Nossos cachorros dizem muito sobre nós mesmos.
Sou de outra época, a do Pastor Alemão e do Doberman. O Pastor Alemão é um dos cachorros mais incríveis que conheço.
Fiquei muito feliz de ver a raça reaparecer na mídia depois do filme "Eu Sou a Lenda", do Will Smith.
O Doberman, apesar de ser considerado um cão bravo, na verdade é dócil e obediente. Não me lembro de caso de Doberman atacando dono. Grande cão de guarda.
Não me esqueço do dia em que chegou uma viatura cheia de policiais, chamando o caseiro para testemunhar um crime que tinha acontecido na cidade. O maior macho do canil foi e sentou do lado do carro. Não latiu, nada, só sentou.
Eu estava dentro da casa, escrevendo. Ouvi um barulho de gente chamando lá fora, tipo "psiu?", "oi?", "boa tarde?", coisas do gênero. Quando saí todos os policiais armados estavam dentro da viatura, com só uma frestinha do vidro aberto, esperando alguém aparecer. Fila é bicho ardiloso.
Hoje os cachorros padrão são o Golden e o Labrador. "Marley e Eu" é a Lassie do século XXI.
Bicho mimado, faz bagunça pela casa, mas é amoroso. Nada mais adequado para os dias de hoje.
Vivemos a era do mimo. Confundimos afeto com mimo. Conheço um monte de gente adulta mimada. E carente. Estes cachorros são assim. Identificação total.
O resto é cachorro ornamental, tipo moda. Teve os mini galgo, bulldog, bulldog francês, a lista é enorme. Sabemos a safra de uma pessoa pelo cachorro que ela têm. Por isto adoro as velhinhas que andam pela praça aqui no centro com uns vira-latas centenários como elas, ambos tentando ficar de pé e dar um rolê. E os puxadores de carroça que têm seus vira-latas acompanhando na busca pelos recicláveis. Não há moda nestes casos, aquilo é definitivamente um cachorro ao lado de um humano.
Os Labradores e Goldens são cachorros de médio/grande porte. Pensando que um grande número de pessoas em São Paulo mora em apartamentos, são animais que ocupam espaço, fisicamente falando.
Mas estranhamente parecem ornar com SUVs e famílias passeando no domingo. Só não sei onde eles ficam durante a semana. Os Goldens têm ainda a dificuldade de escovar aquele cabelão, imagino a quantidade de pelos que aquilo solta num apartamento de 100m2...
Não há cachorros mais icônicos de nossa classe média que estes dois. E acredito que seja pela sua doçura e simpatia. Vivemos em tempos carrancudos, em cidades mal humoradas, trânsito infernal, pessoas que viram a cara quando damos bom dia. Nada pior do que se chegássemos em casa e estivesse mais uma coisa olhando feio para a gente.
A melhor frase que conheço sobre cães e humanos é do Seinfeild, que diz que se os ETs viessem agora e vissem os humanos andando atrás dos cães segurando um saquinho e recolhendo o cocô deles pela calçada não teriam dúvida em saber quem é a espécie dominante...
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