Let´s Go!

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23.5.12

A Sociedade distorce nossa noção de Beleza?

Do ponto de vista de comunicação, este pequeno cartaz é um primor. Bem posicionado (no espelho), gera reflexão e atinge questões de autoestima, autopercepção, muito bom.
Mas será que realmente o modelo de beleza é totalmente construído pela sociedade, e é "distorcido"?


Para podermos analisar esta questão precisamos separar as coisas. A primeira é a questão do modelo de beleza, o que é ele, para que serve, suas origens, etc. Por outro lado, ele é ou está distorcido? E há responsabilidade da "sociedade" por isto? Quem seria esta "sociedade", afinal de contas?


Pelo lado mais primitivo (ou mais básico, no sentido de base da construção do modelo de beleza), a beleza está associada a Simetria. Quanto mais simétricos somos, mais belos somos considerados. Isto vale para todas as culturas humanas, e pelo que parece está associada ao instinto de sobrevivência. Preferimos escolher a maçã simétrica pois ela provavelmente é mais saudável que a maçã assimétrica, que pode apresentar algum problema. Isto faria que associássemos a Simetria a algo bom, e esperado nas coisas. E nos seres humanos também. Combater esta base de associação que temos é complexo e exige muito esforço, pois nossos padrões de aceitar a diversidade, de "beleza interior" são relativamente recentes se comparados com este padrão da Simetria, que é muito antigo do ponto de vista evolutivo.


Mas a beleza, no caso desta imagem, está associada a autoestima e a autopercepção. E estas são coisas totalmente associadas à aceitação por parte do grupo, à comparação. Quer seja do ponto de vista filosófico ou evolutivo, queremos mais do que apenas sermos aceitos pelos grupos: Queremos estar bem posicionados hierarquicamente neles. Almejamos destaque, e este destaque se faz através de valores cultuados por este grupo.
Com a globalização e a aglomeração social em torno dos meios digitais, grupos e redes, alguns valores dos grupos menores se fortaleceram, e outros se dissolveram. Pequenos grupos manifestam seus valores, mas o poder massivo dos grandes grupos define padrões, que não necessariamente são aqueles que compartilhamos, mas que não podemos negar que existam.


Antigamente culpávamos a mídia, a televisão e às propagandas pelo fator "exclusão" dos diferentes, mas hoje a mídia percebeu o potencial mercado que estava ficando fora de seu universo de consumidores ao desenvolver este discurso e focou no diferente. Dois bons exemplos são a Nike e a Unilever. A Nike mudou seu slogan e sua comunicação há alguns anos deixando de lado o foco nos esportistas famosos e de alta performance para vender "Just Do It", cujo princípio é: Vá fazer esportes, todo mundo pode... Melhor vender tênis para milhões de assimétricos do que para alguns milhares de simétricos, não é? A mesma lógica foi usada pela "Campanha pela real beleza", do sabonete Dove, que associava a marca às mulheres belas, mas não necessariamente dentro dos padrões rígidos de beleza globais.


Hoje os padrões são ditados pelas pessoas, pelos milhões de pessoas que se inter relacionam através das redes sociais. E se formos julgar do ponto de vista do Efeito Manada, muito provavelmente teremos modelos e padrões de beleza ainda mais rígidos, a julgar pela tentativa insana das pessoas de serem absolutamente simétricas e dentro do modelo atual do que é belo. O que, pelo que percebo no caso das mulheres, (infelizmente) hoje o visual padrão é a Barbie. A modelo russa da foto ao lado está fazendo de tudo para ser uma Barbie da vida real... E milhões de pessoas estão compartilhando a foto dela neste momento. Inclusive eu...



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