Já escrevi há algum tempo atrás sobre a importância de demonstrações masculinas de poder e status social. Da mesma maneira que a mulher precisa ser atraente fisicamente, o homem necessita ser atraente no quesito status. Raras são as mulheres que querem deliberadamente se envolver com homens situados numa baixa escala de influência social (pensando na estratificação dos mamíferos sociais, onde existem os machos e fêmeas alfa, beta, e assim por diante). Quanto maior o status do macho mais chaces da fêmea se sentir protegida. Raciocínio neo-darwinista básico.
Dentre os símbolos de status mundiais, vemos o dinheiro, o sucesso/fama e poder político como padrões recorrentes. Pessoas ricas, famosas e politicamente influentes são "bons partidos", da mesma maneira que pobretões desconhecidos e isolados tendem a ser escolhas não interessantes na hora de acasalar e procriar.
Mas há um elemento curioso que tem forte apelo na hora do acasalamento: O carro.
Claro, o carro é uma das manifestações de sucesso, e de dinheiro. Uma pessoa que anda com um carro caro e vistoso está simultaneamente mostrando sua plumagem artificial e provando que é capaz financeiramente de ter um objeto de alto custo. Há também a teoria da compensação, carrões enormes para egos diminutos, baixinhos em jipes grandes, como se fosse uma perna de pau social.
Mas há a questão da mobilidade. E a mobilidade traz outros elementos para nossa reflexão. O primeiro é que hoje o carro é fundamental para geração de resultados num encontro, quer seja na cidade ou no campo. Se sair com uma pessoa que não tem carro, como a noite poderá se desenvolver? De ônibus? O cavalheirismo se esvairá (e as chances de acasalamento também) na hora em que for se despedir da moça e leva-la até o ponto de ônibus, ao até o carro de outra pessoa.
O carro também se manifesta como um potencial local de intimidade. Repare que as pessoas se comportam dentro dos carros como se estivessem longe de todos. No trânsito todo mundo tira meleca do nariz, corta os pelos do ouvido, come, como se ninguém estivesse ao seu redor.
Da mesma maneira, levar a fêmea para um ambiente teoricamente íntimo já é um passo na aproximação do proto-casal.
Há um outro elemento que ajuda bastante na melhoria da raça, pois há estudos que comprovam que cada vez temos maior variedade genética nos humanos decorrente da capacidade de mobilidade gerado pela capacidade de se mover usando cavalos, bicicletas, trens, aviões e, obviamente, carros!
Muita gente que convive com adolescentes acha que esta fase da vida é extremamente egoica, voltada para si mesmo, os adolescentes não estariam nem aí para o resto do mundo. Em especial em relação aos pais.
Aparentemente o comportamento é mesmo autocentrado. O que fica para os pais e adultos ao redor é a sensação de que eles só têm tempo para os amigos, que não querem fazer nada além de conversar com a turma, sair, estas coisas. Estudar, muito raramente. Atividades em casa, participação na rotina, nem pensar.
Já ouvi gente falando que isto está associado ao desenvolvimento neuronal e mental, que é uma fase em que a responsabilidade ainda está amadurecendo, por assim dizer. Mas tenho minhas dúvidas que seja só imaturidade. Inclusive pelo fato da adolescência ser um fenômeno social recente. Existem várias sociedades em que ela não existe nem existiu, o cara passa por um ritual de passagem e ploft! É adulto e não se fala mais nisto.
Vamos pensar na seguinte hipótese: O ser humano é um bicho social, vive no coletivo e depende dele para viver, quase como uma colônia. Tem gente que não gosta de pensar assim e quer valorizar apenas o indivíduo, mas somos muito dependentes uns dos outros.
A sociedade atual ampliou a interdependência através dos meios virtuais. Não só precisamos nos relacionar com as pessoas ao nosso redor como também nas redes sociais e nos meios de comunicação. Nunca fomos tão interdependentes. Tem de fazer bonito com os amigos, com a turma do Facebook, com o pessoal do Twitter e mais um monte de outras conexões variadas.
