Uma das coisas que mais mobiliza pessoas na Internet é o cuidado com os animais. Denúncias de gente malvada que faz atrocidades com bichos são constantes nas redes sociais e nos blogs.
Uma das brigas políticas que aconteceram com sucesso dos defensores dos animais foi contra as Touradas, um tipo de espetáculo onde o toureiro evita os ataques do animal e vai dominando a situação até o momento em que mata de vez o touro.
Do ponto de vista da tradição a Tourada é um ritual mais que milenar. Variações dela existem em inúmeras épocas e povos espalhados pelo mundo. Não há nada de novo na Tourada, mas sim na maneira de se ver a Tourada.
Do ponto de vista simbólico a Tourada é riquíssima e poderosa: É um ritual místico do embate do homem contra as forças da natureza, realizado coletivamente onde um dos homens vai de encontro ao animal e demonstra todo o seu poder ao derrotar um animal muito maior e mais forte do que ele. Este homem realiza este ato de bravura e todos ao redor estão representados nele.
Por outro lado, a indústria da carne cresceu de uma maneira descontrolada. Só no Brasil um dos maiores frigoríficos do mundo abate em torno de cinquenta mil cabeças de gado por dia, o que dá uma média de um milhão de animais transformados em bife por mês.
Há raríssimas imagens destes processos: os frigoríficos não são bobos e sabem que se forem divulgadas imagens destes animais desesperados em fila sendo mortos têm gente que não vai se animar a pedir hambúrguer na lanchonete.
Em compensação há inúmeras imagens de touradas, já que elas povoam o universo simbólico da humanidade.
E aí, a loucura coletiva: Grupos de defesa dos animais lutam para extinguir as Touradas, comunidades se mobilizam contra este tipo de mau-trato, mas deixam que a indústria da carne transforme vida em bife sem problemas. Em escala de centenas de milhares de animais mortos por dia.
Ah, alguns dirão, mas estes animais são fundamentais para nossa alimentação, precisamos comer! Mas eu pergunto: E o alimento simbólico da Tourada? A força do homem, o símbolo da fertilidade, o embate entre forças desiguais, o culto à destreza e agilidade que ela representa? Não é alimento também?
Não seria mais interessante vivermos num mundo onde preparamos grandes touros para lutarem conosco ao invés de vivermos num mundo onde preparamos bois gordos para serem comidos?
Let´s Go!
18.5.12
17.5.12
Como não fazer uma propaganda "viral"
Hora de aprender, pessoal! Está cheio de publicitário moderninho achando que sabe fazer campanha e o resultado não é bom.
O exemplo de hoje é um liquidificador da Electrolux, ótima marca, mas infelizmente a campanha desandou...
Qual é o raciocínio da campanha? Posicionar o produto dentro de um contexto que seja moderno, gere interesse nas pessoas e tenha aderência com as características do produto. Deste ponto de vista, a estrutura está perfeita!
Em cena, um comediante de stand up tenta fazer piadas enquanto o barman faz um suco num liquidificador barulhento. Quando o comediante percebe que o show vai acabar por causa do barulho, ele dá de presente para o barman um liquidificador silencioso, e o show continua com o comediante feliz e todos rindo.
Mas então qual é o problema? A mensagem foi passada, a estratégia está boa... Mas o roteiro, a produção e a direção acabam atrapalhando um potencial viral (disseminação pelos próprios internautas), e a campanha fica com cara de falsa, de simulação. Por que?
Por uma questão de linguagem.
O vídeo ficou com cara de propaganda de televisão, não com cara de YouTube. Seria necessária uma linguagem que induzisse o público a uma percepção de improviso, mais ágil nos cortes, mais "câmera na mão". O comediante conta as piadas sem passar nenhuma sensação de improviso, parece tudo muito ensaiado. E o acabamento da imagem denota uma forte pós-produção. Sabe as novelas da Globo depois daquele Photoshop em tempo real, que deixa a pele de todo mundo lisinha? O Tutancâmon pareceria uma criança numa novela da Globo.
Pois é, a sensação é esta. E aí fica parecendo que foi um comercial inserido no YouTube, algo que não é nativo da Internet, falta a linguagem da Web para a campanha.
Isto sem contar os comentários falsos que são postados provavelmente por gente paga para escrever. Se vocês lerem verão como a campanha se torna mais falsa e mais estranha ainda. É uma simulação, e fica visível esta simulação. Conclusão? Uma boa ideia se vira contra a marca, que parece tentar iludir seus potenciais clientes.
Já viu velho que quer parecer jovem? Que usa gíria errada, umas roupas descoladas, cabelinho da moda, mas que não engana ninguém?
Electrolux, cuidado com a campanha, ela atrapalha mais do que ajuda....
Veja por si mesmo.
O exemplo de hoje é um liquidificador da Electrolux, ótima marca, mas infelizmente a campanha desandou...
Qual é o raciocínio da campanha? Posicionar o produto dentro de um contexto que seja moderno, gere interesse nas pessoas e tenha aderência com as características do produto. Deste ponto de vista, a estrutura está perfeita!
