Se dentro do carro a Classe Média parece poderosa, nas calçadas fica visível a sua fragilidade. Não olha poderosa, arrogante, mas com medo. Na verdade aparenta verdadeiro pânico de ter de encontrar com estranhos...
Curiosamente a Classe Média não aparenta este medo quando passeia no Shopping, parece estar bem à vontade, mesmo com a presença da nova classe, a emergente que é chamada de Nova Classe Média, mas que em nada se parece com a Velha Classe Média, apenas no desejo de consumo.
Ha um certo incômodo da Classe Média com o "Pessoal da Comunidade" frequentando aeroportos, Shoppings e destinos turísticos, mas como ela ainda se considera superior, enxerga esta presença mais como parasitária do que como ameaçadora. Nenhum pobre com dinheiro é ameaça, ele pode ser rotulado como "emergente" e tornado digno de ironia, é um "povinho desqualificável" sob os olhos da Classe Média. A Marilena Chauí definiu bem o cenário neste vídeo, um pouco longo (23 minutos), mas que vale a pena.
Mas na rua a coisa muda. Como a Classe Média perdeu o convívio democrático com pessoas "diferentes", tudo se torna ameaça.
Quer fazer um teste? Vá na direção de um casal que anda pela rua que verá o pânico brilhar nos olhinhos deles. Basta isto.
Para mim é o reflexo da auto-exclusão consolidado em muitos anos de condomínios privados, escolas segmentadas por renda, clubes e tudo o mais que tem a palavra Exclusivo. Num primeiro momento o Exclusivo pareceu ser atraente e VIP. O resultado? a Classe Média tentou tanto ser Exclusiva que acabou se excluíndo do mundo ao seu redor.
Alienação é pouco.
1 comentário:
É verdade, a classe média tem medo de ser pedestre.
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