Let´s Go!

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11.2.12

O que é Sorte? O que é Azar?

Hoje na minha ginástica (ou seria mais chique dizer fitness?) aconteceu algo interessante. Enquanto estava fazendo musculação tinha um cara fazendo supino com um monte de peso, um pouco mais do que ele aguentava. Quando foi desmontar a barra, três anilhas de 15Kg caíram ao redor dos meus pés, dando um baita susto em mim e nele.


Três objetos deste peso caindo de mais de um metro de altura podem gerar um estrago no pé de uma pessoa, são nove sacos de arroz.


O cara olhou assustado e eu fiquei meio bravo. No fim, eu disse para ele: "Você teve azar de deixar cair e eu tive sorte de não caírem no meu pé".


Aí pensei no que pode ser a Sorte e o que pode ser o Azar? Como naquelas histórias de acidente de avião que o cara chegou atrasado e perdeu o vôo fatídico. Imagino que na hora que o ele chegou no aeroporto se sentiu o último dos mortais, mas quando viu a bola de fogo na televisão ajoelhou e agradeceu aos deuses pelo atraso.


Lembro de uma frase do Steven Pinker, neurocientista instigante, que define a felicidade como sendo "o intervalo de tempo que começa quando você sabe que teve um aumento de 10% no salário até o momento em que descobre que todos seus colegas tiveram um aumento de 20%".


De certa maneira Sorte e Azar são definidos da mesma maneira, dentro de uma linha de tempo e narrativas pessoais, pois o desencadear dos fatos posteriores irá realmente estabelecer o que foi um ou outro. E, como a linha de tempo e narrativa (fluxo e como a consciência estrutura o passado) só terminam com a morte: enquanto estamos vivos teremos de nos contentar em saber que a Sorte ou o Azar são apenas definições temporárias, e que um dia esta "Tag" pode mudar, e ganhar na loteria será péssimo e sua casa desmoronar foi o melhor que poderia ter acontecido em sua vida.

9.2.12

Quando o homem cede e a mulher escolhe a roupa dele

Convivência é uma m..., como diriam alguns. 
As mulheres adoram dar pitacos nas roupas masculinas. Homens em geral resistem às suas namoradas e esposas, mas a influência é grande e longa, que começa com nossas mães.


Toda mãe gosta de escolher roupinhas para os filhos pequenos. Mas quando crescem, alguns não desenvolvem gosto próprio ou são dominados pela imagem materna e continuam a se vestir como a mamãe diz.


Vejam o caso deste infeliz da foto. Típica dominação feminina. Como é que um macho adulto se veste deste jeito? Só se for para fazer figuração no Miami Vice. Terno mostarda não é para os fracos! Ou seja, a falta de noção domina. A mãe provavelmente viu numa revista feminina o Johnny Depp vestido assim (bom lembrar que o Johnny Depp pode se vestir de qualquer jeito, ele é o cara) e convenceu o filho solteirão de 40 anos a usar um look amarelão. Não contente, chamou uma senhora do bairro que corta o cabelo do seu avô, que por sinal é careca, e mandou cortar o seu cabelo estilo chanel.




Mulher gosta de vestir tudo. Este pobre cachorro ao lado. Quanto vale que as moças acharam uma gracinha? E ainda aplaudem o coitado animal por ser paciente e ter deixado colocar a tanga. Alguém teria coragem de usar esta tanga depois? Fica a dúvida....




Na adolescência a rebeldia manda! Pica o cabelo, pica a calça, tecnicamente a adolescência não existe sem uma tesoura e furos.
Mas não precisa exagerar e continuar com o visual esquisitão, para não ficar velho e parecido com o cruzamento do Nicholas Cage com uma vassoura. Nem tanto ao céu nem tanto à terra, dá para ser moderno sem levantar dúvidas sobre sua orientação sexual...
Outra manifestação da rebeldia é o total descaso, aquele homem que rejeita Darwin e assume seu momento animal (no caso, o porco)
Não toma banho, não corta o cabelo, não usa roupa, come lavagem e tenta se acasalar com o Xbox, quando o Xbox não está com dor de cabeça.


Mas a modernidade sempre surpreende. Hoje aceitamos como modernos os toques da vovó e da mamma, contanto que em vestimentas inusitadas. Uma barba de crochê, por exemplo. Por que não? Vou sair pela Augusta com um mustache de fuxico! Estou ao mesmo tempo deixando minha mãe feliz e caindo na boca do povo.




