Tá cheio de gente falando de Storytelling em comunicação e publicidade, e a maioria fala merda. Desconhecem os princípios arquetípicos, as estruturas narrativas, as bases neurais de construção de empatia, a semântica e a retórica. Acabam apelando inconscientemente para a contação de histórias da infância, e infantilizam a experiência que o Storytelling poderia gerar...
Existe um ditado em Holywood que diz que um bom roteiro pode gerar um filme ruim, mas nunca um roteiro ruim vai gerar um bom filme.
O que é curioso é que existem inúmeras boas histórias sendo contadas atualmente, mas parece que os desenvolvedores não conseguem sair do papel de "audiência" e analisar como desenvolvedores. Deve ser por isto que tem tanto publicitário que fica comprando revista para publicitário com campanhas já prontas para copiar. É só trocar o produto, "tropicalizar" a linguagem e mandar bala. Os caras querem tudo pronto, ô gente preguiçosa. Mas é preguiça mental, de pensar, de analisar o que os rodeia, ficcional ou real.
A verdade é que esta crise é geral. Jornalistas estão falando a mesma coisa, comunicadores reclamam. Todo mundo quer o nenê, mas ninguém quer ficar grávido.
Um dos melhores exemplos que tenho visto é o do Call of Duty, hoje estou jogando o Black Ops.
Ah, é um joguinho de guerra, a ideia é dar tiro, matar todo mundo, sangue para todo o lado.
Mas há jeitos e jeitos que criar uma história, né? A do Black Ops é genial: O personagem principal acorda amarrado num local cheio de televisores, e num vidro ao fundo estão as silhuetas dos inquisidores. Enquanto o personagem é torturado ele começa a se lembrar das situações que os torturadores querem informações. E cada lembrança é uma fase do jogo.
Paralelamente a isto as informações vão sendo obtidas nas fases, e você começa a entender o que os torturadores querem saber de você, que não se lembrava de nada no começo.
O Estado da Arte para mim aconteceu numa fase em que um dos personagens da história (seu amigo e que te salva de várias roubadas) senta na sua frente, olho no olho, e começa a contar a vida do pai dele. O jogo pára por vários minutos, close no rosto do personagem, e ele fala sobre a história do pai e da relação deles. E aí o personagem ganha uma nova dimensão, se torna mais complexo, e sua afinidade por ele evolui para algo completamente novo. Espetacular.
Mas acho que os comunicadores e publicitários provavelmente pulam estas fases, né? Uma pena para eles...
1 comentário:
Bender, recomendo um livro interessantíssimo que pode ter alguma utilidade para esse meio publicitário chamado "Hamlet no Holodeck". É uma referência na análise e predição do futuro das narrativas e cibernarrativas..
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