Let´s Go!

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7.7.13

Resmungando no Face - O Universo das Indiretas nas Redes Sociais

Depois de resolver mil problemas no trabalho, me sento para navegar um pouco nas redes sociais, e o que vejo? Um mundo de indiretas. Como têm gente que solta indiretas nas timelines. Como têm casal brigando publicamente, como têm gente reclamando dos colegas de trabalho...
Mas tudo de uma maneira semi-escondida, sem declarar explicitamente, sem resolver a questão falando, ligando, mandando mensagem inbox. Não. O que as pessoas querem é resmungar.

Do ponto de vista da efetividade, o resmungo não gera nada de positivo, no sentido de melhorar a situação daquele quem resmunga. O máximo que pode gerar é raiva ou constrangimento daquele a quem o resmungo se destina. Isto se ele descobrir.

O resmungo pode ser perigoso, pois algumas pessoas podem achar que você está falando delas. Se está reclamando do trabalho, você com certeza têm mais colegas do que só aquele para quem está jogando as indiretas. E eles podem achar que a indireta é para eles, o que realmente pode ser ruim. O mesmo vale para amigos.

Curiosamente alguns amigos mais próximos poderão se solidarizar, pois eles sabem de informações que os outros não sabem, aumentando o ruído e o perigo.

No fundo, o que o resmungo mostra é uma tentativa de vitimização, de mostrar para os outros como você é um pobre coitado e que merece lambidas de acolhimento por parte dos outros componentes do bando. Como todas as perdas são subjetivas (o que faz com que eu perder o emprego não signifique que meu sofrimento possa ser maior que o seu, que acabou de perder seu peixinho de estimação, já que cada um sente diferente as perdas), não podemos julgar improcedente um sentimento de alguém que esqueceu a bolsa em casa e está sinalizando sua tristeza no Facebook.

Mas como toda sinalização, se ela der certo, muitas pessoas se acostumam com ela. Um bebê de meses de idade sabe disto. Se eu gritar e me atenderem, vou continuar usando o recurso para obter atenção. E isto tem transformado as redes sociais num universo de resmungo infantil impressionantemente grande.

Aliando a isto o fato do prazer gerado no universo virtual ser menor que o real, o resmungo gera um acolhimento baixo, ou seja, não há abraço, conforto real por aquele que dá apoio aos reclamões, o que faz com que fique uma sensação de ausência de saciedade no processo. Sem saciar a vontade de obter atenção através do resmungo, o resmungão vai continuar a reclamar. Infelizmente parece ser um ciclo sem dia nem hora para terminar. Vamos ter de continuar a nos relacionar virtualmente, só que desviando dos resmungos virtuais, cada vez maiores, mais pseudo-trágicos, mais lamuriosos, e menos eficazes em nossas timelines.

2 comentários:

Thomas Woelz disse...

E resmungar é tão gostooooso não é? Admito que já fiz muito disso, agredindo pessoas direta e indiretamente sem ter consciência nem do porque fazia, nem das implicações. E fiz novamente muito recentemente. A mensagem é muito boa em tempos de sobrecarga de informação e de pouca reflexão. Consciência é um negócio curioso, especialmente o tanto que as pessoas naturalizam o fenômeno e acham que ele é "de graça". Pois então consciência alem de ser um árduo e tortuoso produto social, é extremamente restrita, fugidia e gosta muito de aparecer só quando "convém" para o indivíduo. Especialmente a autoconsciência... Mea culpa, mea culpa! Parei para pensar, e procurarei ampliar um pouco minhas relações pessoais face a face significativas, e evitar o resmungo, a agressão simbólica e mesmo a sensibilidade a esse tipo de coisa... Abraço forte Alê!

Thomas Woelz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.