Let´s Go!

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23.8.13

Sobre a Exclusão

Há um fundo essencial na Exclusão. Queremos ou não que alguém participe do nosso mundo, da nossa companhia, do nosso espaço?
Por um lado isto poderia ser definido como livre-arbítrio. Afinal de contas, eu não preciso conviver com alguém que não tenha nada a ver comigo ou que me desagrade. Quero apenas viver a minha vida e quero conviver com os meus, com aqueles que gosto e que tenho afinidade.
Claro que é uma postura individualista, a grande maioria das pessoas hoje vive assim.
Mas a exclusão têm várias nuances. Pode ir desde uma postura de apatia perante o outro, aquele que me é estranho, até um genocídio de um determinado grupo. Afinal de contas, a exclusão absoluta é privar de viver aquele que não quero por perto.

O bullying, que tanto vemos nas escolas, nada mais é que a reprodução do sistema de exclusão de dos valores impressos nos adultos com quem as crianças e os jovens convivem. A classe média se auto-excluiu do convívio social, vivendo em pequenas redomas, sem ter de andar pelas ruas e ver os excluídos dos valores que ela prega e exercita.
Para quem quer entender o ponto de vista da classe média semi-abastada, há um belo texto do Contardo Calligaris circulando nas redes sociais, basta clicar aqui para entender como a Inveja é uma mola propulsora da exclusão.

Pensei bastante sobre o assunto  ao ler o livro Holocausto Brasileiro, da Daniela Arbex, sobre o manicômio de Colônia, em Barbacena, Minas Gerais. dentro de seus muros milhares de pessoas passaram por privações e torturas semelhantes aos dos campos de concentração nazistas. Com a justificativa de que seriam "loucas" (portanto não humanas), todo tipo de gente foi mandado para lá, mas todas tinham um ponto em comum: Sua família, seus pares, seu contexto social as consideravam inadequadas para a convivência dentro daquele grupo ou "estranhas". Jogavam estas pessoas dentro dos muros do Colônia e esqueciam. Apesar do tom meio piegas do livro, a reportagem é poderosa e comovente do quanto conseguimos desumanizar as relações quando excluímos alguém.

Esta semana o governo da Síria lançou armas químicas contra a população, e centenas ou milhares de pessoas morreram. As fotos de fileiras de crianças mortas pelo governo está aí para quem quer ver. Tive a oportunidade de ver um vídeo (infelizmente) da AFP com crianças agonizando enquanto médicos tentam salva-las mas não tenho coragem de postar o link, é muito triste e perturbador.

O que é necessário entender é que a Exclusão, radical ou não, gera consequências graves naqueles que são excluídos. E que precisamos estar muito atentos ao nosso comportamento, já que muitas vezes excluímos sem nos darmos conta que estamos fazendo isto.

Não deveria ser possível negar o outro. Mas é possível destrui-lo. E é o que fazemos todos os dias com aqueles que são estranhos a nós.

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