Star Trek é um seriado cujo personagem principal é uma nave. Esta é a verdade, alguém já disse isto e eu não me lembro quem foi. O personagem essencial é a nave. E a grande diversão dos filmes é ver como os personagens interagem entre si diante das adversidades das histórias.
O último filme, Além da Escuridão, resgata vilões antigos (e importantes), têm uma história cheia de correrias para lá e para cá, inversões de situações de filmes anteriores, mas a nave continua sendo o personagem principal.
Por que?
A abertura do seriado e dos filmes sempre cita a missão da Enterprise:
“Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise em sua missão de cinco anos em busca de estranhos novos mundos, novas vidas e novas civilizações. Audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve.”
Algumas pessoas dizem que há um fetiche pelo Objeto da nave, a coisa da idolatria. Eu já discordo, o fetiche é pelo Objetivo da nave. Ir em busca do desconhecido, novos mundos: A fronteira final.
A série se propõe a investigar aquilo que não sabemos o que é, as fronteiras do conhecimento, colocar em xeque modos de pensar e abrir a cabeça para o novo.
Neste sentido, Star Trek é imbatível.
Curiosamente ia escrever um texto diferente sobre o assunto. Queria falar sobre a vontade de entrar na nave, e a consciência que temos de que nunca poderemos entrar nesta nave, por mais que queiramos. Mas isto vale para muitos outros conceitos abstratos criados pela nossa sociedade e mantidos por nós, como os julgamentos morais, o amor, a vida comum, e tantas outras abstrações que nos rodeiam e acabamos convivendo com elas. E achamos que realmente entramos nesta nave simbólica, mas apenas simulamos que entramos, já que ela é uma ideia, inatingível, inacessível, como a Enterprise, aquela nave bela que flutua na tela do cinema.
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