Let´s Go!

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17.4.12

Pequenas Tragédias do Cotidiano

Apesar de estarmos atentos aos grandes problemas da humanidade, eles parecem estar longe, muito longe de nós. Minha mãe comentava que quando estava no hospital sentindo as dores do parto de minha irmã meu avô, para consolá-la dizia: "Pense no sofrimento das pessoas na Guerra da Coréia"...
Nenhuma Guerra, nem a da Coréia (a do Norte está assanhadíssima lançando foguetes) é mais importante ou dolorosa que a nossa virose, ou a ressonância magnética de nosso pai. Nossos dilemas cotidianos sempre são mais banais, e ao mesmo tempo mais impactantes.
Fui fazer uma rápida compra antes de voltar para casa, quando vi um casal na frente do supermercado. Como o cachorro não podia entrar, um deles ficou na porta e o outro entrou para fazer as compras. Dois minutos depois, se muito, o que estava fora começa a gritar, chamando o outro. No seu colo o cachorro, se esvaindo em sangue. A camisa do dono cheia de sangue, o chão todo pintado. Em segundos o basset tinha se soltado da coleira e tinha sido atropelado. Morria nas mãos do dono.
Quando o outro chega e vê o cachorro, sente-se mal, têm tontura, é acudido pelos passantes, que falam para levar o cachorro num veterinário próximo. Mas o dono sabe o que aconteceu, é evidente, na sua calma, que percebe que seu cachorro está agonizando.
Saio do supermercado e vejo os dois sentados do outro lado da calçada, em silêncio, acarinhando o mascote.
São as tragédias do cotidiano que nos tocam.

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