Let´s Go!

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31.5.12

O incrível caso da calcinha misteriosa

Depois de ler o bafafá que está acontecendo no Congresso Nacional, onde foi encontrada uma calcinha perdida, me lembrei imediatamente de um caso que aconteceu comigo há alguns anos atrás.
O escritório da UmaCentral era numa bela casinha amarela, que adaptamos e recebíamos amigos e clientes para almoços e happy hours num quintal com uma grande mesa rodeada por árvores e uma horta. A funcionária mais importante na época era a Maria, nossa cozinheira. Quem mandava lá era ela, por sinal, eu, como mero Sócio-Diretor, concordava, quem iria discordar da Maria?


Um dia, um querido amigo que não posso citar o nome, mas que o Sidnei Basile profetizou que ainda será Ministro da Economia, pediu para fazer um jantar lá. Ele estava morando em Boston e não tinha onde oferecer uma janta para seus pais, quando estivesse no Brasil. Obviamente concordei.
Ele chegou um pouco mais cedo para o jantar, veio direto do aeroporto, e me perguntou se tinha onde tomar um banho. Um dos banheiros tinha chuveiro, e lá foi ele.


O jantar foi uma delícia, comemos, bebemos e matamos a saudade da família do meu amigo. Ficou uma pequena bagunça mas nada que a Maria não desse conta.


No dia seguinte...eu estava trabalhando na minha sala quando a Maria para na porta, séria.


- Seu Alê, ontem teve uma festa aqui, né?
- Claro Maria, desculpe a bagunça.
- Seu Alê, alguém esqueceu alguma coisa, perdeu alguma coisa?
( e me olhava olho no olho)
- Não Maria, que eu saiba não.
- O Senhor tem certeza? Que alguém não esqueceu nada?
- Sei lá, Maria, você achou alguma coisa perdida?


E a Maria me mostra uma calcinha preta de renda, com aquela cara de "seu tarado, fez bunda lelê ontem, né?"


Eu fiquei fritando os neurônios, quem tinha participado do jantar eram os pais do meu amigo, alguns amigos homens. Será que a calcinha era da mãe do meu amigo? De onde veio aquela coisa? E pior, como perguntar para alguém "oi, naquela macarronada que fizemos ontem alguém perdeu uma calcinha, é sua?"


Foram alguns dias de mistério, até que eu resolvi ligar para meu amigo em Boston.


- Você sabe alguma coisa de uma calcinha? Está rolando um mistério aqui na UmaCentral, de onde veio a coisa...
E meu amigo ria.
- Ihhh, quando saí de Boston não queria acordar minha mulher, fui na gaveta de cuecas e peguei por engano uma calcinha dela. Para não ter de entrar no quarto de novo, meti a calcinha e fui para o aeroporto. Quando tomei banho troquei de roupa e esqueci a calcinha no teu banheiro...


Até hoje a Maria não acredita na minha história, continua com aquele olhar intrigado, achando que a macarronada foi muito, muito louca...

30.5.12

Todo Wagner Moura tem seu dia de Zé Bonitinho

Pelo que eu pude ler nas redes sociais não perdi nada ao não assistir a "homenagem" ao Legião Urbana. Alguém teve a ideia incrível de chamar o Wagner Moura para cantar no lugar do Renato Russo, e parece que não deu nada certo, pela simples razão dele ser um bom ator, e não bom cantor.


Por que estas coisas acontecem, quando aparentemente tem tudo para dar certo? Armadilhas mentais é a resposta. Pegamos duas unanimidades, cada uma na sua área (uma banda popular com cantor tragicamente morto no auge do sucesso e um ator/personalidade admirado por todos e todas), misturamos, e obviamente vai dar certo. Ficamos tão cegos com todas as qualidades de nosso pensamento que simplesmente esquecemos o óbvio: O ator precisa ser mais que um cantor de karaokê, ele precisa ser no mínimo mediano, cantar sem envergonhar. Pois é... não deu certo.


