Me peguei neste dilema hoje. Ao chegar no escritório da Joombo, minha agência de publicidade, vi um carro manobrando para estacionar na vaga exclusiva para motos. Quem não conhece o centro de SP não sabe que é bem difícil estacionar moto por aqui, muitas das áreas com Zona Azul não permitem o estacionamento de motos.
Olhei para o carro estacionando, carro grande, importado, descem duas senhoras bem vestidas e entram no prédio em frente. Fico olhando para ver se o motorista ia sair depois das duas desembarcarem, mas nada. O cara continua lá, desliga o carro e fica esperando.
Daí surgiu meu dilema. Queria dar um toque para o motorista, chegar e pedir educadamente que ele retirasse o carro de lá, estas coisas, mas todas as vezes - sem exceção - que fiz isto as pessoas se tornam muito agressivas. Não basta o cara estar fazendo a coisa errada, ele tem de te olhar feio e falar um monte, como se quem estivesse errado fosse você, e não ele. É um comportamento que não entendo, mas recorrente em SP.
Aí resolvi ir até a base da polícia e pedir orientação. Conversei com o soldado que me disse que eu nem precisava abordar o motorista, não precisava falar nada, bastava anotar a placa e trazer para ele, que ele mandava a multa no cara. Fui lá, fotografei a placa e passei os dados para o policial.
Depois que fiz isto o policial me disse: "Estes caras ficam fazendo estas coisas, espera daqui trinta dias ele receber a multa aí vai ver o que é bom para tosse".
Toda esta história me gerou um sentimento estranho, pois se por um lado "fiz a coisa certa", por outro lado não acho que este seja o caminho mais adequado, acho que deveria ter podido falar tranquilamente com o motorista e pedido para ele sair de lá, sem stress para nenhuma das partes. Afinal de contas, estava cheio de vagas por perto, mas as mulheres teriam de andar uns vinte ou trinta metros, nada que mate ninguém. Ir até o posto da PM, fotografar a placa do carro, levar para o policial e mandar multa para o infrator não me deu a sensação que vai melhorar a situação, só que o cara vai ter de pagar multa, e pronto. Não acho que isto ajude a melhorar a atitude do cara, penso que ele só vai ficar puto com a multa mas não vai deixar de parar o carro em local proibido.
Nos Estados Unidos o enfoque é duplo: Além do cara ser multado, ele ainda tem de ouvir uma bronca do policial explicando o que ele fez e por que não deveria estar fazendo aquilo. O constrangimento da bronca me parece mais coercitivo do que o valor financeiro. Mas parece que por aqui o que funciona é mandar multa no cidadão. E "funciona"é só um eufemismo, pois tenho certeza que não funciona.
Por sinal, tivemos recorde de multas em SP no ano passado. Foram 10,1 milhões de multas de trânsito. E não acho que isto melhorou em nada a qualidade do trânsito nem a conduta dos motoristas...
PS - A foto publicada é meramente ilustrativa.
3 comentários:
O pior é que não rola só com trânsito. Rola para tudo: lugar reservado em ônibus, gente falando no cinema, gente empacando na escada ou na entrada...
E para isso nem multa existe! rsrsr
Aconteceu comigo em uma farmácia. Parei longe, entrei nela, denunciei ao dono e ele foi tirar o cara de lá, que tinha me tratado com grosseria. Ganhei a sensação de dever cumprido.
Só começamos a usar o cinto de segurança porque fomos obrigados. Eu mesmo já fui multado por não estar usando, mas foi logo quando a lei começou a vigorar. Já fui multado também por dirigir falando no celular, mas faz muito tempo. Hoje em dia o que você mais se vê é gente dirigindo e falando no celular. Quem sabe a "educação" tenha que doer no bolso para
surtir efeito.
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