Let´s Go!

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27.1.12

O dia em que eu raspei o bigode do Charlie Chaplin

Esta é uma história real.
Fiz um evento há muito tempo para uma indústria de autopeças e para ela contratei um monte de sósias de artistas, já que o tema era Hollywood. O evento foi um sucesso, e um dos sósias era particularmente talentoso, o sósia do Chaplin.

Nos encontramos mais algumas vezes e ele me confidenciou que queria expandir seus horizontes, afinal de contas, queria fazer papéis diferentes. Eu, como fui diretor e professor de teatro por décadas (literalmente), me ofereci para ajuda-lo. 
Uma das estratégias que achei conveniente foi quebrar com a "casca" chapliniana que ele tinha. Afinal de contas, ele não precisava ter o cabelo igual o do Chaplin, nem o bigode. Quando fosse fazer o personagem bastaria uma peruca e um bigode falso e pronto!

Meio a contragosto, o sósia topou mudar o layout. Como eu tinha uma máquina de cortar cabelos (ainda tenho) em casa, propus uma raspada básica no cabelo, para modernizar o visual dele.

Quanto terminei o trabalho, fiquei bastante satisfeito. Ele aparentava agora quinze anos  a menos, e, se não era bonito, pelo menos parecia mais limpo e jovial.

Quando ele olhou para o espelho, algo aconteceu. Não sei o que, mas o olho embaçou, ficou meio vidrado, um olhar vazio. O cara entrou em crise sem se enxergar como Chaplin. Dali a pouco saiu de minha casa e ficou vagando pela quadra, sem rumo. Logo depois pegou suas coisas e sumiu. Nunca mais o vi, até que um dia estava assistindo o jornal na televisão sobre a festa da Achiropita, aquele negócio do bolo gigante que é destruído em segundos por uma turba enfurecida, e vi, no meio dela, o sósia, com seu cabelo e bigodes perfeitamente naturais, atacando para pegar um pedaço do bolo...

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