Let´s Go!

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16.11.12

Como reconhecer expressões depois do Botox?

Para quem não sabe, o Botox nada mais é que o bom e velho Botulismo (toxina botulínica), versão light. Como o botulismo gera enrijecimento dos músculos, passou a ser utilizado para eliminar rugas de "expressão". Mas sem expressão, como saber o que as pessoas estão sentindo?
Algumas mulheres que abusaram do Botox tiveram problemas por causa disto, dizem que ao perderem os traços expressivos acabaram tendo dificuldades nos relacionamentos. Não conseguem mais que os outros entendam seus sentimentos...

Pornografia e Religião - Não sabemos trabalhar com o Desejo


Acho que todo mundo já devia desconfiar, mas vale o resultado da pesquisa: Em alguns países islâmicos como Egito e Tunísia, há grande procura por sites pornográficos a ponto de estarem entre os 25 mais visitados destes países. Não é pouca coisa,e diz muito sobre o comportamento humano.


Já estamos acostumados a ver o impacto do comportamento sexual na vida de famosos nos Estados Unidos e Europa. De Tiger Woods a Strauss-Kahn,  a sexualidade se estranha com a sociedade. Um escândalo sexual pode comprometer a imagem de uma pessoa da mesma maneira que pode promovê-la. Não há uma regra muito clara, espero poder compreender melhor e escrever em outro momento sobre o assunto.

Mas os países islâmicos, que interessante, né? Tanto julgamento moral da sociedade ocidental, tanta crítica ao modelo ocidental de vida, tanta pregação por um comportamento mais moralmente orientado, e mesmo assim a pornografia sendo acessada intensamente.

Não estou julgando este comportamento, muito pelo contrário, acho realmente instigante pensar sobre isto. 
Estou num ponto - da vida ou do pensamento - em que evito julgar. Não cabe a mim isto, cabe a cada um e suas orientações sociais, religiosas, ideológicas... Admito cada vez mais o lema "Viva e Deixe Viver", e só. Apesar de perceber que a cada dia mais pessoas se sentem no direito de julgar o comportamento dos outros, o universo digital amplificou este comportamento dos pequenos vilarejos.


Talvez a sociedade ocidental seja realmente uma praga (acredito que esta deva ser a resposta padrão que os islâmicos darão depois de terem sidos pegos no escurinho olhando sacanagem pela Internet). "Não foi culpa minha, o mundo é que me corrompeu". Na verdade o "mundo dos outros", os malvados e pervertidos ocidentais.
Mas no escurinho eles continuarão a acessar pornografia enquanto puderem, e nesta mesma penumbra, eles precisarão admitir para si mesmos que não há culpa, há apenas o desejo. E que a sociedade, qualquer uma delas, não sabe trabalhar com o desejo. Ora estimula, ora pune.

PS - Aceito dicas de pensadores e filósofos que discutiram a questão do desejo, quero ampliar minha reflexão sobre o assunto. Por enquanto estou com o Baudrillard, mas quero conhecer outras vertentes.

13.11.12

Intolerância e Identidade

Não há uma só razão para a intolerância, elas são várias.  Há razões ligadas às relações pessoais e às relações sociais, o que já gera um grande leque de variáveis. Mas podemos perceber que as intolerâncias sociais (de credo, etnia, gênero, status social, etc) incidem nas relações pessoais. Assim, o meu credo pode gerar intolerância não ao credo do meu vizinho, mas sim ao vizinho enquanto ser humano. Sempre a intolerância é em relação a pessoas, é deflagrada por ideias e conceitos, mas se manifesta nas relações.
Curiosamente, é um processo de coisificação, a pessoa que não é tolerada deixa de ser pessoa, passa a ser coisa, perde sua humanidade, suas múltiplas dimensões, para se restringir apenas ao objeto da intolerância. Um bom exemplo disto são as inúmeras mensagens de ódio às pessoas encarceradas nas prisões. A partir do momento que você infringiu algum código da sociedade que te levou para a prisão, você não é mais um ser humano, você é um bandido, e bandidos não merecem ter Direitos Humanos, eles não são mais humanos, são apenas bandidos.
É um processo de simplificação que permite que nossa intolerância se manifeste com toda sua crueza (da mesma maneira que acontece quando o "bandido" olha para você na rua e enxerga apenas sua bolsa com dinheiro, esquecendo ou ignorando sua humanidade, suas dificuldades, etc)

Em Manaus, um grupo de alunos evangélicos se recusou a fazer um trabalho escolar sobre a cultura afro-brasileira, pois seus princípios religiosos os impediam de estudar algo associado com o satanismo e ao homossexualismo. Livros como Macunaíma também foram repudiados por estes alunos.

O que pode parecer um caso de intolerância esbarra numa situação muito mais complexa, que é a questão da identidade. Se este grupo de alunos fosse formado por europeus (ou asiáticos, ou qualquer outra etnia) ou de descendentes de uma etnia isolados num contexto cultural e separado geograficamente do cotidiano da Amazônia, daria para entender algum estranhamento cultural que gerasse esta intolerância. Não justificaria, mas seria um pouco mais compreensível.
Mas eles são descendentes da miscigenação cultural brasileira, ou seja, fazem parte deste caldo cultural de nosso povo.
Negar a influência da cultura afro no Brasil, se recusar a sequer estudar esta cultura, é um problema de negação de identidade, e não de intolerância. 
Que possamos e queiramos mudar nossa identidade, ampliar nossos horizontes identitários, não vejo problemas. Mas a negação absoluta de parte de suas raízes pode ser um problema. Podemos até almejar nos descolar de nossas raízes, mas o sofrimento será inevitável, em algum momento teremos de nos confrontar com esta realidade. Negação da realidade não faz bem para a saúde...