Lado B, para quem não é da época do vinil, significa o lado menos interessante das coisas. Muita banda tinha de inventar música para poder "rechear" uma bolacha inteira, e nem sempre as melhores músicas ficavam no fim do disco. Daí o termo "Lado B".
Hoje fui correr, como sempre, e aproveitei para passear por caminhos ainda não conhecidos pros lados da Cracolândia. Pode parecer maluquice correr no centro de SP, mas é uma experiência única.
Salvo o cheiro, nem sempre agradável, há praças e prédios lindos. A praça em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus é linda, e a igreja é incrivelmente bonita. É uma região que está isolada, no meio do caos em que se tornou o baixo centro.
Nem tudo está perdido, e nem todos os lugares do centro são horríveis ou destruídos, mas parece que morar no centro é coisa exótica. Um amigo me disse: Você deveria escrever mais sobre esta sua experiência de morar no centro...
Aí fiquei pensando: Por que? O que faz esta experiência tão diferente nos dias de hoje?
E a resposta é simples: Conviver com o diferente e com as diferenças é cada vez menos valorizado na prática, apesar de toda lenga-lenga teórica que ouvimos por aí. Falta prática para a classe média conviver com o diferente. Só quando faz redação na escola e propõe projeto social.
Isto não significa que assistir uma blitz policial seja "normal". Na minha corrida de hoje vi meia dúzia de policiais suando para controlar vinte nóias perto da Santa Ifigênia. Mas sei que a classe média está mais preocupada em que os nóias não cheguem perto dos condomínios fechados onde habitam do que tentar resolver o problema. Parece que os "outros" são o problema, por isto que ainda hoje quem é o grande cronista do pensamento (e da sordidez) da classe média seja o Nélson Rodrigues.
Como disse um sábio taxista, "Meu filho é Viciado, o filho dos outros é Dependente Químico".
Que tal o movimento "Ocupa São Paulo" se transformar em "Viver São Paulo"? A cidade é linda, mas enquanto as pessoas não reocuparem os espaços públicos, não adianta reclamar, eles vão continuar abandonados. Parece óbvio, mas não é.
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