano representa (sim) muita gente!

Esqueçamos a troca de cargos e a permissividade dos partidos. Esqueçamos também as questões de corrupção e abusos.
Todas as questões acima podem ser usadas para criticar qualquer político e partido do Brasil, portanto são genéricas e endêmicas.
Não é isto que está em questão.
O Pastor Marcos Feliciano está sendo julgado por assumir um cargo tradicionalmente oferecido para minorias e perseguidos políticos. Foi a fatia que o PSC obteve nas trocas de cargos dos jogos de poder.
(Também vejo como muitos uma contradição existencial do Pastor, ao depilar as sobrancelhas e alisar o cabelo pixaim, numa vaidade complexa e negação de sua identidade, seja lá qual for. Mas acho que esta contradição não se restringe a ele, mas sim a todas as mulheres que fazem chapinha, todos os caras que tomam anabolizantes, clareamento de dentes, Camaro amarelo, e por aí vai)

O que questiono é que a perseguição do Pastor tenha embutida uma postura preconceituosa em relação àquilo que ele representa: Sua classe e seu papel social.

Ele é definitivamente uma liderança emergente, no papel de Pastor, é uma celebridade em seu meio. Faz o que outras lideranças como Edir Macedo e muitos já fizeram. O púlpito é um canal de comunicação para disseminar sua mensagem, obter seguidores e consolidar seu grupo. Mas este grupo, quem é?

Óbvio que este grupo é uma elite que gerencia um grupo maior e obtém privilégios de seus seguidores. José Dirceu incitou a juventude socialista a sair nas ruas em defesa de sua honradez e inocência alegadas. A Marcha da Família por Deus foi uma resposta à Parada Gay, ambas gigantes e poderosas.

Aparentemente O Pastor Marcos Feliciano é um tradicionalista, quando defende valores como Tradição, Família e Propriedade, como Plínio Correia de Oliveira da TFP.

Se ele foi escolhido para o cargo pelo seu partido (Social e Cristão), imagino que o partido pretenda uma projeção potencial desta liderança para que consiga mais espaço no governo ou se candidatando a novos cargos públicos.

O atual Presidente da Comissão de Direitos Humanos representa sim muita gente: A grande massa de evangélicos saídos da periferia, de baixa escolaridade, que busca na comunidade religiosa um espaço social que perdeu ou que nunca teve. E que tem sim valores tradicionais e ambíguos, como a própria imagem do pastor.

O que as pessoas querem? Que eles voltem para o seu devido lugar? Qual é o lugar "destas pessoas"?
Não está na hora de aceitar que grupos democraticamente representados tenham espaço, algum espaço na gestão? Ou eles só podem participar em alguns lugares, e em outros não? Tem certeza que você pensa assim? A imagem da faxineira proibida de subir pelo elevador social vêm imediatamente na minha cabeça...

"Mas ele é retrógrado, preconceituoso, racista", alguns dizem. Eu não tenho nenhuma simpatia por ele, não conheço seu trabalho e não sou religioso, mas fica a pergunta:

Você ainda não tinha percebido que nosso mundo está deste jeito faz tempo? Foi só agora? Jura?

25.3.13

Você tem medo de andar a pé? Bem-vindo à Classe Média!

Tenho reparado como a Classe Média se desacostumou a andar por São Paulo. Acho que ela anda de carro faz tanto tempo que já não sabe o que é encontrar outras pessoas sem buzinar ou querer passar por cima.
Se dentro do carro a Classe Média parece poderosa, nas calçadas fica visível a sua fragilidade. Não olha poderosa, arrogante, mas com medo. Na verdade aparenta verdadeiro pânico de ter de encontrar com estranhos...

Curiosamente a Classe Média não aparenta este medo quando passeia no Shopping, parece estar bem à vontade, mesmo com a presença da nova classe, a emergente que é chamada de Nova Classe Média, mas que em nada se parece com a Velha Classe Média, apenas no desejo de consumo.
Ha um certo incômodo da Classe Média com o "Pessoal da Comunidade" frequentando aeroportos, Shoppings e destinos turísticos, mas como ela ainda se considera superior, enxerga esta presença mais como parasitária do que como ameaçadora. Nenhum pobre com dinheiro é ameaça, ele pode ser rotulado como "emergente"  e tornado digno de ironia, é um "povinho desqualificável" sob os olhos da Classe Média. A Marilena Chauí definiu bem o cenário neste vídeo, um pouco longo (23 minutos), mas que vale a pena.


Mas na rua a coisa muda. Como a Classe Média perdeu o convívio democrático com pessoas "diferentes", tudo se torna ameaça.

Quer fazer um teste? Vá na direção de um casal que anda pela rua que verá o pânico brilhar nos olhinhos deles. Basta isto.
Para mim é o reflexo da auto-exclusão consolidado em muitos anos de condomínios privados, escolas segmentadas por renda, clubes e tudo o mais que tem a palavra Exclusivo. Num primeiro momento o Exclusivo pareceu ser atraente e VIP. O resultado? a Classe Média tentou tanto ser Exclusiva que acabou se excluíndo do mundo ao seu redor.
Alienação é pouco.