Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Orlando Vilas Boas, um dos mais importantes (senão o mais importante) indigenistas do Brasil.
Uma das coisas que ele me contou certa vez era que existe uma diferença grande entre Curandeiro e Feiticeiro entre os índios do Xingú. O curandeiro, ou pajé, geralmente é o filho do cacique, e herdeiro das tradições mágicas e do poder de seu pai.
Já o feiticeiro é o homem mais feio da aldeia. Como os índios acreditam que só vai para o céu quem é bonito (os feios são comidos pelos urubus quando a alma tenta subir pro céu), o mais feio resolve ficar enchendo o saco de todo o mundo, fazendo mandingas, com o objetivo de gerar o ódio em todos os belos que irão para o céu. E lá vai o feiticeiro, criando feitiços contra tudo e todos. Até que num momento alguém resolve que o feiticeiro encheu demais, e uma turma decide que está na hora de matar o chato.
Por incrível que pareça, o feiticeiro fica feliz. Ele nem pensa em fugir. Ele vai, se pinta, fica bonitão,e preparado para morrer, pois se ele não se pintar ninguém vai dar uma embelezada nele. A chance dele ir para céu é justamente enchendo a paciência dos outros e planejando a própria morte.
Para mim a Lady Gaga é uma feiticeira. Como ela não é aquela beleza, não tem aquela voz, é uma pessoa que, para o Show Business não têm nenhum atrativo, resolveu virar a mais feia, vestindo roupas horrorosas, pesquisando qual vai ser a polêmica mais desagradável ou de mau gosto, tudo para que as pessoas a odeiem. E, se transformando em feiticeira contemporânea, consegue chamar a atenção necessária para poder chegar ao céu, que no caso é o estrelato.
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