Mas o que impressiona é o Wagner Moura ter caído na armadilha, ele parece (ou parecia) mais sensato do ponto de vista profissional, a carreira está bem alinhada, sucesso atrás de sucesso, fiquei imaginando qual a razão de entrar numa roubada destas, e pelo que percebi ele sucumbiu a um problema que lidamos todos os dias, que é a auto-percepção, como nós enxergamos, mecanismo regulado parcialmente pela nossa auto-estima.


Nunca temos uma real percepção de nós mesmos, ou nos sentimos menores do que somos ou maiores. Esta oscilação acontece a todo momento, basta tentarmos abrir um pote de azeitona que passamos a nos achar mais fracos do que deveríamos ser, ou darmos uma moeda de cinquenta centavos para um mendigo e já achamos que somos ótimas pessoas.


Entre o momento Shrek e o momento Zé Bonitinho, parece que o Zé Bonitinho dominou a mente do Wagner Moura. E toca o cara a pagar mico gigante na frente de todo mundo.
Em  maior ou menor grau, já fizemos isto e vamos continuar a fazer. Oscilar é a única maneira de continuarmos andando, e precisamos aceitar isto. Vamos passar a borracha na história, lembrar do Renato Russo cantando, lembrar do Tropa de Elite e vida pra frente. E por favor, marqueteiros de plantão, não lancem um DVD desta experiência fracassada, já basta o YouTube para nos lembrar que um dia o Wagner Moura achou que era o Zé Bonitinho mas cantava como o Shrek...

28.5.12

O que seria do emergente sem o plástico preto?

Antigamente festa na comunidade era uma coisa meio coletiva. A "urbanização" era feita na base do empilhamento de pobres em locais distantes, na periferia. Cabia à própria comunidade construir e/ou gerenciar os espaços coletivos e sociais. Nada de biblioteca e galeria de arte, isto é coisa de elite e gente metida. O espaço coletivo era o da festa. De casamento, de aniversário, era juntar todo mundo num espaço, pegar a mesa emprestada do vizinho, o outro traz a churrasqueira, alguém traz as cervejas, e a festa acontecia.
Estas festas sempre foram divertidas, pois elas até tem um "dono" por assim dizer, mas acabam sendo meio de todo mundo, portão aberto, o pessoal vai chegando, trazendo alguma coisa e a festa continua.
A cerveja é ruim, o churrasco é de frango e linguiça, a caixa de som está chiando, mas a diversão rola solta. Em especial pelo fato das pessoas estarem querendo se divertir, há interesse genuíno de todos em dar vazão à brincadeira, em comer uma maionese num prato de plástico e aproveitar um pouco as coisas boas da vida.


Mas não é só de diversão que as pessoas vivem, as pessoas também querem ter status, para se diferenciar dos outros e serem mais especiais do que a média. Isto vale para todo mundo, com raras exceções. E é aí que surge o indefectível plástico preto...


O espaço da festa, antes semi-coletivo (portão aberto, chão de terra batido) dá lugar à garagem, onde um carro lustroso apresenta a família para os vizinhos. Hoje o carro é mais bem tratado que muito filho por aí.
E é no espaço da garagem que começam a acontecer as festas na periferia e na classe média emergente. 


Como gerar exclusividade? Jogando o plástico preto na grade da garagem para que a vizinhança não possa ver o que está acontecendo lá dentro.


Presidenta Dilma, ao invés de baixar o IPI para carros para estimular o consumo, se eu fosse você eu distribuiria quilômetros e quilômetros de plástico preto para a classe C, que hoje já tem carro, já tem garagem, o que ela quer mesmo é seguir o isolamento social que a antiga classe média buscou ao se esconder nos condomínios fechados espalhados pela cidade...
Não acho que seja o melhor caminho, mas aparentemente é o que todo mundo quer.