Acabo de chegar de uma corrida pelo centro de SP, destas patrocinadas por grandes empresas com um monte de gente vestida igual, procurando brindes e sorteios e tirando foto com celebridade.
Fiquei muito feliz com o convite, e espero poder correr mais vezes este tipo de prova, apesar do meu desempenho sofrível. 7,5 Km em 35 minutos não é lá grande coisa (por sinal, meu GPS, de uma marca concorrente do patrocinador, marcou 7,5 Km mas o patrocinador falava que a corrida era de 5 Km, em quem devo confiar?), mas para quem não corria nada até o ano passado, acho que está bom.
A grande questão me me fez pensar hoje foi ter ganhado uma medalha, grande, bonita, daquelas de "Honra ao Mérito", pela participação, sabe? E na hora que me entregaram imediatamente me lembrei que ganhei outra medalha destas há uns dois anos atrás.
Eu estava voltando para casa à noite quando fui abordado por uma criança moradora de rua. Com a cara de dependente químico em abstinência, ele me pedia qualquer trocado. Fiquei morrendo de pena e resolvi sacar a carteira e dar um trocado. Quando abri a carteira, minha menor nota era de R$ 5,00. Como já tinha parado e feito todo o ritual de "eu vou te dar dinheiro", não tive coragem de recuar, e entreguei a nota para o garoto.
Acho que fazia muito tempo que ele não via uma nota de R$ 5,00, pois arregalou os olhos, se inclinou solenemente em minha direção e agradeceu. Mas, no meio do agradecimento, seu rosto se iluminou, como se tivesse tido uma ideia. Abriu uma lata velha que carregava, tirou uma medalha envelhecida de um maço de medalhas e pendurou no meu pescoço, e foi embora.
Não sei direito se tenho alguma Honra ao Mérito para ter ganhado uma medalha hoje, junto de outras milhares de pessoas que essencialmente sobreviveram ao trajeto proposto. Da mesma maneira não acho que ter dado dinheiro para um jovem nóia poder comprar mais uma pedra de crack seja honroso. Só sei que agora as duas estão penduradas numa escultura de gato que tenho na minha sala, juntas, enquanto o gato olha de uma maneira intrigada pela janela...
Sem comentários:
Enviar um comentário