Let´s Go!

Let´s Go!
Let´s Go!

27.2.12

Você está gritando por gritar ou quer que alguém te ouça?

Num almoço na Vila Madalena quase não consegui comer com tanta gritaria. Ao meu lado uma adolescente de uns 20 anos (adolescência hoje vai até uns 30), kit moderninha (bem cuidada, cabelinho da moda, vestidinho florido) gritava e chorava convulsivamente com pai, que ouvia calado. Na verdade calado é pouco, o cara era uma estátua. A infeliz estava furiosa com outra pessoa e expressava seus sentimentos em alto e bom tom, pouco se lixando se estava incomodando todas as mesas ao redor.
Aí eu pensei: Se eu acendesse um cigarro aqui, o mundo iria parar. Iriam chamar o Kassab e sua equipe de vigilância de bons modos sociais, me jogariam pela janela, o escambau. Mas é só com o cigarro, e com talvez outras coisas, como ser pobre ou sujo que as pessoas se incomodam. A total invasão de espaço sonoro (não sou obrigado a ouvir o que a Tia Nena acha da moça, nem quero saber quem é a Tia Nena) é justificável, pois ela está expressando a sua opinião, e que o mundo tolere seus resmungos e infantilidades. É assim que a coisa vai.
O inacreditável, e óbvio, era o total alheamento do pai. Não só deixou a filha gritar, como não a consolou, não fez nada para que aquela ceninha acabasse. Nem colo nem preocupação com os que estavam ao redor.


Mas não, não é porque o pai é assim que ela estava agindo desta maneira. Nem é porque a escola não a educou direito sobre boas maneiras. E nem porque estava barulhento o restaurante. A questão é que todo mundo quer expressar os seus sentimentos, mas ninguém quer dialogar. A infeliz só queria gritar, não queria que ninguém a escutasse. Veja a quantidade de gritos espalhados pelas Redes Sociais que perceberá que não há intuito de comunicar, de dialogar, apenas de gritar. E posso garantir que um mundo cheio de gente gritando por gritar não é um mundo melhor.

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