A recomendação deste que vos fala é: Evite aceitar todos os toques, mas a maioria deles faz sentido. Se a mulher dominar totalmente o armário masculino, o homem corre sérios riscos de perder a identidade de gênero...

8.2.12

Ah, o acasalamento!

Apesar de não ser um especialista na área, tive a oportunidade de ver vários amigos meus se arriscando nas artes do amor. Conto aqui algumas histórias reais, mas com nomes trocados, para evitar o ódio e o ressentimento dos envolvidos.


A primeira história é de um amigo que vamos chamar de Alaor. Ele tinha acabado de conhecer uma menina e o clima estava esquentando entre os dois. Alaor, muito antenado nas modernidades de nossa sociedade, preparou uma noite caliente para sua amada. Tinha ouvido falar que brincar com comida era um estimulante sexual. Pois bem, como bom fã de Leite Condensado, resolveu lambuzar toda a sua parceira com a substância, para criar aquele clima. Se jogasse coco ralado virava um Bolo Prestígio.
Mas Alaor não contava que o negócio seca, e é grudento. Quando os dois corpos se entrelaçaram aconteceu o inesperado: Uma sessão de depilação mútua, regada a muitos "ais" e "uis". Meu amigo ficou com o tórax parecido com daqueles caras que fazem eletrocardiograma, uns tufos prá lá e outros prá cá. Sobre o resto do corpo, prefiro não comentar. A moça, obviamente, sumiu.


Outra história muito interessante  foi de um outro amigo, o Vanuso. Estávamos num grupo de teatro e ele de olho numa atriz muito bonita, que estava com dificuldades de "sensualizar" a personagem dela. E eu, como diretor, resolvi segui pelo caminho da "memória afetiva", técnica muito usada para ajudar atores nesta situação. O Vanuso se antecipou e disse que poderia dar uma dica para ela, a partir de sua vivência no ramo.
Ele olhou nos olhos dela e disse, com aquele sorriso meio de lado numa mistura de RPM e Vanilla Ice: "Quer uma dica? Faça como eu: Leia livros de filosofia. Toda vez que leio filosofia tenho uma ereção".
Curiosamente a atriz não saiu correndo, mas nunca mais falou com ele. E eu, por prudência nunca mais pedi livros de filosofia emprestado para ele...

7.2.12

O Crustoli e o Sonho (no caso, o Pesadelo)

É incrível como nossa alimentação pode trazer insights interessantes.
Ontem a noite resolvi comer Crustolis, uma sobremesa italiana feita de massa de pastel frita com açúcar e canela, coisa de imigrante pobre. E, uma delícia.


Este tipo de comidinha me lembra infância (como para outras pessoas é o Bolinho de Chuva) e minha avó. Numa padaria italiana comprei um saquinho de crustoli para matar a vontade e lá vou eu atacar o pobrezinho bem antes de dormir.


Quem já teve refluxo sabe o perigo que é comer fritura ou comidas pesadas antes de dormir. E nem preciso dizer que ontem estava um calor amazônico, o que também atrapalha o sono.


Em suma, suei montes e tive um belo pesadelo. E foi ele que me chamou a atenção. Não me lembro de detalhes, mas nele existiam pequenas criaturas que me seguiam, e quando eu olhava na direção delas, elas sumiam ou se escondiam.


E acordei no meio da noite pensando nestas criaturas que não vemos e que nos assombram. E posso dizer que existem muitos medos, mas os maiores de todos são associados ao desconhecido. Temos uma relação ambígua com o desconhecido, pois queremos a novidade mas não queremos o absolutamente novo, que é incontrolável e não categorizável por natureza (até nos acostumarmos a ele).


E lá estava meu sonho me mostrando como tenho medo do desconhecido, e como não consigo enquadrá-lo, organizá-lo, etc etc etc.


A prática do desapego nada mais é que aceitar o desconhecido em nossas vidas, mesmo que tenhamos medo do que possa acontecer. Pois sempre teremos os medos.


Quando era pequeno li uma bela história em quadrinhos do Fantasma, onde ele entrava numa aldeia de canibais, gritava com todo mundo, salvava a mocinha e se mandava. Lá fora, dois guardas florestais perguntam a ele se tinha tido medo. Ele diz que "Tinha morrido de medo", daí um dos guardas pensa (naqueles balões de sonho): "Coragem não é não ter medo, e sim ter medo e continuar".


Nada como um crustoli bem gorduroso para me fazer lembrar que sempre teremos medo, e sempre devemos continuar...

