Let´s Go!

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31.12.11


2011 foi um grande ano, mas foi para quem "correu atrás", posso ver nas pessoas: Aqueles que ralaram cresceram.

Eu cresci, de uma maneira que não esperava, o que é bom, pois surpreende.
Tive vários reveses, mas todos foram enfrentados com a cabeça erguida e serenidade, o que é uma baita conquista para quem conhece minhas inseguranças e medos.

Viajei muito, e como Bertrand Russell dizia: "Toda viagem é para dentro".
Pude ver muitas coisas, conhecer melhor as pessoas e os lugares.

Perdi dois amigos, o que me entristeceu. E não perdi por que eles morreram, mas sim por vaidade, rancor e mágoas. Às vezes pisamos nos calos das pessoas sem percebermos, faz parte. É triste, mas aceito.

Conheci pessoas maravilhosas em 2011, e todas elas me afetaram, mas poder conviver com meu filho foi uma coisa de outro mundo. Uma criança maravilhosa, com oito meses agora e o mundo pela frente. Meu filho foi uma dádiva, tenho de reconhecer.

Li muito, estudei muito, comprei muitos livros.

Fotografei muito, e posso dizer que minhas fotos estão cada vez mais interessantes e intrigantes.

Pintei bastante, e novas histórias surgiram na frente dos meus olhos. Fico besta de ver como consigo dialogar com áreas (antes) inacessíveis de meu cérebro através da pintura.

Pessoas novas trouxeram uma bagagem interessante para a UmaCentral. Só fizemos gols este ano. Gostei do resultado.

Voltei para a academia, e cheguei num nível de condicionamento físico muito acima do que estive em muitos anos. E aprendi a correr, coisa que detestava (hoje só odeio...rs)

Melhorei minha alimentação e emagreci, além de deixar meus níveis de colesterol e triglicérides em condições aceitáveis.

Fui surpreendido com minha demissão da Fecap. Apesar de toda a vontade que o Colégio manifestou em me manter, a graduação insistiu na minha saída. Honestamente achei estranho, mas sei que em alguns cenários este tipo de coisa acontece. Não tem nada a ver com a gente, o meio acadêmico é complexo, quem está nele sabe o que eu digo. Vou sentir saudades dos alunos, não sei trabalhar sem criar vínculos.

Recebi convites interessantes para dar aula, mas estou pensando com muito carinho pois quero me dedicar com maior intensidade ao mundo dos negócios. As oportunidades estão por aí.

Este ano fiz coisas que nunca imaginei que faria, vivi emoções novas, repensei meus valores e meu modo de levar a vida. Mas em momento nenhum perdi a essência. Não vim nesta vida a passeio.

Ah! E as pedras não rolam! Descobri que elas podem flutuar!

Que venha 2012.

27.3.11


Vangelis

Foi, e é, de certa maneira, um dos meus heróis pessoais.
Para quem não conhece, o Vangelis é um dos primeiros músicos a explorar os sintetizadores e sequenciadores dos anos 70. Criou um monte de hits e trilhas sonoras, sendo que as mais famosas são do Blade Runner e do Carruagens de Fogo (que por sinal a música tema do filme deve ser a mais tocada em casamentos e formaturas de todos os tempos, competindo com Carmina Burana).
A produção atual do Vangelis está um pouco distante de meu gosto musical. Na verdade boa parte do que ele produziu não acho interessante, acabou caindo para um estilo que influenciou muito o New Age, que não me agrada por ser excessivamente meloso.
Mas há muita qualidade na obra dele como um todo. Do ponto de vista harmônico (e conceitual), todas as grandes músicas de Vangelis mesclam harmonia e desarmonia. Há um momento em que a harmonia entra em colapso, os instrumentos parecem gerar colisões melódicas dentro da própria harmonia estabelecida por ele, o que considero fino e merecedor de reflexão.
Um bom exemplo é a música Spiral, que apresenta um caos melódico que se transforma numa estrutura linear e robusta para logo após entrar em colapso. Sendo bem honesto, ao ouvir esta música no Ipod andando de moto hoje me emocionei muito.
Como o Vangelis é de uma época que não existiam videoclips, é difícil encontrar algo interessante no YouTube, mas vale a pena para conhecer o trabalho do mestre.


5.3.11


Embriagados pelo Virtual

O virtual abre as portas dos limites, e o desejo se torna mais poderoso que as amarras da sanidade

Estou acompanhando com um certo distanciamento da discussão sobre a tal "Geração Y", o que ela quer, para onde vai etc.
Não que eu discorde absolutamente do que está sendo dito, mas tenho minha visão particular sobre esta primeira geração nascida sob a égide (oba, primeira vez que consigo enfiar esta palavra num texto!) da Internet.
A Internet se tornou a arena da Opiniocracia, todos opinam sobre tudo, debatem sobre questões complexas e também sobre o novo corte de cabelo do jovem astro adolescente pop. Todo mundo comenta, e comentar é melhor que analisar, ou pelo menos é mais fácil. Temos até uma certa repulsa brasileira em analisar, que está fortemente asssociado às "elites" tão combatidas pelo nosso ex-presidente Lula. Melhor opinar, é mais autêntico, original, e dá para mudar de ideia depois, sem dores.

Esta cultura da exposição virtual (mostramos fotos constrangedoras pela Internet com menos pudor que trocamos de roupa de janela aberta) faz parte do mundo dos jovens de 20 e poucos anos de hoje. Muitos deles praticam sexting (mandar fotos ousadas pelo celular) mesmo sabendo do risco de que elas caiam na boca do povo depois. Outros escrevem sobre assuntos tão íntimos que não teriam coragem de falar sobre eles ao vivo nem com seus terapeutas.

Como quando bebemos, a Internet possibilita um "destravamento" da língua, falamos à vontade pela falsa sensação de que estamos sozinhos. Afinal de contas, a experiência online ainda é intermediada pela máquina, numa relação de um para um. Mesmo quando estamos online e conversando com várias pessoas, fisicamente estamos sozinhos.

O que acontece é que este "destrave" acaba migrando para o universo real. Passa-se a falar livremente, como quando perdemos os pudores e falamos "verdades" quando estamos embriagados, ou, como se fala, "fora de si". Este estado de descontrole poderia ser definido por alguns como um estado de loucura, afinal de contas a sanidade está associada à refrear os desejos e controlar vontades. A sanidade é, definitivamente, tanática, ela faz parte de nossas tentativas de obstruir os desejos e manter certo equilíbrio. O desequilíbrio sempre está associado à loucura.

Desta maneira, com a liberalização dos costumes em decorrência de uma cultura do virtual, nossa sociedade acabou se apropriando deste torpor, desta liberalidade opinativa, e passamos a agir de maneira menos consequente que há pouco tempo atrás.

Este estado "embriagado" não necessariamente traz felicidade, nem é melhor ou pior que outros estados, mas é uma novidade em termos sociais. O grande desafio é lembrar que as pessoas convivem, e as gerações anteriores não estão no mesmo estado em que a geração pós-internet, sendo assim, o que fazer? Estamos diante de um clássico conflito de gerações ou simplesmente vivenciamos um momento de transição?

Como disse, não vejo problema nenhum, apenas um: O que fazer quando acabar a bebida? Ficaremos como disse Baudrillard num estado de pós-orgia, numa ressaca existencial? É ver para crer.