Let´s Go!

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28.5.12

O que seria do emergente sem o plástico preto?

Antigamente festa na comunidade era uma coisa meio coletiva. A "urbanização" era feita na base do empilhamento de pobres em locais distantes, na periferia. Cabia à própria comunidade construir e/ou gerenciar os espaços coletivos e sociais. Nada de biblioteca e galeria de arte, isto é coisa de elite e gente metida. O espaço coletivo era o da festa. De casamento, de aniversário, era juntar todo mundo num espaço, pegar a mesa emprestada do vizinho, o outro traz a churrasqueira, alguém traz as cervejas, e a festa acontecia.
Estas festas sempre foram divertidas, pois elas até tem um "dono" por assim dizer, mas acabam sendo meio de todo mundo, portão aberto, o pessoal vai chegando, trazendo alguma coisa e a festa continua.
A cerveja é ruim, o churrasco é de frango e linguiça, a caixa de som está chiando, mas a diversão rola solta. Em especial pelo fato das pessoas estarem querendo se divertir, há interesse genuíno de todos em dar vazão à brincadeira, em comer uma maionese num prato de plástico e aproveitar um pouco as coisas boas da vida.


Mas não é só de diversão que as pessoas vivem, as pessoas também querem ter status, para se diferenciar dos outros e serem mais especiais do que a média. Isto vale para todo mundo, com raras exceções. E é aí que surge o indefectível plástico preto...


O espaço da festa, antes semi-coletivo (portão aberto, chão de terra batido) dá lugar à garagem, onde um carro lustroso apresenta a família para os vizinhos. Hoje o carro é mais bem tratado que muito filho por aí.
E é no espaço da garagem que começam a acontecer as festas na periferia e na classe média emergente. 


Como gerar exclusividade? Jogando o plástico preto na grade da garagem para que a vizinhança não possa ver o que está acontecendo lá dentro.


Presidenta Dilma, ao invés de baixar o IPI para carros para estimular o consumo, se eu fosse você eu distribuiria quilômetros e quilômetros de plástico preto para a classe C, que hoje já tem carro, já tem garagem, o que ela quer mesmo é seguir o isolamento social que a antiga classe média buscou ao se esconder nos condomínios fechados espalhados pela cidade...
Não acho que seja o melhor caminho, mas aparentemente é o que todo mundo quer.

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