6.2.12

Cada um tem sua moeda

Estava conversando com um especialista em Recursos Humanos quando ele me disse que uma das coisas mais importantes da vida é identificar qual é a sua moeda.

Moeda é aquilo pelo qual você faz as coisas. Há pessoas muito infelizes não por que não conseguem se realizar, mas pelo fato de não saberem o que querem em troca do mundo.

Lógico que todos queremos felicidade, sucesso, saúde, etc. Mas quando saímos todos os dias em busca de alguma coisa (e praticamente todos fazem isto), acabamos não tendo foco no que queremos trazer de volta.

Uma das moedas é, claro, o dinheiro. Há pessoas que buscam o dinheiro como resultado das coisas que faz. Quando volta para casa com dinheiro, ele se realiza. Mas nem todos são assim, apesar de acharem que este é o caminho, ou o único caminho. Dinheiro é importante, compra brinquedos, paga contas e traz status, mas ele não é a única moeda existente.

A outra é o reconhecimento, que pode ter algumas vertentes, as mais relevantes são:

O aplauso - Você fica feliz de se destacar, de estar num patamar que sacia sua vaidade e mostra para o mundo inteiro seu valor.

O abraço - Você quer que as pessoas te amem, te aceitem, e isto traz sua satisfação e felicidade.

Obviamente não temos moedas "puras", apesar de que algumas pessoas só buscam exclusivamente uma ou outra: A grande maioria tem um mix dentro de si, misturamos um pouco de cada moeda. Mas precisamos manifestar nossa busca por cada uma delas, pois o dinheiro não vai satisfazer nossa vontade de aplauso ou de carinho, nem vice-e-versa.

Da mesma maneira que não dá para eu chegar no açougue, fazer um pedido e na hora de pagar eu abrir os braços e dizer pro cara: "Vem cá e me dá um abraço", também não é possível encontrar certas satisfações em locais que só podem te dar dinheiro.

Por estas e outras razões que sempre dei aula, é uma oportunidade de troca imensa, e é no carinho e no aplauso que preenchemos algumas das coisas que procuramos por aí.

Groucho Marx, um dos meus ídolos e um dos grandes humoristas de todos os tempos comenta em sua autobiografia que certa vez encontrou com um casal de fãs na rua que queriam conversar com ele. Um deles disse: "Você é o Groucho, né? Por favor, não morra!". Para ele, aquilo valeu todo o trabalho.

Me sinto deliciosamente carinhado quando encontro com um ex-aluno que me fala da importância das aulas que dei e como elas tinham sido importantes para ele.

Hoje vi uma manifestação muito bonita no Facebook onde muitos alunos teceram os maiores elogios a mim. Nenhum dinheiro compra isto. Obrigado a todos. 

5.2.12

Isto é arte para você?

Foi esta pergunta que inaugurou minha sessão de fotos de domingo. Eu estava embaixo do Minhocão, centro de São Paulo, observando a linda luz de final de tarde quando um morador de rua se aproximou para conversar.


- Isto é arte para você?


Eis a bela pergunta. Sorri, e disse que sim, por algumas razões. A primeira era a luminosidade amarelada que batia num filtro de barro no chão. A outra era a composição gerada pela sombra, filtro e ambiente. E, por último e não menos importante, a descontextualização (e recontextualização) do filtro, aquele objeto que remete à cozinha, colocado no meio da ilha, e os carros passando.


O rapaz sorriu, e ficou me observando fotografar.


Tirei outras belas fotos no dia, depois procurem no meu perfil do Facebook ou no Flickr, mas a pergunta me fez refletir. Do ponto de vista social, o morador de rua é uma versão urbana da questão essencial que Duchamp instalou no meio artístico.


Domingo no viaduto é dia de feira, a quantidade de moradores de rua aumenta consideravelmente na região. E lá estavam eles todos fazendo a siesta, no final de tarde, jogados num determinado local distante do filtro. Portanto, aquele local era a varanda deles, ou o quarto.


Na praça ao lado pude ver outros tantos moradores de rua dormindo ao lado de pilhas de restos de verduras. Perto das árvores, várias frutas, algumas inteiras, outras só os restos. Estávamos na dispensa.


Onde eu pisava sem saber era a cozinha, pude depois notar restos de madeira queimada e panelas velhas.


Entrei num universo mágico semelhante ao meu mundo mas não fui capaz de identifica-lo. Sem pedir entrei na cozinha, comecei a tirar foto "dentro" da casa do cara. E ele, gentilmente me perguntou se isto que eu fazia era arte.


Sempre as perguntas são mais interessantes que as respostas.