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11.4.12

Anencefalia ou O Que é Vida?

Complexíssima a discussão que está acontecendo sobre o direito ou não de interromper a gravidez (ou seja Aborto) de mães que gestam fetos (embriões humanos) sem cérebro.
A gestação é delicada nestes casos, e a grande maioria das crianças morre assim que é desconectada da mãe, grande geradora do embrião até o final. Valeria a pena passar nove meses com uma criança que irá morrer logo depois de nascer? E os traumas que a mãe carregará durante a gravidez, ao saber que a criança não sobreviverá?


A primeira questão é: O Estado deve definir uma política para isto? Ou deve oferecer as possibilidades para o cidadão decidir? Se o Estado proibir, a prática abortiva será ilegal, passível de penalidades. Se oferecer a possibilidade de escolha, deixará que o(s) indivíduo(s) envolvidos decidam.


A segunda questão, talvez mais importante, é: Como definimos vida? A Anencefalia é interessante pois definiria "Vida" como algo que resida no cérebro, na atividade cerebral. Se não tem cérebro, não tem vida. É  a mesma coisa quando constatam morte cerebral num paciente em coma irreversível. 


Aconteceu um caso há alguns anos de uma mulher italiana, que depois de brigas na justiça, a família obteve o direito de desligar os aparelhos que a nutriam até que ela morresse de inanição. Na época fiquei muito incomodado com o caso, pois pensei com a mesma lógica que penso em relação às plantas (sei que muita gente vai discordar, mas foi assim que pensei): Será que eu tenho o direito de deixar de regar uma planta, até que ela morra? Será que o estado consciente ou as ondas alfa definem a vida? Apesar de entender o sofrimento da família ao conviver com aquela pessoa (que não reconhecem mais como a pessoa de antes), fico na dúvida se temos o direito de tirar a vida dela. Mas isto não significa que o debate não tenha de ser aprofundado, muito pelo contrário, pois sacrificamos animais quando estão irreversivelmente doentes mas não sacrificamos humanos na mesma condição, não há respaldo legal para o aborto no Brasil mas há inúmeros países que legalizaram o aborto, e por aí vai.


A comunidade deveria se mobilizar para debater o assunto, e especialistas são bem-vindos, desde os leigos, passando pelos religiosos, até os maiores conhecedores do assunto.


O que não se pode fazer é evitar o debate, pois o tema do Direito à Vida é essencial para todos.

1 comentário:

Yara disse...

Acho que a questão central é mesmo definir o que é vida, já que isso provavelmente vai embasar as decisões tomadas com relação a aborto ou eutanásia...
No meu trabalho temos que lidar, com alguma frequência, com a decisão de eutanasiar animais...uma das principais justificativas é não manter vivo um animal que está em condição física extremamente ruim, o estado é irreversível e a manutenção da “vida” nada mais é que a continuidade de um estado de sofrimento agudo. E mesmo assim, enfrentamos resistência....imagine quando a decisão é sobre seres humanos.
Pessoas ficam chocadas quando pacientes terminais ou que têm mentes ativas mas corpos imobilizados imploram por eutanásia. O argumento que geralmente escuto (obviamente de quem não está na situação da pessoa, e nem tem idéia de como seja isso) é “pelo menos está vivo!”...está mesmo? De acordo com o critério de quem? Se a pessoa está consciente, creio que tem condições de decidir se o que está levando é vida e se tem condições de aguentar o tranco.....se defendemos a liberdade de expressão, aceitar o desejo de morte não é um respeito a essa liberdade?
Acho que o exemplo que você deu, sobre termos o direito de deixar de regar uma planta até que ela morra é um pouco diferente, pois a água mantém a planta viva, se desenvolvendo normalmente....para uma pessoa em coma irreversível, não há “água”...não há nenhuma intervenção sua que possa mudar aquela condição.
Com relação à decisão de abortar um feto anencéfalo, será que a decisão de interromper essa vida é realmente tomada por nós? Creio que o direito à vida foi negado ao feto no momento em que houve um “erro” em sua formação que impossibilita sua sobrevivência.
No entanto, sinto bastante desconforto quando me questiono se temos o direito de interromper vidas (não fazemos isso com a pena de morte?)....a definição de ”vida” pode ser tão diferente para cada pessoa...se você perguntar o que é vida para cem pessoas, provavelmente terá cem diferentes...olhares..
Ao mesmo tempo, fico pensando que não consigo definir vida simplesmente como um coração batendo e demais processos fisiológicos funcionando (especialmente quando dependem de uma máquina para isso)...tenho a percepção, talvez muito simplista, de que uma pessoa “viva” precisa de interações, precisa perceber o meio que a cerca, atuar nele, se relacionar....
Será que um dia conseguiremos uma boa definição para “vida”? Não sei...mas concordo que o debate é essencial.