O aprendizado do convívio social passa pela construção de nossa própria rede de relacionamentos, uma das coisas que os pais e adultos sempre esquecem. Os jovens vivem boa parte de sua infância na rede de relacionamentos de suas famílias, e tem um momento em que começam a construir suas próprias redes. Este momento geralmente acontece na adolescência, e gerenciar amizades, colegas, desafetos, amores, paixões e interesses é algo que demanda investimento. E é o que eles fazem: Estão construindo sua network, ao mesmo tempo que aprendem a construir networks. A habilidade de construir e gerenciar networks vai ser crucial na sobrevivência deste jovem no futuro.
Existem pais que chegam em casa chateados por causa de problemas com o chefe no escritório e ficam irritados pois os filhos estão totalmente dedicados a gerenciar a crise no grupo de amigos que foi gerada por uma briga entre eles. Os pais acham que é exagerado o grau de importância que é dada ao assunto, que o filho não deveria estar tão preocupado com assuntos bobos, mas acha extremamente sério o fato do chefe dele ter dado uma bronca nele sem razão.
Cá entre nós, não é a mesma coisa? O grau de importância quando se está fora do contexto sempre parece menor, afinal de contas aquilo não implica em problema nenhum para a gente. Mas para quem está dentro do contexto, as coisas parecem muito maiores, até além do que deveriam ser.
É hora de valorizar a importância da construção de redes de relacionamentos na adolescência. As escolas (por exemplo) ensinam até astrofísica, mas tratam de maneira secundária a capacidade de interação e construção de grupos de afinidades. Sem desqualificar a astrofísica, acho que alguém pode sobreviver muito bem sem conhecer os anéis de Saturno, mas se não souber conviver e gerenciar diferentes relacionamentos, esta pessoa vai ter muitas dificuldades pela frente...
Desde que sou pequeno ouço falar no Voto Distrital, uma maneira diferente de contabilizar votos e representantes políticos. A quantidade de representantes estaria associada com a densidade demográfica, ou seja, pela quantidade de habitantes e não por divisões de estados.
Hoje cheguei a conclusão que vou morrer e não ver isto ser implantado no Brasil. Aí resolvi fazer uns cálculos.
O Amapá tem uma população de 450.000 pessoas, menor que São José do Rio Preto. O Sarney foi eleito Senador por Amapá com 140 mil votos. Nem vou entrar em detalhes sobre o que ele foi fazer no Amapá, é assunto para outro post.
São Paulo tem uma população de 41.250.000 pessoas. Aloysio Nunes foi eleito com 11.200.000 votos.
Na hora de votar no Senado, o voto do Aloysio Nunes representa 41 milhões de pessoas, e o do Sarney representa 450 mil pessoas, mas os votos deles têm o mesmo peso na hora da votação. A constatação óbvia: Meu voto vale 1/100 de um voto de um amapaense.
Quer fazer seus direitos serem defendidos no Senado? Mude-se para o Amapá, você vai imediatamente valer por cem vezes mais!
Estas excrescências políticas estruturais ajudam ainda mais a piorar a qualidade do jogo político no Brasil.
Sabe quando isto vai mudar? Nunca! Você acha que os senadores dos estados menos populosos votariam a favor de uma emenda assim?
Outra questão é: Para que ter duas câmaras? O sistema bicameral serve para quê? Até hoje não sei para que ter Deputados e Senadores. Uma câmara só não basta?
Acho que vou me mudar para o Amapá e tentar carreira política. Com uns quinhentos votos já consigo ser deputado estadual. Se eu falar bonito, fizer uma campanha básica e prometer algumas bobagens eu tô eleito. E sou mais bonito que o Sarney! Se bem que o meu bigode é mais ralo, talvez seja melhor deixar para lá...