Let´s Go!

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Let´s Go!

29.4.13

Preste atenção nos sinais! Como nos enganamos e fazemos julgamentos equivocados...

Dia destes estava estacionando meu carro quando vi uma briga na rua, bem em frente ao estacionamento. Centro de SP tem de tudo, mas acho que foi a primeira vez que peguei dois caras se batendo.
Um rapaz jovem, negro, batia com gosto num senhor de cabelos brancos, que gritava "socorro, estou sendo assaltado".

O manobrista veio na direção do rapaz e começou a gritar, tentando afastar o agressor da vítima.

Eu olhava a cena de dentro de meu carro, a poucos metros, decidindo se saía ou não do carro. Foi quando eu reparei no olhar do rapaz que batia no idoso: O garoto parecia enfurecido, estava puto.

Foi quando pensei: Nunca vi um ladrão puto da vida. E este cara estava revoltado.

Alguma coisa estava acontecendo e não era um assalto...

Desci do carro e fui até o manobrista. Ele tentava enxotar o rapaz, e eu disse para ele que tinha alguma coisa errada. O "errado" era o outro, o rapaz tinha alguma coisa para contar.

Fui conversar com o garoto. Ele me disse que era Michê e fazia programa na região. E que o outro tinha combinado um programa, fizeram e depois o cara tentou fugir sem pagar falando que ia num caixa eletrônico pegar o dinheiro. Quando o rapaz percebeu o truque do idoso correu atrás dele e tentou reaver o dinheiro. Na briga o "cliente" começou a gritar "pega ladrão" e a confusão desandou de vez.

O "pobre velhinho" gritava: Vou chamar a polícia, seu ladrão!

Neste momento resolvi ir conversar com o velho. Perguntei para ele se precisava de ajuda, e ele disse que queria chamar a polícia. Na mesma hora respondi: Tem um trailer da PM cinquenta metros daqui. Acompanho o senhor.

Aí o assaltado desconversou... "Acho melhor esperar chegar uma viatura".

Eu pisei firme. "Faço questão de acompanhar o senhor! Até testemunho!"

E o velho enrolando... "Vou esperar a viatura passar..."

Nisto o bolo de gente se espalhou, o manobrista entrou com meu carro no estacionamento, e sobramos só eu, o Michê e o Espertalhão.

Chamei o velho num canto e disse: "Meu amigo, melhor pagar o que deve para o rapaz. Sabe por que? O manobrista já foi embora, a multidão dispersou, e eu estou indo para casa. Se o senhor não pagar o rapaz vai continuar apanhando muito... E com razão."

O manobrista no dia seguinte veio conversar comigo. Queria saber como descobri que o rapaz era inocente (entre várias aspas o inocente aqui)...

Esta é a maior dificuldade: Evitar, em algumas situações, o raciocínio intuitivo, muitas vezes baseado em padrões que não temos controle. Olhar a situação e tentar entender, sem julgar.
Na maioria das vezes é impossível. Mas desta vez deu certo....

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