Em cena, um comediante de stand up tenta fazer piadas enquanto o barman faz um suco num liquidificador barulhento. Quando o comediante percebe que o show vai acabar por causa do barulho, ele dá de presente para o barman um liquidificador silencioso, e o show continua com o comediante feliz e todos rindo.
Mas então qual é o problema? A mensagem foi passada, a estratégia está boa... Mas o roteiro, a produção e a direção acabam atrapalhando um potencial viral (disseminação pelos próprios internautas), e a campanha fica com cara de falsa, de simulação. Por que?
Por uma questão de linguagem.
O vídeo ficou com cara de propaganda de televisão, não com cara de YouTube. Seria necessária uma linguagem que induzisse o público a uma percepção de improviso, mais ágil nos cortes, mais "câmera na mão". O comediante conta as piadas sem passar nenhuma sensação de improviso, parece tudo muito ensaiado. E o acabamento da imagem denota uma forte pós-produção. Sabe as novelas da Globo depois daquele Photoshop em tempo real, que deixa a pele de todo mundo lisinha? O Tutancâmon pareceria uma criança numa novela da Globo.
Pois é, a sensação é esta. E aí fica parecendo que foi um comercial inserido no YouTube, algo que não é nativo da Internet, falta a linguagem da Web para a campanha.
Isto sem contar os comentários falsos que são postados provavelmente por gente paga para escrever. Se vocês lerem verão como a campanha se torna mais falsa e mais estranha ainda. É uma simulação, e fica visível esta simulação. Conclusão? Uma boa ideia se vira contra a marca, que parece tentar iludir seus potenciais clientes.
Já viu velho que quer parecer jovem? Que usa gíria errada, umas roupas descoladas, cabelinho da moda, mas que não engana ninguém?
Electrolux, cuidado com a campanha, ela atrapalha mais do que ajuda....
Veja por si mesmo.
16.5.12
Nossos sentidos nos enganam...
Ontem à noite tive uma experiência muito estranha: Acordei na madrugada e ouvi alguém mexendo no meu banheiro, como se colocasse um copo de água na pia. Meio sonado, percebi que o barulho ia para a sala, e aí comecei a ficar esperto. Tinha a certeza que alguém estava andando dentro da minha casa às duas da manhã.
Acendi as luzes e comecei a andar em busca do misterioso invasor noturno.
Não preciso dizer que não tinha ninguém em casa. Se fosse encanado com aparições sobrenaturais, estaria tremendo até agora.
Como nossos sentidos nos enganam! É uma coisa tão comum, que muitas vezes esquecemos que nosso olfato nos engana, ouvimos sons, deduzimos coisas erradas, vemos coisas que parecem, mas não são... E dentro desta confusão enorme de percepção ainda sim tentamos definir um princípio de realidade.
Quando fui para a academia, outra curiosidade: Olhei no espelho e a cor do meu tênis estava bem diferente da cor original. Como o espelho tem uma coloração diferente, geralmente eles rebaixam a cor, pois são acinzentados. Da mesma maneira o monitor em que você vai enxergar a imagem que coloquei neste post nunca vai apresentar a mesma cor que eu vejo no meu monitor.
Acabamos estabelecendo alguns parâmetros para definir o que é realidade, e nos apoiamos neste parâmetros, sem eles necessariamente serem reais. Eles são interpretações do real, ou similares ao real. Definimos como real, apesar de não o serem.
O problema é quando achamos que o que vemos é real, pois o risco é de pirarmos (no meu caso dos sons noturnos, que vinham da vizinha de baixo), ou de ficarmos debatendo com os outros, que enxergam as coisas de um jeito diferente. Ficaremos tentando convencê-las que o que estamos enxergando (ou ouvindo) é real, e o que eles acham que é real, não é...
Acendi as luzes e comecei a andar em busca do misterioso invasor noturno.
Não preciso dizer que não tinha ninguém em casa. Se fosse encanado com aparições sobrenaturais, estaria tremendo até agora.
Como nossos sentidos nos enganam! É uma coisa tão comum, que muitas vezes esquecemos que nosso olfato nos engana, ouvimos sons, deduzimos coisas erradas, vemos coisas que parecem, mas não são... E dentro desta confusão enorme de percepção ainda sim tentamos definir um princípio de realidade.
Quando fui para a academia, outra curiosidade: Olhei no espelho e a cor do meu tênis estava bem diferente da cor original. Como o espelho tem uma coloração diferente, geralmente eles rebaixam a cor, pois são acinzentados. Da mesma maneira o monitor em que você vai enxergar a imagem que coloquei neste post nunca vai apresentar a mesma cor que eu vejo no meu monitor.
Acabamos estabelecendo alguns parâmetros para definir o que é realidade, e nos apoiamos neste parâmetros, sem eles necessariamente serem reais. Eles são interpretações do real, ou similares ao real. Definimos como real, apesar de não o serem.
O problema é quando achamos que o que vemos é real, pois o risco é de pirarmos (no meu caso dos sons noturnos, que vinham da vizinha de baixo), ou de ficarmos debatendo com os outros, que enxergam as coisas de um jeito diferente. Ficaremos tentando convencê-las que o que estamos enxergando (ou ouvindo) é real, e o que eles acham que é real, não é...
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