Let´s Go!

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19.2.12

O Pior porre que eu já vi (e participei)

Uma vez estava tomando cerveja com um amigo escultor num boteco ao lado de uma rodovia. Do nada surgiu um cara todo animado gritando: "Tombou um caminhão cheio de bebida na estrada!"
O bar ficou vazio em segundos, todos os bebuns resolveram ver se dava para salvar uma bebida grátis no final da noite.
Eu e meu amigo nos animamos e corremos também. Ao chegarmos no local, realmente estava cheio de bebida na estrada, mas era um carregamento de Underberg. Para quem não sabe, é um digestivo (vinho azedo) feito de mais de 40 ervas diferentes, amargo, horrível.  Aquelas bebidas que o pessoal toma um cálice pequeno (honestamente não sei por que) antes da refeição. 
Pegamos duas garrafas, para não perder a viagem, e fomos para o sítio de meu amigo para tomar aquela bosta. Pois é, numa certa idade você toma tudo, qualquer programa de índio, está valendo!

Botamos gelo, fizemos o diabo, mas o negócio era intragável. E a gente ia beber aquela lavagem, tinha de beber!
O único jeito foi misturar com Coca-Cola, transformando o drink num tipo de "Serra Leoa Libre", versão mais tóxica da Cuba Libre. No quarto ou quinto copo estávamos absolutamente loucos. Não estávamos bêbados, estávamos transtornados, zóio virando e o cacete. Para se ter uma ideia, com a falta de  comidinhas para acompanhar pegamos um pacote de ração de gato e comemos. O negócio foi feio.

Lá pelas tantas resolvemos nadar no açude. O fato de estar um frio glacial e de ser mais de meia-noite não nos impediu de tirar a roupa e sair andando no meio do mato para um mergulho refrescante. Por que não, afinal de contas?
Quando chegamos, meu amigo, mais animado que eu, saltou dentro do açude e afundou até o tórax na lama. Ele olhava para mim com o olho que ainda conseguia focar e dizia: "Socorro, eu vou morrer, é areia movediça, não quero morrer..."
Como eu sei que areia movediça só tem no filme do Tarzan, tentei desentrolhar meu amigo da lama. Depois de um certo tempo o cara saiu, como uma rolha de espumante. Voltamos menos animados para casa, meu amigo coberto de lama, ambos em estado lamentável.

A animação deu lugar a um estado mais depressivo, e resolvi dormir. Fui avisar meu amigo que ia deitar e encontrei o cara dormindo abraçado na pia, com uma das lentes de contato na mão. Dormiu daquele jeito mesmo. Não consegui socorrer. O cara estava todo enlameado, pelado, emborcado na pia. Amizade tem limite!

Tive uma azia tremenda e sonhei com gatos a noite toda. Acordei com uma das maiores ressacas de minha vida e fui ver o cara. Surpresa! Ele não estava no banheiro! Mas lá encontrei um, como direi, "resíduo" dele. Olhei para ver se não era lama, e não era lama. O cara relaxou e se borrou todo... Aí vi que tinha um "rastro" indo na direção do quarto dele. Quando entrei tive a mesma sensação que os policiais tiveram quando entraram naqueles buracos na Cracolândia, sabe? Um cheiro horrível, o cara todo sujo, enrolado num cobertor, show de horror... 
Acordei o cara e mostrei o rastro e o estado do banheiro. Ele olhou para mim surpreso e disse: "Uai, quem deixou os cachorros entrarem?". Aí tive de explicar que tinha sido ele. Ele nega até hoje.

Esta foi minha experiência com Underberg.  Cá entre nós, evitar não custa nada! Se alguém oferecer uma dose maior que um dedal, não beba, vai por mim... 

1 comentário:

Juliana de Carvalho disse...

Só agora li esse post! o meu pior porre foi de vinho Chapinha, também, num desses períodos da vida que a gente bebe qualquer coisa e o objetivo é claro e simples, ficar de porre. Eu vomitei vermelho a noite toda, desculpe os detalhes, e fiquei muito muito mal no dia seguinte, porre de coisa muito doce e com corante é totalmente do mal. Alias como vc disse o porre ruim se caracteriz por essa nóia do mal, essa coisa meio depressiva... bebedeira alegre é outra coisa.