Quando você olha no espelho o que vê?
A maioria das pessoas vê uma entre duas pessoas: Ou alguém melhor que você ou alguém pior que você.
É muito difícil conseguir enxergar aquele alguém que somos. Ou nos vemos cheios de cicatrizes ou enxergamos uma versão melhorada do Brad Pitt.
Com o hiper narcisismo do consumo e das redes sociais, acabamos vivendo coletivamente um transtorno bipolar. Dificilmente nos desnudamos e enxergamos a nossa essência frágil humana. Somos grandes consumidores, poderosos, ou somos simplesmente aqueles que não conseguimos ser aquele quem queríamos ser. E deixamos de enxergar aquilo que somos, só estamos interessados nas projeções que criamos de nós mesmos. Por isto meu interesse em analisar a percepção de realidade das pessoas.
Lucien Freud, neto do Sigmund, foi um artista da pesada. Seu grande tema foi retratar pessoas nuas. Ele dizia a nudez não seria mais nossa natureza. Somos aquilo que criamos, que montamos. Por isto fica evidente nas telas de Lucien Freud o constrangimento de seus modelos. Há um profundo constrangimento em apenas ser. Não há espaço para sermos menos do que projetamos, ou o que os outros projetam em nós.
Quando foi a última vez que você se olhou nu (e a olho nu) no espelho? Imagino que a vez que isto aconteceu você ficou procurando defeitos, algo perdido, que deveria estar num lugar esperado e não está. Algo que precisa ser melhorado, para que possamos oferecer ao mundo aquilo que tentamos vender, mas não conseguimos entregar.
Acho que deve ser tão difícil conseguir olhar para o espelho e simplesmente se enxergar tal como você é quanto conseguir fazer uma aula de Yoga e passar uma hora sem pensar em nada.
Olhar, e simplesmente olhar, já não é natural para nós.