Quando ia para a academia vi o carrinho do milho ser colocado na caçamba da Guarda Civil Metropolitana. Sem licença, o dono nem reclamou.
Ao lado do carro da polícia uma fila enorme de pessoas uniformizadas, todas com malas grandes. Esperando um ônibus de turismo fretado. O motorista do ônibus estava pedindo informações para um dos guardas por sinal.
Fui conversar com os guardas: Por que o carrinho do milho foi apreendido?
Não tinha licença, disseram eles.
E o ônibus? Que está usando o espaço público de maneira irregular, como se fosse ponto? Os ônibus, gigantes, atrapalham muito mais a vida dos moradores aqui do centro do que o cara do milho.
Não é nossa responsabilidade, disse o guarda. É com a CET.
E vocês não podem fazer nada?
Não, mas se procurar a Polícia Militar ela pode acionar o CET e fazer sua queixa.
Fui até o trailer da PM, no meio da praça, 100 metros do local.
Perguntei para os policiais com quem devia falar. Eles disseram que o problema é com a Guarda Municipal que devia agir nestas situações.
Nas duas situações a sensação que passa é que você é um chato de galocha que está atrapalhando a vida deles. Um olhar de "lá vem mais um chato". Dureza.
No final do dia fui buscar minha filha no Ballet. Quando estava perto de deixa-la em casa um carro na minha frente atropela um ciclista. O ciclista levanta e reclama. Ao tirar a bicicleta da frente do carro o motorista acelera e vai embora. Vou atrás do cara e junto de outro carro fechamos o infrator e fazemos o cara voltar para socorrer o ciclista. Quando abre a janela era um senhor de mais de 75 anos de idade, com cara de "lá vem mais um chato". As netas, dentro do carro, entediadas com a situação. Conseguimos fazer o cara voltar e socorrer o ciclista.
Entro no carro. Minha filha me olha, fixamente.
"A gente é assim, filha. A gente é gente assim".
1 comentário:
Eu sou chata. Assumida. Quando vejo uma coisa errada vou atrás, escrevo, posto nas redes sociais. Falta senso moral e por causa de um imbecil que bateu no carro do meu irmão e fugiu, estamos até hoje com um ponto de interrogação na testa e um buraco no coração.
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